A montanha mágica

A montanha mágica Thomas Mann




Resenhas - A Montanha Mágica


324 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Marcos 18/03/2010

No topo da montanha
Achei que este dia nunca fosse chegar, mas chegou. Após quase 3 meses de leitura, termino a minha escalada.

4 estrelas, mas entra pro rol de favoritos. Sempre achei contraditório quando via isto acontecer na estante dos outros, mas tenho uma boa justificativa agora. Foi uma obra que me marcou, acrescentou algo a minha vida e isto é justificativa para estar entre meus favoritos. Mas é extenso, a impressão é de que é maior do que deveria ser. É repleto de detalhes que eu não costumo dar atenção, como coisas do ambiente, explicações sobre doenças, detalhes físicos do ambiente e dos personagens, etc.

Porém, entendo perfeitamente que não se trata de mera futilidade. A intenção é permitir que o leitor se transporte para a montanha, que entenda o ambiente como seus habitantes o entendem. E que o leitor entenda melhor os conceitos apresentados sobre a noção de tempo através do próprio tempo prolongado da narrativa.

Quando adquiri o livro, imaginei que o título era meramente figurativo, uma simples figura de linguagem. Mas a montanha é mesmo mágica. O sanatório é uma espécie de mundo paralelo, em que seus habitantes constroem uma cultura própria, um tanto quanto diferente da que estamos acostumados. Como disse, a percepção do tempo é diferente e a própria percepção das coisas é diferente, influenciados pelo efeito que a doença provoca. Construir um universo fantástico como fez Tolkien em O Senhor dos Anéis é algo louvável. Mas é ainda mais extraordinário ver uma espécie de universo paralelo construído com todos os elementos de nossa realidade. Nada de orcs, elfos ou anões, são seres humanos, doentes, mas muito singulares.

O ponto alto do livro, na minha opinião, nem é esse. São os diálogos, especialmente os entre Naphta e Settembrini. A dialética do homem de fé, da idade média, com o europeu clássico, burguês e liberal. Um choque de culturas. Mas engana-se quem acha que os temas dos diálogos da obra se resumem a ideologias. É uma espécie de compilação daquilo que entendemos como filosofia de bar, onde pessoas resolvem divagar e debater acerca das coisas mais variadas da vida, como o tempo, amor, política, fé, morte e até mesmo o efeito provocado por diferentes marcas de charuto.

Há algumas passagens esquisitas, como o episódio do copo. Assim o descrevo pra não criar spoilers, mas é bastante surpreendente. Me pareceu um capítulo jogado no livro, sem muita conexão com o resto da obra. Talvez seja uma provocação do autor àqueles mais céticos, adeptos de Settembrini. Quem leu a obra deve entender. E também não gostei do encontro entre dois personagens quase que totalmente narrado em francês ! Quem não sabe, perdeu e o pior é que era um dos encontros mais esperados da obra. São umas 4 ou 5 páginas de francês quase que na íntegra. Eu cheguei a aprender no colégio, mas não tive saco pra ler. Minha edição é essa aí da capa, Nova Fronteira. Entendo que é uma técnica do autor para manter a fidelidade da obra, uma vez que os personagens estavam conversando numa língua que não era a deles, mas poderia haver uma nota de rodapé indicando as páginas traduzidas no fim do livro. Mas não houve nem nota, nem tradução. Terminei sem saber exatamente.

Passei quase todo o livro tentando entender qual era a relação da obra com a sua sinopse. À medida que vai se aproximando do fim, esta relação fica mais clara. O final é, creio eu, inusitado. Apropriado, considerando o objetivo do autor e condizente com a grandeza da obra.

São 957 páginas e esta resenha é simplista pra descrever o livro. É feita para leitores hardcore, os que estão, como gosto de dizer, "no espírito" da leitura trabalhosa. A linguagem em si não é das mais difíceis, mas o conteúdo leva tempo para ser digerido. Frequentemente eu me distraía e precisava reler o que acabei de ler, pois não captava bem a essência daquilo que foi falado.

É preciso, portanto, estar preparado. E mesmo assim creio ser difícil para qualquer um absorver todo tipo de conhecimento que a leitura proporciona. É para ser lido várias vezes. Não sei se vou chegar a relê-la um dia, mas foi uma boa experiência.
Flavia 04/04/2011minha estante
Estou querendo reler também. Mas só de pensar em escalar tudo novamente, me dá um desanimo, mesmo sabendo que chegar ao topo da Montanha, compensa todos os esforços. E atingir o topo por uma segunda vez deve ser melhor ainda, pois poderemos prestar mais atenção no caminho para absorver melhor o que ficou para trás da primeira vez.


Valdiran 01/03/2012minha estante
São comentários como seu, econômico em adjetivos, meramente subjetivos, que me encorajam a retomar a leitura de A montanha mágica - já comecei 3 vezes e desisto em torno da página 300. Valeu.


Marcos 01/03/2012minha estante
Valdiran e Flavia, obrigado pelos comentários. Fico feliz de a resenha ter sido útil. Abraços.


Paula Cristina 11/05/2012minha estante
Parabéns pela belíssima, objetiva e intrigante resenha!
Há tempos quero ler este livro! Acredito que o momento seja apropriado a mim e, com a leitura de tua resenha, Marcos, fiquei ainda mais animada!


Marcos 11/05/2012minha estante
Que bom que gostou, Paula. Lembre-se de ser paciente com a leitura. Abraços.


rcolini 13/09/2013minha estante
As considerações sobre a universalidade da obra, a intensidade com que trata a e efervescência da virada do século e a perplexidade da guerra em um mundo tão embriagado de si, foram bem e suficientemente abordadas pelos colegas. Restringirei a comentar o que também achei estranho inicialmente: as experiências espíritas.
Bem, isto fazia sentido neste contexto dos loucos anos 10 e 20 - de experimentalismos estéticos, científicos - e porque, não, espirituais - que contagiaram a época. Mas realmente é aspecto menor.
Vou retratar um dos tesouros, às vezes escondidos, que toda obra revela de acordo com o espírito de cada leitor. Sou montanhista incidental, e a descrição do jovem Hans sozinho na montanha é de arrepiar quem vivificou a experiência glacial e solitária da alta montanha. É mais uma faceta que o autor não deixou escapar, em uma época em que a aventura humana em nosso planeta, em seus mais remotos e difíceis ambientes, empolgavam multidões. Acabei a leitura há 30 minutos e valeu cada página, ficando o sentimento de... E agora? Resta a orfandade e o luto pela obra acabada e a timidez em saber qual será a próxima aventura literária que nos encantará...


ronaldojr 02/04/2016minha estante
estou lendo.. e faz algum tempo.. Voce disse bem sobre um perfil "hardcore" em ler um livro tao extenso.. mas creio que a maioria dos livros extensos tem essa característica para com a riqueza de detalhes, muita da vezes sem necessidade.. Mas talvez tenha sido essa a intencao do autor, na tentativa de tornar os personagens simbioticamente integrados: o hospital, a doença e todo processo q envolve a cura e a morte. Nao somente de cura fisica mas absorção do ambiente fisico e subjetivo de cada perfil ali.


Fábio 15/08/2016minha estante
Estou lendo pela primeira vez e realmente não é uma leitura para ser digerida rapidamente e sim para ser degustada. todas as vezes que passo por uma determinada situação que não tenha prestado muita atenção, eu retorno e releio. Precisa de calma e paciência mas vale muito a pena...estou na pagina 477 e quase pensei em desistir mas parei para ler uns dois livros menores e depois retornei a ele!!! Fica a dica!!


regina.pacheco.188 30/01/2019minha estante
Gostei muito de seu comentário.


Cahê 11/03/2019minha estante
Concordo muito com o episódio do copo, foi uma coisa bem aleatória e sem sentido. Mas o livro realmente é excelente, terminei com vontade de reler haha


Erânio 23/04/2019minha estante
"A vida, meu caro jovem, é uma mulher, uma mulher estatelada, com os seios exuberantes e apertados, com ventre amplo e macio entre os quadris salientes, com braços delgados, coxas opulentas e olhos semicerrados, uma mulher que nos desafia magnífica e zombeteiramente e reivindica todas as energias da nossa virilidade, que se deve confirmar ou perecer perante ela". (trecho)


Marcia Seabra 27/03/2020minha estante
Parabéns pela resenha e autenticidade ao descrever suas dificuldades. Tenho esse livro encalhado há anos em minha estante e confesso ter muito medo de lê-lo. Em tempos de pandemia e quarentena, acho que será um grande desafio encará-lo


Luciana 03/07/2020minha estante
Acabei o livro hj. Ele está na minha cabeceira há absurdos 3 anos. Quando iniciei ia bem, mas depois da pag 400 foi ficando difícil. Abandonei por anos li muita coisa no caminho e há 2 semanas peguei de volta. Faltavam 150 páginas. Não sei o que aconteceu com essa leitura que foi tão difícil. Agora posso seguir minha vida em paz?


Angelina 09/10/2021minha estante
Marcos, passados 10 anos desde o seu comentário, o que chega a ser curioso, gostaria de sugerir, humildemente, para uma melhor compreensão, a releitura da obra publicada pela companhia das letras. A edição conta com notas de rodapé, que traduzem os diálogos em francês e um pósfacio maravilhoso e elucidativo acerca das questões que vc achou ser desnecessário. Existe um sentido concatenado ao capitulo do copo pois a obra, literalmente, possui essa proposta hermética. Sem contar como faz diferença na interpretação entender a importancia da atenção empregada a certos detalhes, como na fixação do personagem principal com as mãos, por exemplo. Como a obra foi escrita pra ser relida ao menos uma segunda vez, entendo o porquê dos comentários estarem ao fim dessa edição. Mas eu teria absorvido melhor a obra se os mesmos estivessem no prefácio (risos). De qualquer forma, adorei o seu comentário e deixo aqui uma sugestão.

Abraços!!


Flavio.Santos 03/06/2022minha estante
Comecei a "subir" a Montanha no início da pandemia e terminei exatamente hoje, dia 3 de junho de 2022, dois anos após tê-lo tirado da estante. Fui lendo de forma nada disciplinada, porém atenta; e tal qual Hans Castorp não me dei conta que havia se passado tanto tempo assim. Nunca demorara tanto para ler um livro e olha que eu já li a trilogia do Tempo e o Vento quase que de um só fôlego. A Montanha Mágica é uma experiência que vai custar a ser digerida (talvez nunca seja), tamanha complexidade dos fatos e dos personagens. Eu não aconselharia essa leitura aos incautos, só aos fortes de espírito (e com grande paciência).


Nirvh 10/10/2022minha estante
Bela crítica, me marcou


Marilana 28/05/2023minha estante
Li por 2 meses e 10 dias! Que livro incrível ! São muitos detalhes mas valeu a pena ! Obrigada pela resenha brilhante !




Carolina.Gomes 18/05/2021

Tempo... tempo.. .tempo
Enfim, cheguei ao topo da montanha!

O que dizer dessa obra prima?! Após cerrar as páginas, o livro ainda ecoa em mim.

Ao longo dessa leitura, eu experimentei múltiplas sensações. Às vezes como leitora distanciada da historia, às vezes como hóspede da montanha.

Me surpreendi com a elegância e a genialidade de Mann. O domínio absoluto da narrativa, a fina ironia, a profundidade com que ele aborda os mais variados temas.

Esse é um romance de formação, mas é também um romance sobre o tempo e sobre a doença não só física, mas também social, moral e política.

A montanha é o Olimpo de Mann: Do alto ele contempla a humanidade. Para Hans e seus companheiros, a montanha é como a caverna de Platão: um refúgio onde é permitido se alienar do mundo real. Um lugar onde nada se faz e onde o tempo parece não passar...

É um livro repleto de simbologia. Cada leitor encontrará sua própria interpretação.

Não posso dizer que foi uma leitura fácil e fluida, mas ao final, sinto-me recompensada por ter enfrentado o desafio.

Para mim foi, sem dúvida, uma experiência literária incrível !
Ana 18/05/2021minha estante
Que resenha maravilhosa!


Carolina.Gomes 18/05/2021minha estante
Inspirada por amigas maravilhosas como vc! ?


Thales 18/05/2021minha estante
Carol quando eu crescer eu quero ser que nem você. Baita resenha!


Carolina.Gomes 18/05/2021minha estante
Thales, as suas são maravilhosas!! ?


Brenda.Podanosqui 19/05/2021minha estante
Excelente resenha. Já estava na minha lista agora quero ler o quanto antes ?


Carolina.Gomes 19/05/2021minha estante
Que bom, Brenda! ?


Thamiris.Treigher 19/05/2021minha estante
Amei sua resenha! ??????


Carolina.Gomes 20/05/2021minha estante
Obrigada, Thami ?


Eliza.Beth 20/05/2021minha estante
Que lindooooo... acompanhei sua jornada e quase sinto que subi essa montanha tbm hahaha
Mas o tempo da minha escalada chegará ?


Carolina.Gomes 20/05/2021minha estante
Vou lembrar de vc sempre q pensar nesse livro, Beth! ?




Henrique Fendrich 08/10/2015

Péssima edição da Nova Fronteira
Chama a atenção a absurda quantidade de erros de revisão, sobretudo nas primeiras 500 páginas. Em dado momento, já incomodado com a quantidade desses erros, resolvi contar. Da página 300 à 400 encontrei 13 erros de digitação.
Thiago 08/10/2015minha estante
Eu tenho uma outra edição, espero que não tenha tantos erros quanto a sua, mas é bem provável que também os tenha, pois é da mesma editora, mas a trama do livro não lhe agradou tanto meu caro?


Henrique Fendrich 08/10/2015minha estante
Esqueci de falar que também há 10 páginas de diálogos em francês, e para as quais não há nenhuma possibilidade de tradução. É preciso correr atrás pela internet a fim de uma tradução para essas páginas. Quanto à trama, não foi realmente muito do meu agrado, mas aí é questão de gosto, entendo que o livro seja um clássico.


Thiago 08/10/2015minha estante
Essa parte do francês eu já sabia, sorte que hoje existem inúmeros blogs com a tradução.


Jah 22/01/2017minha estante
Fendrich, o erros são apenas de digitação ou também há erros gramaticais e ortográficos? Comprei hoje...


Henrique Fendrich 01/02/2017minha estante
Jah, pelo que eu me lembro são apenas de digitação. Mas incomodam, sinal de que houve uma péssima revisão do material (se é que houve).


Jah 06/02/2017minha estante
Fendrich, valeu cara. Mas só agora que percebi que o seu livro é de outra editora. Tomara que o que eu comprei (companhia das letras) não tenha esse problema. Assim espero!!


Henrique Fendrich 13/02/2017minha estante
Ah sim, é bem provável que esta nova edição da Companhia das Letras não tenha problemas. É a edição da Nova Fronteira mesmo que está cheia de erros.


Thiago 13/02/2017minha estante
Pelo que eu ouvi dizer, todas as citações em francês e latim foram devidamente traduzidas, e o texto foi revisado e ganhou um prefácio.


Jah 13/02/2017minha estante
Thiago, folheei e realmente os textos estão traduzidos!




Natalie Lagedo 29/01/2017

A Montanha Mágica é uma estória que se passa em um sanatório, no início do século XX. Procura contar o período da vida de Hans Castorp passado nesse lugar. Sua aclimatação à vida horizontal após descobrir a doença e a constatação de ser ele "um filho enfermiço da vida."

A rotina do sanatório é invariável e traz consigo uma resignação à maioria dos moradores que os torna alheios a tudo o que não diga respeito àquela realidade. Para o protagonista, o que aconteceu antes da sua chegada era como uma nuvem, pois o melhor meio de viver é como prescrito pelos médicos locais.

Não há muita ação nas quase mil páginas. A monotonia, no entanto, passa longe. São discutidos os mais variados temas, seja sob o ponto de vista humanístico do italiano Settembrini, do posicionamento cristão do jesuíta Naphta ou na imparcialidade tranquila de Castorp. A clareza de ideias e a construção de parágrafos longos mas sem artificialismos na linguagem são extraordinárias.

História, Filosofia, Arte. Literatura. O tempo. Ah, o tempo! Corpo e espírito. Vida, morte e estética. Guerra e ruptura. Tudo no alto da montanha, na criatividade de Mann.
Emmerson 29/01/2017minha estante
Querendo muito ler este livro. Mann me surpreendeu bastante com as novelas A Morte em Veneza e Tonio Kroger.
Muito boa resenha, como de costume, Natalie :)


Natalie Lagedo 29/01/2017minha estante
Obrigada, Emmerson!
Assisti ao vídeo do Literatura Fundamental em que o professor Jorge de Almeida tece alguns comentários sobre A Montanha Mágica. Ele disse que foi escrita como uma ironia antagônica à Morte em Veneza. Fiquei ainda mais curiosa. :)


Wagner 29/01/2017minha estante
Parabéns.


Natalie Lagedo 29/01/2017minha estante
Obrigada!


Débora 08/02/2017minha estante
Quero ler, são tantos bons rsrs


Lidos e Curtidos 10/02/2017minha estante
Batalie otima resenha! To na pag 299 e amando o livro. Já comprei os outros 3 livros lançados pela Cia das Letras do Thomas Mann. Virei fã! Já leu os outros dele? Qual gostou mais?


Lidos e Curtidos 10/02/2017minha estante
null


Natalie Lagedo 10/02/2017minha estante
Até agora só li este mesmo, mas os outros já estão na lista. :)




Ricardo Rocha 14/07/2016

É necessário que as histórias tenham passado. A chave de um livro tamanho parece estar aqui - quando os fatos narrados estão cobertos pelo tempo. A escrita é relativamente simples e nem poderia ser diferente porque os temas não são. Nem em si mesmos e muito menos quando um personagem além de personagem é, aparentemente, uma metáfora, uma analogia. Muita gente está cansada de filosofar sobre a vida. Cansada de palavras pelas palavras, por sábias que sejam. Essas não conseguirão levar a leitura adiante, o que para mim traz outro componente árido, a própria escrita de Thomas Mann. Mann não é Proust. Proust fala sobre o Tempo e, caso eventualmente a gente não entenda, ainda assim houve um ganho, digamos, estético; uma vivência, por assim dizer. Aqui não. Logo no começo Hans está em seu compartimento, que é “cinzento”. Sim. Como leitor eu me identifico. Noutra parte está escrito: “Os pensamentos são confusos” e “o remédio para isso é o movimento”. Perfeito. Seja onde for, no que for, há que equilibrar a reflexão e a ação, a concentração e a distração, o peso e a leveza, o parar e o movimento. A Montanha Mágica fica sempre parada em sua grandiosidade.
(Ah, sim, porque a grandiosidade existe. Nunca é demais dizer. É um clássico. E lembremos, é muito perspicaz a reflexão sobre a morte, esse clássico da existência humana)
Será que dessa febre o amor surgirá um dia? Tanta gente adora o livro, então admitamos que sim. Até porque um clássico está acima de nossa opinião pessoal, é tipo uma aprovação, um visto do próprio Tempo. Mas se a obra de Mann tem o meu respeito, ela não tem, infelizmente, o meu amor.
Natalie Lagedo 14/07/2016minha estante
Que resenha linda! Todos os seus comentários me fazem querer ler os livros.


Ricardo Rocha 14/07/2016minha estante
ah, sao teus olhos! (=


Irene 15/07/2016minha estante
não são os olhos dela, a sua resenha é muito singular e singela :) estou começando a ler, até que enfim, criei a coragem necessária


Ricardo Rocha 16/07/2016minha estante
vamos combinar que é preciso mesmo...


Ariana.Cunha 12/11/2016minha estante
Comprei e estou ansiosa para te-lo em mãos...


Guilherme Pedro 03/01/2017minha estante
Gostei muito de sua resenha. Deu para ver o quão boa foi sua experiência de leitura. Parabéns!


marcia.benaduce 11/02/2017minha estante
Eu ataquei corajosamente a "montanhosa" obra de Mann e consegui ler em alguns dias. Compartilho sua avaliação: respeito, mas não gosto. É um texto denso, difícil e, em algumas partes, muito chato. Não pretendo reler, pois o esforço suplantou o prazer.


Geórgea 22/02/2017minha estante
Concordo com você, faz-se necessário o equilíbrio entre reflexão e movimento/ação. Como leitora sinto essa necessidade, ao contrário costumo interromper a leitura e ler devagar, por sentir certo tédio. As reflexões da obra são realmente boas, mas sinto cansaço de ler essa obra de uma vez só...por isso estou intercalando com outras leituras. Do contrário, haveria o risco de eu abandoná-la. Estou na segunda metade da obra e creio que mesmo assim irei demorar a concluir, pois não consigo ter pressa... a falta de ação desanima. Também respeito a obra, como você. Ela tem seu valor, destaquei muitas passagens interessantes, mas não terei pretensão de reler (muito cansativa) e creio que ela não terá meu coração.




Fabio Shiva 31/05/2014

Não é Hesse
Raras vezes fiquei tão feliz ao terminar uma leitura. Essa montanha me deu mesmo uma canseira! Não restam dúvidas de que se trata mesmo de um grande livro (em todos os sentidos, com suas quase 900 páginas em letra miúda!), uma obra-prima da literatura mundial... mas foi um desses que gostei mais de ter lido que de ler propriamente.

O problema todo é que escalei a maior parte da montanha mágica brigando com ela! Confirmei nessa leitura a primeira impressão que tive do Thomas Mann ao ler “A Morte em Veneza”: um alto intelectual, de senso estético apuradíssimo... e no entanto cego espiritualmente! Mann incorre no mesmo erro de ilustres contemporâneos como Aldous Huxley, iludido pela pretensa primazia da razão propagada pela ciência e filosofia européias no início do século XX: confundir “mente” com “espírito”. E daí o fato de aproximadamente 500 páginas das 900 que compõem “A Montanha Mágica” e que fazem a alegria dos eruditos, envolvendo sutis discussões filosóficas, foram para mim uma grande provação, páginas que li com a sensação de estar desperdiçando tempo... pois não encontrei verdade ali, apenas estéreis divagações.

Uma ideia que tive ao assistir “Ninfomaníaca” do Lars Von Trier voltou com muita insistência durante essa leitura: penso que Deus escolhe algumas pessoas, a quem concede grande inteligência, sensibilidade e talento, mas ao mesmo tempo oculta-Se inteiramente dessas pessoas... como se Ele quisesse ver o que suas talentosas crianças cegas criarão no mundo! Por isso acho que Deus gostou de “A Montanha Mágica”, assim como gostou de “Ninfomaníaca”...

Já eu não gostei nem um pouco foi da inclusão de dez páginas de diálogos em francês, bem no meio do livro. Desconfio que essas páginas ajudaram muito na boa reputação de “A Montanha Mágica” entre os literatos, pois sempre há quem busque na literatura uma forma de se sentir superior aos outros. Pois bem, meu francês autodidata me permitiu ler essas dez páginas (e que boa surpresa descobrir que o próprio Mann se considerava também um autodidata), embora não, certamente, apreciar a sutileza de Hans (herói da história) falando francês como se fosse alemão... achei um esnobismo desnecessário. Se o autor achava fundamental ter essas páginas em francês, a decência deveria tê-lo obrigado a colocar esse trecho no início do livro, e não depois da página 400...

Felizmente fiz as pazes com a Montanha Mágica antes do final da leitura. Gostei de ter lido e recomendo a todos interessados em se aprofundar na literatura, mesmo com todas as ressalvas que fiz. O livro tem grandes méritos e é realmente muito bem escrito. O problema todo é que Thomas Mann não é Hermann Hesse! Sofri com Mann a mesma decepção que tive com Kafka: ele é bom, é até genial, mas não é nenhum Hesse... Quem quiser saber quão profundo pode ser um olhar ocidental, que leia Hesse! É o que eu mesmo vou fazer: não pretendo ler mais nenhum alemão antes de esgotar toda a bibliografia de Hermann Hesse!

***

***///***
Conheça O SINCRONICÍDIO:
http://youtu.be/Vr9Ez7fZMVA
http://caligoeditora.com/

***///***
ANUNNAKI – Mensageiros do Vento
http://youtu.be/tJhDrVK-BOQ
https://www.facebook.com/anunnakimensageirosdovento


MANIFESTO – Mensageiros do Vento
http://www.mensageirosdovento.com.br/Manifesto.html


arlete.augusto.1 12/05/2021minha estante
Estou na página 530 e sentindo que todo aquele debate filosófico poderia bem ser simplificado, achei sacal. Quanto às páginas em francês, como não lembro coisa alguma, mesmo com a tradução no rodapé - que tem na minha edição, que é a última, muito bonita-, a gente acaba perdendo o ritmo do diálogo, poderia ter sido traduzido em português com a citação que conversavam em francês, idioma que a Clawdia fala melhor do que o alemão.
Vamos ver o que acho ao final do livro.


Fabio Shiva 13/05/2021minha estante
Oi Arlete, valeu por seu comentário! Muita gente considera "A Montanha Mágica" o melhor livro de todos os tempos, o que mostra como tudo é mesmo relativo. Sua edição com a conversa traduzida é bem mais decente que a que li, com certeza! Viva a Literatura!


Ana Paula Avila 17/04/2022minha estante
Estou a quase 1 ano ?sofrendo? com essa leitura, mas me recusando a abandoná-la pois acredito que sobrará algo de bom no final, e lendo sua resenha sei que assim será. Obrigada por me ajudar a não desistir (sim, esse pensamento passou pela minha cabeça rsrsrs). ??


arlete.augusto.1 21/04/2022minha estante
Persevere! Vale a pena!


Fabio Shiva 02/05/2022minha estante
Oi Ana Paula! Depois comente suas impressões da leitura, ok? Arlete, que massa o seu incentivo!


Jonas.Doutrinador 08/06/2022minha estante
Terminei a leitura tem pouco tempo e estou me preparando pra fazer a resenha. Concordo com a questão do francês e acredito que sua decepção com Mann e Huxley é porque você esperava algo espirituoso de grandes racionalistas que tinham em seus retrovisores o século XIX. Creio que nós ocidentais ainda engatinhamos em fazer a fusão racional/espiritual. Creio que para isso precisemos de beber mais de fontes orientais.


Adriana 19/07/2022minha estante
Maravilhosa resenha ????????




Ariana.Cunha 14/03/2017

Síntese de uma síntese
Gentee!! Que livro é esse?!! É a primeira obra que leio de Thomas Mann, e descobri que quero ler TUDO que ele escreveu. Admito ter sido para mim uma das leituras mais difíceis até hj... A cada "dez páginas" lidas era necessária uma boa pausa para reflexão. O livro tem como foco dois temas muito relevantes e complexos que são o TEMPO e a MORTE. A história se passa num sanatório que fica no topo de uma montanha. Ali temos pacientes tuberculosos da mais alta sociedade, indo da elite europeia a elite de todos os outros povos. Nosso personagem principal é o encantador Hans Castorp. Castorp é um jovem engenheiro com um futuro promissor. A influência de sua família proporciona a ele a oportunidade de um excelente trabalho, mas antes de começar a trabalhar, Hans Castorp decide ir passar três semanas no sanatório com único intuito de visitar seu primo, Joachim, que já se encontra ali há meses. Hans age e reafirma o tempo todo que está ali apenas a passeio, até que dias antes de partir, encontra-se febril. A partir de então teremos sua mudança de posição, deixando de ser visitante e assumindo o papel de paciente. Assim se inicia toda uma trajetória de dor, paixão, conhecimento, questionamentos... Teremos personagens marcantes e fundamentais como o italiano e humanista, Settembrini e o judeu, Naphta. Esses dois vão travar discussões inenarráveis... Discussões que nos levam ao ápice da dúvida sobre o sentido da vida, da política, dos sentimentos etc. Ambos serão importantes e fundamentais na vida de Hans...
O desfecho ainda não me foi digerido... Realmente não sei o que dizer... Só digo que me surpreendeu de forma assustadora... Não vou falar muito aqui... É preciso que cada um tenha sua leitura. É um livro que deve e merece ser lido, inclusive é uma obra que merece releitura. Se o que eu disse não for o suficiente para despertar a curiosidade de vcs, tenho outra carta na manga. O autor Thomas Mann é filho de uma brasileira com um alemão. Em uma entrevista dada a Sérgio Buarque de Holanda, Mann diz que estudou diversos tipos de literatura, inclusive a literatura inglesa, mas afirma que a influência decisiva sobre sua obra resulta do sangue brasileiro herdado de sua mãe...
PH 14/03/2017minha estante
Tenho muita vontade de começar. Essas edições da Companhia para os livros dele são belíssimas também.


Ariana.Cunha 14/03/2017minha estante
Lindíssima!!! Comece logo... Não vai se arrepender... rs


Fabíola 14/03/2017minha estante
Adorei.


Ariana.Cunha 14/03/2017minha estante
:)


Cesinha 12/08/2017minha estante
Pesquise os artigos sobre o Thommy (íntimo já) feitas pelo sociólogo Richard Miskolci ! =)


Gustavo 05/01/2018minha estante
Ótima resenha. Estou lendo, magnífico, adentrando na pg 190 e totalmente estupefato com essa obra. Quer ler tudo dele tbm!!




Ju 26/05/2020

Filosófico e Aleatório
Cai de paraquedas nesse livro e custei me identificar. Aos poucos Hans Castorp foi me conquistando. Um livro que tem diálogos intensos entre o mestre humanista Settembrini e seu filho enfermiço da vida, ou o jesuíta Naphta.
Um livro pra ler e debater sobre as dualidades da vida: montanha/planície, doença/cura, vida/morte...
Tiagofas 12/06/2020minha estante
O Joãozinho azul é um remédio?


Ju 12/06/2020minha estante
Li esse livro em grupo, ninguém chegou a nenhuma conclusão, pra mim ele se referia ao termômetro, que o Hans a princípio reluta em conhecer.


Tiagofas 12/06/2020minha estante
E a irmã mudaé um termômetro usado pela instituição para pegar quem quer "trapacear"?


Ju 23/06/2020minha estante
Precisei pesquisar no livro pra me lembrar. Mas entendi que a irmã muda era o tempo que no seu decorrer entregava a doença, com a sua evolução


Tiagofas 24/06/2020minha estante
Valeu e boas leituras!




Marcelo Rissi 27/12/2021

A montanha mágica (Thomas Mann)
Lançar-se ao desafio de analisar obra de tamanha envergadura como "A montanha mágica" é expor-se ao risco do ridículo ou da vergonha. Afinal, nada que se escreva a respeito desse romance parece suficientemente à altura de sua grandeza. Vencido, porém, o receio, injustificável limite autoimposto, encorajei-me a tecer, com humildade, algumas palavras sobre esse trabalho primoroso e tão grandioso, em extensão e qualidade, após mais de um ano da finalização da leitura.

Para a proposta que idealizo - a de uma resenha relativamente sucinta e sem apego ao rigor de qualquer técnica literária (pretendo apenas registrar alguns comentários, impressões e opiniões de um leigo, mero entusiasta de literatura) -, creio pertinentes os comentários que adiante lanço.

Li "A montanha mágica" há aproximadamente 1 (um) ano e meio, de modo que muitos detalhes possivelmente já me escapam. Espero não ser lacônico, então.

"A montanha mágica" é uma obra bastante prolixa. Essa era, aliás, a característica estilística do autor (para alguns, uma qualidade. Para outros, um defeito). A edição que adotei, publicada pela editora Companhia das Letras, possui 815 (oitocentas e quinze) páginas, desconsiderando-se o posfácio.

A leitura afigura-se, no início, arrastada e sem grandes movimentos, sobressaltos ou avanços no enredo. A obra (segundo a minha edição) reserva aproximadamente 200 (duzentas) páginas apenas para narrar os 7 (sete) primeiros dias de Hans Castorp no sanatório Berghof. De todo modo, à medida que a história avança, as situações começam a acontecer/se desenvolver e a leitura, a fluir.

A maravilha e o brilho da obra estão em seu aspecto multifacetário, com temas esmiuçados com muito vagar e empenho pelo autor, que, claramente, estudou e pesquisou diversos assuntos, amiudadamente e com profundidade, para desenvolvimento da narrativa.

Para exemplificar o aspecto multifacetário da obra, há, em "A montanha mágica", incursões filosóficas profundas. A esse respeito, vide as conversas entre Naphta e Settembrini, esse último, meu personagem preferido (e, para muitos, o verdadeiro protagonista e principal personagem da obra).

Ainda para ilustrar em tema de incursões filosóficas, há uma cena bastante marcante - a mim, ao menos -, em que Hans Castorp, desejando vencer a própria mediocridade, fato de que ele estava razoavelmente ciente, procurou e encontrou um livro de conhecimentos "universais", no bojo do qual eram abordadas questões existencialistas e da própria constituição e composição universo, desde o menor átomo à sua expansão infinita (do universo). É um trecho bastante longo, profundo e o autor submergiu em impressionantes incursões e minúcias, inclusive científicas, ao longo dessas análises, para enfrentamento desses temas altamente complexos.

Sem pretender esgotar o objeto e a temática abordados na obra, há, ainda, exemplificativamente, incursões em:

- questões espirituais (o que é notado, com muita ênfase, a partir do surgimento, ao final da obra, de uma personagem denominada Ellen Brand, especialmente na cena da mesa);

- questões psicológicas e comportamentais, inclusive de relacionamento humano (algo perceptível, de forma difusa, ao longo da narrativa, especialmente a partir da forma como os personagens, inclusive entre grupos de diferentes culturas, hábitos, etnias e países, interagiam no sanatório);

- questões atinentes ao amor e à sexualidade (a esse respeito, menciono, ilustrativamente, a forma como se relacionavam Clawdia Chauchat e Hans Castorp. Chama especial atenção, nesse particular, a cena em que ambos dialogaram a sós em francês, após tantas tentativas de aproximações e após tantos contatos velados, indiretos, distantes e, até mesmo, enigmáticos);

- questões sobre homossexualidade (vide as diversas digressões e retrospectivas que Hans Castorp resgatava intimamente, enquanto relembrava Pribislav Hippie e o período escolar. Para muitos, o autor colocou-se na própria narrativa nesses momentos);

- debates sobre visões díspares de mundo, do extracorpóreo e do metafísico (vide a retórica e os diversos, férteis e empolgantes diálogos entre Naphta e Settembrini, um deles, dualista e, o outro, pessoa que enxergava o mundo e a espiritualidade de maneira unitariamente amalgamada);

- questões, ainda, atinentes à morte, ao luto e, inclusive, ao suicídio, com profundas análises sobre os tabus morais que esse assunto - suicídio -, tão complexo, enseja.

Há, também, em momento contendo enorme grau de lirismo, uma sequência de cenas bastante marcante, aprazível e, por vezes, onírica, na qual Hans Castorp percorre um longo passeio, sozinho, pela montanha, durante o período de neve. O aspecto altamente descritivo desse trecho, contendo sobreposição e sucessão de camadas altamente "saborosas" em imagens, sons e ambientes - tudo isso mesclado com doses incisivas de devaneio -, é, para muitos, o momento de maior regozijo, deleite e prazer da leitura de "A montanha mágica". Talvez eu concorde com isso. Talvez.

"A montanha mágica" é, de fato, por vezes e para alguns, um duelo contra o enfado. A narrativa se desenvolve a passos lentos e, mesmo quando ela [a narrativa] começa a tomar forma, avançando, o autor é sempre pródigo em detalhes, o que pode tornar a história compreensivelmente cansativa para alguns. De todo modo, o resultado é uma obra lapidar, irrepreensível, na qual o autor abordou diversos temas - muitos dos quais, ainda atuais - com um olhar humano, profundo e, por vezes, até mesmo técnico e científico (após, notoriamente, intensa pesquisa e estudo). Não por outro motivo, Thomas Mann consumiu 12 (doze) anos para terminar a obra (em parte, também, pelos hiatos que ele fez durante a sua elaboração).

Superados o tédio e o marasmo (para alguns) das primeiras páginas, o leitor se maravilhará, por certo, com o universo que "A montanha mágica" abrirá perante seus olhos.

Altamente recomendável. Enfatizo: altamente!
Carolina.Gomes 08/01/2022minha estante
Muito bom!!! Parabéns pela resenha, Marcelo! Obra fenomenal!


Marcelo Rissi 08/01/2022minha estante
Fico muito feliz que vc tenha gostado da resenha, Carolina. Um dos meus livros favoritos! Ah! E obrigado por aceitar a minha solicitação de amizade aqui no Skoob! ???


Carolina.Gomes 08/01/2022minha estante
Esse livro é transformador. ??


Marcelo Rissi 08/01/2022minha estante
Completamente! Concordo!


Léo Queiroz 01/04/2022minha estante
Simplesmente e extraordinariamente fantástico! Meu primeiro contato com o autor, estou encantado!




Lucas 12/08/2017

Manifesto do Nada que descreve o Tudo
Estupefato. Esse é o adjetivo que melhor descreve o leitor de A Montanha Mágica, seja durante a empreitada (pois ela é, sim) da leitura ou após o seu término, que satisfaz e ao mesmo tempo deixa quem lê triste; não pela história ou narrativa em si, algo impossível, mas sim pela falta que personagens tão queridos farão ao cotidiano de quem se debruçou sobre a obra-prima do alemão Thomas Mann (1875-1955).

A Montanha Mágica narra a trajetória do jovem alemão Hans Castorp. Recém formado, ele parte em uma viagem rumo aos Alpes Suíços para uma "visita de médico" ao seu primo, Joachim Ziemmsen, que lá estava internado em um sanatório para tuberculosos, o Berghof. A tal visita rápida vai se alongando repetida e indefinidamente, como o leitor irá perceber. Se há um enredo narrativo, é apenas este: uma visita sem dia marcado para acabar, em um local cheio de doentes. Mas a hipótese de um romance sem enredo passa longe desse raciocínio; a narrativa parte desse Nada para detalhar o Tudo.

Se o romance se restringisse a apenas isso, já seria de ótimo tamanho e relevância. Mas Thomas Mann faz (muito) mais: em um contexto cercado de males e doenças, porque não discorrer sobre medicina? Em um lugar tão lindo, porque não mencionar a sua flora e o seu clima? E como se está em um ambiente coletivo, com pessoas compartilhando anseios e dores, não seria possível a existência do amor entre duas delas? E já que se está falando de um sanatório, porque não incutir no leitor valores como a bondade, a esperança e o reconforto a quem está sendo vencido pela dor? Ler A Montanha Mágica é, antes de tudo, estar sujeito a um bombardeamento de aprendizagem e reflexão. Cada capítulo, ou praticamente cada página, trás uma ou outra coisa, quando não as duas.

Nesse ponto mais prático, ainda sem se ater às questões filosóficas, sociais e a outras temáticas (cujo espaço nessa resenha está reservado mais adiante), Mann constrói a sua ficção de uma forma ímpar. Antes dos detalhes físicos externos (que são descritos, mas de uma forma secundária) de médicos, pacientes, familiares e outros personagens, o leitor conhece a alma deles. Tampouco interessa se um indivíduo é baixo, alto, russo ou eslavo: o relevante é que o leitor seja capaz de imaginar o seu respectivo sofrimento, a sua origem, as suas dores e o desamparo que as doenças graves causam. Em A Montanha Mágica, a alma não é meramente um conceito abstrato ou secundário: é a identidade que define e difere um elemento narrativo do outro. O autor, por meio de vários personagens, ensina que o interior sempre será mais importante que o exterior.

O romance foi escrito em duas etapas. Mann o iniciou em 1912 e parou de escrevê-lo em 1915. Veio a Grande Guerra e o autor só voltou a trabalhar na obra em 1919, terminando-a apenas em 1924, no ano em que foi lançada. Estes detalhes não servem apenas para "encher linguiça": não se sabe em que ponto da narrativa o autor interrompeu seu trabalho, mas é nítido ao leitor a influência que a Primeira Guerra Mundial e suas resultantes ideologias trazem ao livro, que é carregado de uma imensidade de contemplações da sociedade (especialmente a alemã) naquele pós-guerra. Isso é claramente visível especialmente a partir da metade da obra, quando o autor insere um personagem misterioso que protagoniza dezenas de debates com Lodovico Settembrini, também paciente do sanatório e principal coadjuvante da história.

É Settembrini, aliás, quem inunda as páginas de A Montanha Mágica com as grandes e variadas reflexões que são a marca registrada da obra. Humanista, antibelicista, mas contraditório em várias ocasiões, ele desenvolve com os protagonistas diversas questões filosóficas, que assumem caráter de digressão, em relação à narrativa em si, mas que são capazes de engrandecer a mente de quem está lendo. Estes momentos são tão frequentes que o leitor acaba desistindo de marcá-los ou até mesmo tomar nota deles: todo o livro, do seu princípio ao fim, acaba narrando um processo de evolução moral e intelectual dos personagens e, principalmente, do leitor. E a gama de aspectos que conduzem a essa evolução é tão diversa que torna-se impossível detalha-la em sua plenitude.

A primeira temática que se desenvolve nesse contexto de aprimoramento interior é a do tempo. Em toda análise ou sinopse mais detalhada que se vê d'A Montanha Mágica, há uma associação especial entre essa unidade que mede o curso da vida e a narrativa. Mann não pretende estabelecer uma opinião definitiva, tampouco um conceito objetivo para algo tão subjetivo: sua técnica (neste e em todos os outros temas que vão surgindo) consiste em expor frontalmente duas opiniões, ambas com embasamento e sentido, e desse choque argumentativo, surgem infinitas formas do leitor entender e assimilar a questão. Voltando ao tempo, a história discorre sobre as diferentes percepções que ele possui para um mesmo indivíduo. Porque o tempo passa tão rápido e tão devagar, dependendo da atividade que está sendo desenvolvida no presente? O que faz o tempo, por exemplo, passar tão devagar quando se é criança, onde, num sentido mais prático e "brasileiro", o Natal parece não chegar nunca? Partindo para o próprio sentido da obra, porque o tempo passa em um ritmo muito diferente "lá em cima", no sanatório? O que é melhor, que o tempo passe rápido ou não? Todas essas questões são desenvolvidas com tamanha minúcia argumentativa que o leitor, certamente, terá uma profunda mudança na sua percepção de tempo após a leitura.

O humanismo, a corrente de pensamento que mais aparece na obra, é visto em todos os seus pormenores. É a partir de sua exposição que Mann desenvolve boa parte da carga filosófica que o livro trás. Partindo de uma definição simples para o tema (o homem como centro do mundo), o autor discorre sobre temas de ordem prática e muito atual até hoje, quase um século após o lançamento d'A Montanha Mágica. A pena de morte, os castigos a presidiários, a utilidade ou não da fé, a maçonaria e sua função humana, as enfermidades, cremação x sepultamento tradicional, doutrinas religiosas, a mediunidade... Uma resenha não seria capaz de comportar todas as nuances expostas pela obra. O mais relevante, contudo, é a forma bilateral com que esses temas são desenvolvidos, com várias argumentações diferentes. A pena de morte, por exemplo, é defendida com teses nas quais, possivelmente, quem é a favor jamais havia pensado; o mesmo ocorre com quem não é um entusiasta dessa prática. Estas exposições, na verdade, refletem bem o caráter da narrativa: um relato minucioso de como todas as coisas são, sob diferentes pontos de vista.

Tais complexidades tornam o livro bem exaustivo em vários pontos. Associado a isso, há o tamanho vultuoso de muitos capítulos, especialmente na segunda metade da história. Estas características tornam a leitura engessada em diversas ocasiões, mas o leitor não deve se preocupar. Segundo o próprio autor, em seu prefácio, o tempo deve ser a última preocupação de quem se aventura pelas entranhas de sua narrativa. Certo ou errado, útil ou inútil, as emoções despertadas em A Montanha Mágica farão com que o leitor, no mínimo, reflita sobre questões místicas aparentemente incompreensíveis. E se uma obra tem o poder de gerar a reflexão, deve ser valorizada como tal, já que um dos grandes sentidos da literatura é justamente este: um contínuo processo de conhecimento de si mesmo ou do ambiente em que o indivíduo se insere.

Nesse emaranhado de emoções, o leitor se espelha e, inconscientemente, acompanha a evolução moral de Hans Castorp, que aos poucos vai alterando a sua percepção a respeito da "planície". Todos precisam de um refúgio, um desligamento, mesmo que breve, do cotidiano e sua rotina, ocasião perfeita para reflexões íntimas que engrandecem, sob todos os aspectos. Como o protagonista na narrativa, somos todos enganados pela atmosfera lúdica e de outra realidade que é a vida em Berghof: tudo o que se acredita, em termos de tempo, doenças, religiões e mais uma imensidade de temas sofre enormes mutações, que a atmosfera do sanatório (que só pode ser sentida, e não descrita por quem lê a obra) provoca no íntimo de quem acompanha essa saga. A Montanha Mágica assume assim o viés de uma grande marreta, capaz de quebrar paradigmas e interiorizar abstrações: uma viagem em espiral pelo ato de refletir.
Nat 26/08/2017minha estante
Mais uma vez suas resenhas me fazendo sentir uma enorme vontade de ler o livro. Preciso começar a ler já! Resenha muito bem feita. Parabéns, Lucas.


Nat 26/08/2017minha estante
Imagino que você deve ter tido uma baita ressaca literária após ter lido está grande obra.


Nat 26/08/2017minha estante
null


Lucas 26/08/2017minha estante
Nobre Nathália! Pois é, já tive ressacas maiores, mas foi inevitável ficar um tempinho sem chão, digamos, estupefato, como mencionei ali Kkkk. Muito obrigado por ter lido-a. :)


Geison 02/10/2017minha estante
Puxa, incrível! Estava com receio de ler o livro, mas agora com essa resenha perfeita vou começar hoje mesmo ! Parabéns !




Annalay 24/08/2010

Lixo de edição
Abandonei o livro na metade não pela qualidade da obra em si, mas pelo LIXO que é esta tradução da Editora Nova Fronteira. NÃO COMPREM ESTA EDIÇÃO!
Anderson 15/03/2012minha estante
Annalay, você se refere á tradução do Hebert Caro? Até onde eu sei ele era alemão e viveu no Brasil. Foi o primeiro a traduzir Mann direto do alemão para nossa língua. Portanto, creio que seja a melhor tradução... Se eu estiver errado, me corrijam.


Annalay 15/03/2012minha estante
Creio que tenha me expressado mal, e em dois sentidos. Explico:

1. Quando reclamei da tradução não reclamei da tradução alemão/português, e sim do fato de haver páginas e mais páginas de diálogo em francês, não traduzidas. Posteriormente, soube que em quase nenhuma edição (e em quase nenhuma língua), essas partes são traduzidas. Parece que faz parte mesmo do ideal romântico do homem culto que deve ser obrigado a ter fluência em latim, francês e italiano. Infelizmente minha realidade é outra e, ao não serem traduzidas estas partes, o leitor médio fica prejudicado. É de certa forma, um ideal elitista. E neste sentido, reafirmo que a tradução é um lixo.

2. O que é ruim em essência, no geral do texto, é a revisão. Passaram alguns erros consideráveis de texto. Mas isso, sinceramente, é o que menos me incomoda, acontece. O problema é o explicitado no item 1.

Att.,
Annalay


Anderson 15/03/2012minha estante
Compreendo. Sei que há páginas e mais páginas em francês, e isto deve mesmo ser incômodo. Ainda não li porque sinto que não estou pronto . Seu último comentário me deixou aliviado. rs



Nélson 24/05/2013minha estante
Tenho essa edição e concordo com a tua opinião no primeiro tópico.
Além disso, acho que uma tradução decente deve usar notas de rodapé para auxiliar os leitores médios a entender referências artísticas, culturais e históricas, pois não somos obrigados a conhecê-las.
Ainda mais se tratando de uma obra quase centenária.
Enfim, resolvi o problema do francês achando um ebook e colando os diálogos no google tradutor, uma bela gambiarra.


Annalay 24/05/2013minha estante
Fico feliz de não ser a única descontente. E concordo com você, notas seriam uma ótima forma de situar o leitor no ambiente fatalista do pós-guerra e nos embates filosóficos que ele tem com personagens que representam outras vertentes de pensamento.




Oz 17/08/2017

Um clássico chato
Sim, eu sei que a Montanha Mágica é considerado uma das grandes obras da literatura mundial. Tem pontos positivos? Certamente. Dentre eles, pode-se destacar alguns diálogos mais filosóficos, que abordam a relatividade do tempo ou o conflito entre a as questões materiais e as questões religiosas. E são muito bem fundamentados e escritos. Thomas Mann com certeza tinha uma erudição acima da média. Mas, para o meu gosto, o positivo se resume a esses diálogos (e ainda com ressalvas, porque ainda assim é uma leitura pesada e travada).

O que temos ao longo da obra é a história de Hans Castorp, um jovem engenheiro naval alemão que decide passar um período visitando seu primo doente em um sanatório (um lugar onde se tratam pessoas com tuberculose) nos alpes suíços. Chegando lá, ele vai descobrindo que ele mesmo precisa/quer ficar ali em cima, se acostumando com os hábitos e a rotina dali. A história, então, gira em torno de diálogos travados entre os diversos personagens do sanatório, dentre os quais se destaca o humanista Settembrini, que vira uma espécie de tutor para Hans.

Só que são mil páginas de relatos e conversas. Mil páginas. E se fossem mil páginas leves, vá lá, mas longe disso. E vão dizer: aaaa, mas falam sobre amor, morte, doença, conflitos sociais, reflete a sociedade européia do pré Guerra, e isso e aquilo outro... Legal, mas tudo isso é entregado da forma mais acadêmica e rebuscada possível. Talvez fosse mais gostoso ler um tratado de filosofia ou uma tese de doutorado sobre a I Guerra. Temos desde um relato de diversas páginas de Hans estudando ou discutindo medicina e compostos biológicos - o que, na minha visão, é chato pra cacetada - até descrições massantes sobre a mudança de clima. Não bastando isso, é digno dizer que Hans se apaixona por uma hóspede e, quando finalmente decide conversar com ela, advinha só? Eles dialogam em francês! Ao menos nesta edição não há notas com a tradução. Ou seja, são basicamente umas 15 páginas em francês de um momento teoricamente aguardado e ansiado pelo leitor. Realmente, é de uma erudição e barroquismo que se tornam maçantes.

E assim prossegue o livro, com muita sisudez. Esse me parece ser uma obra que envelheceu mal, por isso não consigo defini-la melhor do que um clássico pra lá de chato. Infelizmente, não posso recomendá-lo.

site: www.26letrasresenhas.wordpress.com
Fabíola 03/09/2017minha estante
Por enquanto estou lendo a edição feita pela companhia das letras e tenho gostado bastante. Veremos no decorrer ...


Oz 03/09/2017minha estante
Espero que sua edição esteja um pouco melhor. Mesmo assim, pra mim o livro não foi muito agradável. Tomara que funcione melhor pra você. Boa leitura.


Vinicius.Freitas 20/05/2018minha estante
Eu tbm achei um dos livros mais chatos que li, curiosamente junto com outro clássico alemão, O lobo da estepe... demorei 2 meses pra ler q pareceram 2 anos hahahahaha


Sidnei 10/09/2018minha estante
O livro é chato e excessivamente longo, dava pra cortar muita coisa que não faria a menor falta. Tipo um capítulo gigante em que ele fala sobre as músicas que estavam disponíveis no acervo do sanatório, uma descrição extremamente cansativa que não vai a lugar nenhum.


Erika Neves.1 26/12/2018minha estante
Nossa, até que enfim encontrei alguém com a mesma opinião que a minha. Esse livro é chato pra caramba, já tentei ler 3x e sempre desisto.Simplesmente nada acontece além de um falatório inútil!
E o pior é ler tantas resenhas falando o quanto esse livro é maravilhoso, eu já estava até me achando a mais burra das criaturas pq não conseguia entender nada do que estava lendo. Fico feliz em ter encontrado seu comentário, pq agora sei que não estou sozinha.




Fabíola 22/02/2018

A montanha mágica
O que dizer de um livro como esse?
Simplesmente uma obra- prima. Realmente é uma grande escalada, são 848 páginas que abordam inúmeros assuntos, em geral extremamente densos e filosóficos. Foram 6 meses com paradas e retornos.
Thomas Mann, traz conversas interessantíssimas entre seu personagem principal Hans Castorp e outros "hóspedes" do sanatório internacional Berghof em Davos, Suíça. Logo nas primeiras páginas, ele deixa bem claro a singeleza do seu quase herói...A história se passará num mundo antes da guerra , mas que será alcançado num determinado período.
"Narrá-la-emos pormenorizadamente, com exatidão e minúcia- pois desde quando a natureza cativante ou enfadonha de uma história depende do espaço ou do tempo que exige? Sem medo de sermos acusados de meticulosidade, inclinamo-nos, pelo contrário, a opinar que realmente interessante só aquilo que tem bases sólidas."
Assim é possível perceber que será uma história repleta de detalhes, e cada capítulo insere assuntos como: literatura, artes, música clássica, filosofia...
Dentre vários personagens cativantes como seu primo o jovem Ziemssen , que arrancou lágrimas minhas no capítulo: Como um soldado, como um valente, teremos durante esses aproximadamente 7 anos de montanha, outros como Clawdia , uma mulher intrigante para mim... sua vida entrelaçada com a de Hans trouxeram muitas análises ao meu ver. Não poderia deixar de citar o Sr Settembrini e Naphta, que desfecho incrível entre esses artistas da vida.
O capítulo que me fascinou foi O trovão, nele poderemos entender a teia da narrativa traçada pelo autor...sonhar junto com nosso quase herói, sentir como tudo começou e todas mudanças durante essa jornada.
Não tenha dúvidas de ler A montanha mágica, não coloque meta de tempo, pois qual seria a graça?!
Entrou para meus favoritos.
Oz 22/02/2018minha estante
Haaaja fôlego para subir essa montanha!


Dan 23/02/2018minha estante
Todo fala bem do Mann. Nunca ali nada dele, vc falando assim foi ansioso para lê-lo logo. O Carpeaux disse que ele é o último grande escritor realista e que a obra do Mann é o canto do cisne do Realismo.


Dan 23/02/2018minha estante
Todo mundo fala bem do Mann. Nunca ali nada dele, vc falando assim foi ansioso para lê-lo logo. O Carpeaux disse que ele é o último grande escritor realista e que a obra do Mann é o canto do cisne do Realismo.


Fabíola 23/02/2018minha estante
Jordan eu nunca tive contato com nenhum escritor do nível dele.Na minha humilde opinião melhor do que Dostoiévski.
É realmente fantástico. Outro escritor que chamou minha atenção nesse nível, mas de uma forma bem diferente foi Raduan Nassar.


Fabíola 23/02/2018minha estante
Oz como disse...em uma obra como essa o tempo tornar-se realmente subjetivo. Vale à pena ler.




GilbertoOrtegaJr 25/10/2015

A montanha mágica – Thomas Mann
Eu, normalmente, não costumo ler muitos livros clássicos, mas estou tentando ler mais livros deste estilo para melhorar minha formação como leitor. Em geral as pessoas acreditam que livros clássicos são sempre muito densos, com muitas páginas e escritos há muitos anos. Todos estes critérios são atendidos pelo livro A montanha mágica, mas, mesmo assim, o livro não é chato de forma alguma, pelo contrário é muitíssimo interessante, seja como obra de arte seja como diversão.

O livro conta a história do jovem alemão Hans Castorp que vai visitar seu primo Joachim, este por sua vez está em um sanatório localizado no topo de uma montanha da Suíça. Na visita Hans Castorp pretendia ficar por apenas três semanas, mas de alguma forma ele passa a ficar lá por tempo indefinido. Ressaltarei abaixo alguns aspectos que achei interessante neste livro;

A montanha: localizada na Suíça preferi aqui falar sobre a montanha do que do sanatório, pois é ela que cria todo o tom que dominará as primeiras páginas do livro e mostrará o estranhamento que Hans Castorp teve nos seus primeiros momento no sanatório. Ali no topo desta montanha existe um modo de vida, social e cultural, totalmente diferente das quais as outras pessoas estão acostumadas, passando por um clima único e outras peculiaridades.

A magia: O termo magia aqui foi usado por mim como um eufemismo para um dos elementos presente neste livro, que é um constante tom de irrealidade que domina a obra desde quando se fala na contagem do tempo nesta montanha, ou, por exemplo, no momento em que Hans Castorp participa de uma sessão espírita, e até mesmo quando ele se deleita com o novo toca discos.

O humor: Justamente para que tudo o que ali não seja levado demasiadamente a sério é que o jovem Castorp passa a ter um senso de humor incomum, para que consiga encarar momentos como uma paciente que produz sons com seu pulmão após uma operação, ou um tipo de competição interna de quem está com mais febre entre outros, sem deixar nunca de avaliar as coisas com uma veia humorística muito elegante.

O choque de mentalidades: Para muitas pessoas os constantes diálogos filosóficos (ou o termo mais adequado seria debates?) protagonizados por Naphta, que é conservador, veio de uma família judaica, mas acaba não tendo chance de subir na carreira na igreja por ter uma saúde frágil, é isso um dos motivos que fazem com que ele seja profundamente revoltado, a favor de conflitos e radical. Setembrini ao contrário é profundamente humanista, e por isso tem grande otimismo é muito mais pacífico. Para muitos eles podem serem vistos como os valores que entram em choque na primeira guerra mundial de um lado a democracia, o moderno e progresso, do outro o totalitarismo, a tradição. É destes mesmos embates que eu menos gostei na trama, uma vez que nem o próprio Hans Castorp e seu primo Joachim encaram estes discursos com grande seriedade.

A doença: Outro tema forte na trama é a doença, mais especificamente a tuberculose que era um mal muito comum naquela época, sendo inclusive um tipo de troféu por alguns artistas mais românticos, e durante muitos anos sem ter uma cura ou tratamento que acabasse com ela de forma certeira.

Além de tudo isso Hans Castorp ainda acaba se apaixonando pela personagem Clavdia Chauchat, que senta na messa dos russos distintos, mas esta paixão demora a evoluir para o campo das ações, chegando ao cúmulo de na primeira metade do livro não tem nem cinco momentos em que eles se falam diretamente. Porém isso acaba mudando quando após deixar o sanatório ela retorna para ele após alguns meses junto a seu marido Peperrkorn. E este trio formara um dos grupos mais interessantes do livro, assim como é a relação de Hans com seu primo.

É por esta infinidade de temas, e pela escrita elegante do autor que recomendo muito aos interessados que não percam tempo e escalem está montanha, o que se pode ver no seu topo é mágico e inigualável sendo com razão um dos livros mais importantes da literatura mundial.

É por esta infinidade de temas, e pela escrita elegante do autor que recomendo muito aos interessados que não percam tempo e escalem está montanha, o que se pode ver no seu topo é mágico e inigualável sendo com razão um dos livros mais importantes da literatura mundial.

site: https://lerateaexaustao.wordpress.com/2015/10/26/a-montanha-magica-thomas-mann/
Ladyce 26/10/2015minha estante
Adorei a sua resenha. Deixei uma notinha lá no blog. Cada vez melhor, cada vez mais sofisticado no pensar. Parabéns.


Renata CCS 27/10/2015minha estante
Cativante a sua resenha! Gostei muito.


Leonardo 13/11/2015minha estante
Sua resenha consegue ser leve e ter conteúdo ao mesmo tempo. Essas são qualidades difíceis em um texto longo, onde prolixidade é a tendência. Parabéns!


Juliana 05/10/2016minha estante
Bela resenha!




324 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR