spoiler visualizarHenrique M. 09/04/2020
Até a página 170, eu estava achando que era apenas um livro chato, aos moldes mais entediantes da escola realista, mas o final desse livro desanda de formas tão inconformáveis que não pude deixar de ser tomado pela revolta.
O mais impressionante é pensar no esforço que o pessoal faz pra justificar que esse livro é feminista, quando a Nabuco cada vez que dá um passo a frente nas questões feministas, desfaz tudo e volta dez passos atrás logo em seguida.
São 200 páginas em que não há o mínimo desenvolvimento de personalidade. Quando Marina volta à fazenda, achei que finalmente teríamos uma evolução em sua personalidade, que finalmente ela iria fazer sua voz ser ouvida, que colocaria em primeiro lugar sua felicidade, mas não. Tudo é desfeito e resolvido com o que? Uma gravidez. E não há sequer um momento catártico em que ela mostra força e diz tudo o que precisa para o marido, pois quando desabafa com ele, o faz de uma forma que reforça sempre sua posição de submissão.
Não digo que deve acontecer no livro o que quero, só estou tentando mostrar caminhos que a autora poderia ter tomado que justificariam o rótulo de feminista nesta obra.
Entretanto, há sim méritos no livro, não é de todo ruim. Apesar da chatice que toma as primeiras 170 páginas, ele é bem competente em retratar a angústia e ansiedade de uma protagonista que vive a sombra de sua antecessora.