Jose 09/07/2024
Antoine Roquentin é um historiador na casa dos 30 anos que se mudou recentemente para Bouville, uma vila francesa fictícia, a fim de escrever a biografia de um marquês que viveu por lá no século XVIII. Durante seu tempo na vila, Roquentin se põe a escrever um diário (diário este que, segundo a lógica do livro, foi encontrado e publicado posteriormente) e descreve nele seu cotidiano, suas emoções, a falta delas, e toda sorte de sentimentos conflitantes que o acometem.
O autor d’A Náusea, Jean-Paul Sartre, é um dos nomes mais importantes do pensamento existencialista (diversas vezes considerado o mais importante), junto a outros pensadores como Kierkegaard, Nietzsche e Dostoevsky. Sendo bem sincero, este foi o primeiro livro de “cunho explicitamente filosófico” que li, então com toda certeza não domino suficiente o tema para falar sobre da maneira que lhe é merecida, mas posso falar um pouco das minhas impressões pessoais, como é de praxe.
O título do livro é o tema recorrente da narrativa. A “Náusea”, com “N” maiúsculo e tudo, é um estranhamento que acompanha Roquentin a todo momento. É mais justo comparar a Náusea com uma presença obscura do que verdadeiramente um sentimento, pois ela paira tal qual uma sombra que engole o protagonista. No decorrer do livro, ele se debruça sobre pensamentos inconsequentes em relação a seu papel no mundo (na realidade, o seu não-papel no mundo), hipocrisia, o eu e o exterior, entre outros temas frequentemente discutidos no âmbito da filosofia.
O protagonista é muito humano. Ele é falho, mau caráter, problemático, e questiona suas falhas, tudo isso enquanto sofre de tempos em tempos com a vinda da Náusea. Justamente por ele ser questionável, me foi possível me identificar em certos momentos com as suas agonias, principalmente quando ele é acometido pela emoção supracitada.
A edição que tenho em mãos foi lançada pela Nova Fronteira, sendo que a tradução ficou por conta de Rita Braga. É uma edição de bolso bem compacta e bonitinha e serve bem seu propósito, mas infelizmente passaram alguns poucos erros de revisão que acabaram por chamar minha atenção durante a leitura.