Anjo Negro

Anjo Negro Nelson Rodrigues




Resenhas - Anjo Negro


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ana :) 15/11/2021

"Cada palavra pode ser a morte!"
É uma leitura inacreditável. Uma peça pesada. Apesar da rápida leitura, por conta de seu formato, são necessárias pausas para assimilar o que acabou de ser lido. Abordando a paixão, o abuso doentio, a vida, a morte e o incesto, destaca-se, sobretudo, o racismo. Foi uma leitura que me prendeu, pois quando eu achava que não podia piorar, os personagens diziam coisas surreais...
Ismael, um homem negro, que odeia sua cor e seus iguais — tanto que despreza a própria mãe, pois foi ela a causadora de tamanho male —, fez Medicina para provar ser melhor, casa-se com uma branca, Virgínia, para obter posse de um vente branco e compactua com a morte dos filhos iguais a ele. Ao decorrer, descobrimos que é a própria Virgínia, mãe dos garotos, que os mata, pois não quer alguém da mesma cor do pai. Lembro como foi o primeiro contato entre ambos: após roubar o noivo da prima caçula, a tia entrega Virgínia a Ismael como punição, ou seja, permite que o homem estupre ela.
Em uma casa murada, para que a esposa não tenha contato com outros homens, e no dia do funeral do terceiro filho (morto por Virgínia num poço), aparece Elias, irmão branco e cego de Ismael. Como uma forma de fuga do ciclo instaurado, Virgínia resolve engravidar do irmão do marido, e assim nasceria um filho homem branco, que amaria ela como uma amante e daria um fim em Ismael. Após o flagra da tia e a descoberta do encontro, Ismael mata Elias. Contudo, nasce uma menina, Ana Maria.
"ISMAEL
— Eu levantei esses muros, te fechei num quarto. E enquanto enterrava meu filho — tu abrias a porta, mandavas entrar um homem que nunca viste…" (p. 68)
"VIRGÍNIA
[...]Tu [Elias] podes morrer, não podes? É tão fácil morrer! Mas guarda em ti estas palavras: sinto que amarei teu filho, não com amor de mãe, mas de mulher" (p. 76)
E assim, Ismael vê uma oportunidade de possuí-la criando a menina para que pensasse que fosse branco, e logo, superior aos outros homens. Vale lembrar que, quando ainda criança, Ismael pingou ácido nos olhos da menina, para que fosse cega, assim como o pai biológico — que também foi cegado por Ismael. No decorrer, descobrimos que Ismael e Ana Maria possuem relações de amantes, o que enfurece Virgínia, que após uma tentativa frustrada de levar a menina consigo em uma fuga, nutre um ódio pela atenção roubada.
"VIRGÍNIA
—Você foi sempre minha inimiga." (p. 106)
Como final, ao convencer que Ismael era dela, e ela dele, o casal decide trancar Ana Maria num túmulo de vidro. Termina assim, uma mãe guiada pelo desejo e ciúmes, um pai indomável e odioso, decidiram seguir com o ciclo de morte da prole. E ainda, a peça termina com os dois fazendo outro filho!
"SENHORA
— Futuro anjo negro que morrerá como os outros!" (p. 116)
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Arthur 20/09/2021

sem dúvida minha melhor leitura do mês, quiçá do ano, cada dia me torno um lunático por nelson, sei que o ponto principal do livro é o racismo, mas o drama a reviravolta a narração é muito mais contagiante do que a abordagem central, livro sensacional!!!!
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Luana 26/04/2021

Não tinha muitas expectativas com o Nelson Rodrigues e elas se cumpriram mesmo.
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Capelari 21/02/2021

Leia já.
Doloroso, horrível, angustiante e vitalmente necessário. Se tivesse sido mais montada e comentada, talvez o abismo que nos encontramos hoje fosse mais raso.
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drygo 27/01/2021

Perfeito e perverso
Primeira obra que leio de Nelson Rodrigues, suficiente para despertar o desejo por ler mais obras do autor. O livro conta a história de um negro que não aceita ser negro e é casado com uma branca que o vê como um animal. A história ficou censurada por dois anos, pois despertava questões raciais, onde um negro é médico e casado com uma mulher branca, podendo levar os negros da sociedade daquele tempo a sair na rua a caça por mulheres brancas.
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Carol Pita 20/01/2021

Ninguém se salva
O que eu gosto no Nelson, é que ele consegue fazer com que todos os personagens sejam podres, não tem um pingo de decência em nenhum deles, e a partir daí surgem as críticas sociais. Anjo negro tem um diferencial em relação às outras peças dele: aborda a temática do racismo, e principalmente do racismo estrutural. Algo que na peça soa como absurdo, mas na vida não difere muito. Não é à toa que essa peça estreou com um branco no papel do protagonista, por pura censura do theatro municipal. Ter negros fazendo personagrns desimportantes até tudo bem, mas ter um protagonista preto que contracena com uma branca já era demais pra cena cultural da época. Pelo menos, ler hoje essa peça traz um afago de pensar que, embora ainda falte MUITO para que haja igualdade racial, grupos oprimidos estão aos poucos ganhando voz.
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Aly 04/01/2021

Polêmico, pesado e marcante
Depois de lido é simplesmente impossível esquecer essa obra.

Uma colega me emprestou por um acaso - inclusive, eu nunca tinha ouvido falar desse autor até então. E li tudo no mesmo dia.

É uma obra pesada. Há várias cenas que podem servir de gatilho para pessoas sensíveis à determinados temas (como violência, estupro e incesto).

Durante dias a história permaneceu na minha cabeça. E eu ainda não sei direito o que sentir em relação à obra.

É uma leitura densa? Sim. Mas vale a pena se você tiver estômago.
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Bookster Pedro Pacifico 22/12/2020

Anjo negro, de Nelson Rodrigues
Já li muitos comentários sobre a força e crueza características das obras de Nelson Rodrigues, e a leitura de “Anjo Negro” serviu para confirmar essa visão. A peça ficou censurada por dois anos, entre o período de 1946 a 1948, diante da forma polêmica com que o autor tratava temáticas sensíveis em sua narrativa, tais como racismo, relacionamento abusivo e incesto. Os personagens principais da peça são Ismael e Virgínia. O principal conflito que marca a história do casal é a cor da pele de cada um. Ismael nunca conseguiu aceitar o fato de ter nascido negro. Vive buscando aprovações da sociedade, tendo inclusive escolhido uma profissão com o único objetivo de ter reconhecimento das pessoas que estavam a sua volta. Já Virgínia, uma mulher loira e branca, sofre diariamente nas mãos de Ismael por ter nascido com uma característica que o marido sempre quis e invejou. Ismael isola a esposa do mundo, como se não quisesse que Virgínia soubesse que existiam homens brancos que pudessem levá-la a algum tipo de tentação. É uma vida repleta de sofrimentos... E essa diferença entre os personages traz efeitos devastadores em suas vidas, sobretudo em relação aos filhos do casal que acabam sempre morrendo depois de algum tempo. Na verdade, o início da peça já é mercado por uma triste cena do velório de uma dessas crianças. Mas o cenário trágico em que vive o casal é agravado por uma visita inesperada de Elias, irmão de Ismael. A partir disso, a história passa a tomar outros contornos, que acabam agravado mais o atrito entre Ismael e Virgínia. Como já antecipei, a escrita é crua e gera um tremendo incômodo no leitor. Se hoje a narrativa já é considerada polêmica, é difícil imaginar a repercussão que teve na época de sua publicação, em 1948. E essa minha primeira experiência com Nelson Rodrigues já conseguiu me deixar com vontade de conhecer mais dessa escrita potente e que escancara atritos da nossa sociedade.

PS: O livro pode conter gatilhos de estupro e relacionamentos abusivos.

site: http://instagram.com/book.ster
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Kelly Martinez 09/11/2020

Rodriguiano no talo!
Acabei, nesse instante, Anjo Negro de Nelson Rodrigues.

A peça é obscena, imoral, com relações incestuosas, abusivas, racismo... enfim, totalmente rodriguiana.

A peça tem 74 anos e eu, que me considero vanguardista, acabei a leitura um tanto quanto chocada.

Definitivamente Nelson não é para os fracos.
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Mortensen 18/10/2020

Para quem possui um pouco de conhecimento sobre as escritas de Nelson Rodrigues, está ciente das obras impactantes que ele produz. Essa peça não foge desse contexto, Nelson nos estimula a deixarmos nossa zona de conforto e apesar dessa obra ter sido escrita em 1946, relata características presentes em nosso contexto atual.
A história se baseia em torno de seres que rodeiam , dentre eles Virgínia e seu irmão Elias.Ao decorrer da leitura conseguimos identificar a presença de racismo estrutural, relacionamento abusivo, estupro,violência doméstica e outros.

Admito que, esta obra pode conter diversos gatilhos. Ou seja, uma leitura um pouco densa, mas considero-a necessária!
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Milly 12/09/2020

Conflitos
Isto não é uma resenha ->
Quando vou comentar sobre minhas leituras, penso sempre "o livro falar de quê?" e com esta leitura específica é difícil resumir a um único ponto, são tantos os pontos que não sabia por onde começar. Então escrevo seis meses depois de ler a obra e ainda sim de maneira breve. Os acontecimentos são cíclicos na leitura e te prendem numa situação sufocante, a rotina da casa (onde mora Ismael e Virgínia) ao que parece é monótona, e distante do mundo externo, até que o irmão de criação de Ismael chega e quebra a rotina, apresenta coisas novas e expõe o que acontece lá dentro. Ismael é um homem negro que busca a todo custo fugir da negritude, se distância do local de origem e busca elementos brancos em seu relacionamento, nas suas vestes, no seu ambiente e prestígio social. Através dessa falta de aceitação existem uma demanda de consequências que cercam Ismael e Virgínia, todo o castelo que é criado por ele para sustentar o seu mundo de ideias é colocado em risco com essa chegada do irmão que é branco, logo objeto de inveja.
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Valério 08/02/2019

Livro de terror
Nelson Rodrigues consegue me impressionar em cada livro seu. Sempre com tragédias de nos deixar tensos, com estômago embrulhado.
Personagens cruéis, descarados, que não valem nada.
Aqui, extrapolou a dose. Parece mais uma história de suspense/terror.
Puro desespero. Pura insanidade.
De dar calafrios.
Por isso mesmo, excelente.
Ainda acho que Nelson Rodrigues é subvalorizado.
A forma que ele mexe com nosso imaginário. O jeito que sempre traz personagens tão fortes, tão caricatos sem perder a tinta da realidade. A tragédia, a comicidade.

Neste livro, um homem negro com baixíssima auto estima por causa de sua cor, torna-se um doente. E quem paga por isso é sua esposa e os demais que o rodeiam.
Doentio. Forte. Sensacional. Prepare o estômago.
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Mr. Jonas 04/02/2018

Anjo Negro
terceiro filho do casal quando chega o irmão de criação de Ismael, Elias, que é um homem branco e cego. Ele é impedido pelo irmão de entrar. Depois do episódio, Ismael e Virgínia discutem no quarto. Virgínia é trancada, mas consegue escapar, encontra-se com Elias e os dois conversam.
Elias revela que Ismael nunca se conformou com o fato de ser negro e ter um irmão branco. Na infância, Elias pediu ajuda para resolver um problema na vista e Ismael teria aproveitado a oportunidade para cegar o irmão. Virgínia conta que era órfã e que se casou com Ismael depois de ter sido violentada por ele, foi uma vingança armada por sua tia. O marido, então, comprou a casa em que ela morava com a tia e passou a mantê-la presa.
Após contarem suas histórias, Virgínia e Elias têm uma relação sexual e planejam fugir. A tia chega com suas filhas e, ao ver Elias descendo as escadas, vai até o quarto. Lá ela consegue descobrir a traição e ameaça Virgínia. Ismael chega e encontra a mulher no quarto. Os dois começam uma discussão e Virgínia revela ter matado os filhos por serem negros.
Mesmo assim, a mulher finge se interessar pelo marido e pede que tenham outro filho. A tia revela, no entanto, que o filho é de Elias. Ismael ameaça matar o filho branco de Virgínia e Elias. Então, ela corre para buscar Elias que está em outro quarto esperando-a, mas Ismael o mata com um tiro.
Dezesseis anos depois, Ana Maria, filha branca que Virgínia teve com Elias, descobre que ficou cega por causa de Ismael, que não queria que ela soubesse da sua cor. A mãe planeja fugir com a filha, mas descobre que a menina gosta de Ismael, que havia abusado dela muitas vezes.
Depois de anos fora, a tia retorna com o corpo de sua última filha, que havia sido violentada e morta, era a única que não havida morrido virgem. Virgínia conversa com Ismael e ele confessa que ama Ana Maria. Ele diz para Virgínia ir embora, mas ela fala que a filha só gosta dele por ter sido iludida e que somente ela poderia amá-lo de verdade. Virgínia, com ciúmes, diz que a filha é apaixonada por outro homem. Ismael fica com raiva e decide trancar a menina num mausoléu para que morra. Ismael e Virgínia terminam juntos.
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Vanu 17/10/2017

Anjo Negro - Nelson Rodrigues
O livro Anjo Negro, de Nelson Rodrigues foi publicado em 1946 e é uma peça em 3 atos, não segue uma linha temporal definida e não é possível saber exatamente em qual período a história está inserida.
Conta a história de Virginia e Ismael, Virgínia uma moça branca e Ismael seu marido negro, o livro se inicia no velório do terceiro filho de Ismael e Virginia, nesse velório o irmão de criação de Ismael, Elias - que é branco e cego - chega e Ismael o trata muito mal, mas permite que este fique na casa naquela noite, sob a condição de não falar com ninguém.
Ismael segue com o cortejo de seu filho e Virgínia fica em casa e vê Elias, ambos acabam se envolvendo e dessa relação nascerá uma filha Ana Maria, uma menina também branca e cega, como o pai.
O livro contará então como se dá o relacionamento de Virgínia, Ana Maria e Ismael e qualquer outra coisa que eu disser será spoiler!
É um livro muito curto, escrito como uma peça e baseado quase todo em diálogos. Descreve principalmente o relacionamento entre Ismael e Virgínia e vai tratar de assuntos como o estupro, infanticídio, assassinato mas principalmente sobre o racismo, como ele se dá na sociedade, como se mantém, a maneira como as pessoas reagem as ações praticadas por pessoas brancas e negras, como a culpa, a responsabilidade e os méritos são atribuídos de formas diferentes para pessoas de raças diferentes.
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