Carla Verçoza 26/08/2022
Em formato de diário, o protagonista Antoine Roquentin, um escritor que está cidade fictícia de Bouville, escreve uma biografia do Marquês de Rollebon, um aristocrata do Século XVIII.
Antoine descobre um dia a falta de sentido na vida, o vazio, o que lhe causa a Náusea. Durante as páginas, vai descrevendo como se sente, suas impressões sobre a vida e sobre si mesmo, com um quê de angústia, de sensação de vazio, sua crise existencial que na verdade acaba sendo de todos nós.
Acontece a identificação em várias questões e pensamentos do protagonista, que também é um amante de jazz, tendo a música uma presença importante no livro.
"Não é simpatia o que há entre nós: somos parecidos, só isso. Ele está só como eu, porém mais enterrado na sua solidão do que eu. Deve estar à espera de sua Náusea ou algo no gênero. Há agora, portanto, pessoas que me reconhecem, que pensam, depois que me encararam: "Esse é dos nossos." E então? O que ele quer? Deve saber que nada podemos fazer um pelo outro. As famílias estão em suas casas, em meio às suas recordações. E nós aqui, dois destroços sem memória. Se ele se levantasse de repente, se me dirigisse a palavra, eu daria um pulo." Pág. 83
"Pousou o garfo e me olha com uma intensidade prodigiosa. Vai me contar seus problemas: lembro-me agora que algo o aborrecia na biblioteca. Sou todo ouvidos: tudo o que quero é me com padecer com os problemas dos outros; isso representará uma mudança para mim. Não tenho problemas, tenho dinheiro, fruto de rendas, não tenho patrão, nem mulher, nem filhos; existo, é tudo. E esse tédio é tão vago, tão metafisico, que me sinto envergonhado. A náusea." Pág. 125
"Some of these days
You'll miss me, honey"