Felipe1503 19/02/2022
A história de espionagem que permite ver o outro lado da escrita de Agatha Christie
Tommy e Tuppence são personagens recorrentes na trajetória literária de Agatha Christie e são os que permitem que a escritora tenha mais liberdade criativa, fugindo dos padrões das histórias de detetive. Carismáticos, é raro um leitor não empatizar com o casal de personagens, mesmo quando a história não convence.
Nessa trama de estreia, em uma história de espionagem, Tommy e Tuppence se tornam sócios de uma firma para se “aventurarem”. São contratados para desvendar o misterioso destino de Jane Finn, que recebeu documentos sigilosos durante um navio a deriva, durante a Primeira Guerra Mundial, mas ela simplesmente desapareceu. A narrativa se desenvolve alguns anos depois do fim da guerra, a fim de encontrar o paradeiro de Jane e dos documentos, evitando que caíam em “mãos erradas”. Tommy e Tuppence, no entanto, terão lidar com pessoa perigosas.
O embate entre a inexperiência e a audácia jovem com pessoas perigosas e mais experientes é um dos pontos altos do livro. Agatha Christie conhece bem os seus personagens e trabalha de forma concisa as características de cada um com suas ações e suas decisões. Há momentos que foram escritos para serem convenientes com a trama, pouco verossímeis, algo comum e compreensível para uma escritora, na época, ainda emformação.
Ademais, o contexto de espionagem permite uma maior liberdade criativa à autora, fugindo de estruturas narrativas engessadas. As reviravoltas narrativas, tão usadas pela escritora, são recorrentes aqui. Outro ponto interessante, e que as histórias de detetive pouco permitem, é alterar o ponto de vista entre os personagens, diversificando os narradores da trama.
O livro é ótimo para conhecer o outro lado de Agatha Christie. Além disso, é uma boa oportunidade ler os livros focados no casal de personagens em ordem cronológica, acompanhando o crescimento destes, bem como todo o processo criativo da escritora.
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