Gustavo Carnelós 11/10/2023
Como toda boa montanha, é de escalada difícil e cansativa
Além de ser um livro aclamado, ele foi muito bem indicado por alguém que admiro muito, que compartilhou um pouco de como foi intimamente impactado pela leitura, e que ainda me alertou para persistir, pois começaria a fazer sentido lá pela metade.
Tudo isso me deixou muito curioso, e sem esses estímulos provavelmente eu o teria abandonado. Me esforcei para chegar até o fim, esperando até a última página para concluir se a leitura valeu a pena. Mas infelizmente não posso dizer isso com toda a sinceridade.
O decorrer da história tem muitas partes interessantes e suas primeiras páginas me conquistaram com as palavras sobre a morte. O personagem principal passa por algumas situações que realmente prendem a atenção, mas que se tornam episódios isolados em meio a uma história arrastada, prolixa, e com momentos que parecem não ter ligação com o resto e nem dizem a que vieram.
O início de sua estadia no sanatório também me instigou - tem algo esquisito (misterioso) nesse lugar ou é só impressão minha? Compartilhamos da estranheza que Hans Castorp sente conforme conhece o local e seus hábitos. No fim, não tinha nada de mais, e nem considero spoiler pois a minha expectativa é que foi mais alta do que a montanha. Os pacientes apenas se entregam psicologicamente a uma rotina peculiar, na qual se veem como um grupo à parte (nós, da montanha, e os outros, da planície), ficando totalmente absorvidos por ela, com uma noção de tempo própria na programação cíclica do sanatório. Esse fenômeno, mais o isolamento e as visões sobre saúde e doença, foram os ingredientes mais marcantes da tal montanha. Porém, sua "magia" se enfraquece (ou se dilui) no meio de páginas e mais páginas de diálogos ou descrições demoradas que eu apenas queria que acabassem rapidamente, para passar logo ao próximo capítulo.
No geral essa obra acabou não sendo envolvente - passando da metade, quanto mais eu lia, mais cansado ficava, perdendo as esperanças de me deparar com algo surpreendente ou que justificasse toda a densidade de seu conteúdo. Não era o momento para mim, ou eu realmente não soube desfrutar dessa viagem como Hans Castorp aprendeu.