Anica 07/04/2009
Os homens que não amavam as mulheres
Primeira história: Em 2004 Stieg Larsson (respeitado jornalista sueco, conhecido por seus estudos sobre movimentos antidemocráticos), deixa os manuscritos de Män som hatar kvinnor e os outros dois livros seguintes da coleção em uma editora. Pouco tempo depois, no mesmo ano, morre subitamente. O primeiro livro é publicado e torna-se um fenômeno editorial mundial, e tragicamente o autor não pode saborear o sucesso de sua obra.
Segunda história: Final de 2008, Anica fica sabendo sobre o livro Os homens que não amavam as mulheres do escritor sueco Stieg Larsson e resolve ler o livro. Mas logo conclui que a tradução da trilogia para o inglês devem sair mais rápido (e mais barato) do que em português, e resolve comprar o livro em língua estrangeira mesmo. Porém, só encontra os livros The girl with the dragon tattoo e The girl who played with fire. Ela conclui que os livros são o segundo e terceiro da trilogia, e fica esperando o primeiro. Até descobrir que na verdade o título em inglês é mais uma das estripulias editoriais lá de fora: ao traduzir todos os títulos como “The girl…” os editores deixam óbvio para os leitores que hum, trata-se de uma coleção. Ah, tá, então tá.
E é isso. Depois dessas duas histórias finalmente comprei The girl with the dragon tattoo, traduzido aqui no Brasil como Os homens que não amavam as mulheres. Como as férias acabaram, meu ritmo de leitura caiu e eu acabei levando mais de uma semana para ler o primeiro volume da série Millenium, mas ontem à noite eu finalmente terminei (apesar do Fábio pedindo para eu apagar a luz perto de uma da manhã, hehe).
Não acho que o sucesso seja por acaso. Larsson cria duas personagens extremamente carismáticas, Mikael Blomkvist, um jornalista especializado em notícias relacionadas com economia e um dos donos da revista Millenium (entendeu a razão do nome da trilogia?) e Lisbeth Salander, uma hacker completamente desajustada, a última pessoa que você imaginaria como heroína de algum romance, por razões que eu prefiro não comentar aqui para não estragar a surpresa de ninguém.
É um romance no melhor estilo mistério-conspirações-violência. Diz a sinopse:
Os homens que não amavam as mulheres é um enigma a portas fechadas - passa-se na circunvizinhança de uma ilha. Em 1966, Harriet Vanger, jovem herdeira de um império industrial, some sem deixar vestígios. No dia de seu desaparecimento, fechara-se o acesso à ilha onde ela e diversos membros de sua extensa família se encontravam. Desde então, a cada ano, Henrik Vanger, o veelho patriarca do clã, recebe uma flor emoldurada - o mesmo presente que Harriet lhe dava, até desaparecer. Ou ser morta. Pois Henrik está convencido de que ela foi assassinada. E que um Vanger a matou.
Quase quarenta anos depois o industrial contrata o jornalista Mikael Blomkvist para conduzir uma investigação particular. Mikael, que acabara de ser condenado por difamação contra o financista Wennerström, preocupa-se com a crise de credibilidade que atinge sua revista, a Millennium. Henrik lhe oferece proteção para a Millennium e provas contra Wennerström, se o jornalista consentir em investigar o assassinato de Harriet. Mikael descobre que suas inquirições não são bem-vindas pela família Vanger. E que muitos querem vê-lo pelas costas. De preferência, morto. Com o auxílio de Lisbeth Salander, que conta com uma mente infatigável para a busca de dados - de preferência, os mais sórdidos -, ele logo percebe que a trilha de segredos e perversidades do clã industrial recua até muito antes do desaparecimento ou morte de Harriet. E segue até muito depois…. até um momento presente, desconfortavelmente presente.
E o mistério é desenvolvido de forma até bastante interessante, embora dê algumas escorregadas no óbvio em algum momento. Acho que o melhor foi a questão de equilibrar bem nossa vida modernosa atual, com computadores, banda larga e afins: eles aparecem ali como mais um dos elementos da vida das personagens, e não como um elemento do tipo “Olha só como sou moderno, tem até uma hacker no meu livro!”
É certamente uma boa diversão, especialmente para os que curtem o gênero. Não indico para o pessoal que não tem muito estômago, digamos assim, porque alguns momentos de violência são bastante descritivos e muito, muito fortes. No mais, agora vou lá ler a continuação da série, que pelo menos não teve qualquer problema sobre tradução de título muito diferente. Chama-se The girl who played with fire, e chega aqui no Brasil pela Companhia das Letras no dia 16 desse mês com o nome de A menina que brincava com fogo.