Helder 09/09/2015Literatura Lúgubre e sem esperançaAcho que é a primeira vez que consigo usar esta palavra, mas acho que ela se encaixa perfeitamente neste livro.
Na época que o comprei, lembro de ter consultado as resenhas do skoob e ficado com muita vontade de le-lo. Agora, após terminar a leitura com um certo custo, voltei aqui e mais uma vez me senti um ET, já que grande parte das pessoas adorou o livro, diferente de mim, que em muitos momentos me perguntei qual era o objetivo de tudo aquilo.
O livro deveria ser um conto de fadas com uma mensagem no final, ou era o que eu esperava lendo as resenhas e vendo a bela capa e encadernação do livro, mas não foi o que encontrei.
O livro é uma grande junção de fatos escatológicos que nos levam para um final completamente sem esperança. E achei triste e sem sentido ler um livro assim, e por diversas vezes me perguntei qual o sentido de tudo aquilo, e para qual público o mesmo foi escrito. Nem pense em indicar este livro para uma criança, pois certas passagens beiram o mais trash filme de terror. Já para um adulto, também não sei se é indicado, pois o que nos acrescenta conhecer uma mulher que mistura corpos de crianças a animais para poder caça-los?? Qual a mensagem disso?
Todo livro tem que ter mensagem, vão me perguntar? Sei lá, talvez não, mas em minha opinião, um livro tem que agregar algo a minha vida. Pode ser o misero prazer da diversão, trazido por best sellers tipo Dan Brown, que muitas vezes terminam junto com a leitura, já que esquecemos todas as baboseiras junto com o termino do livro, ou me fazer realmente pensar sobre a realidade que me cerca como Lionel Shriver ou Saramago, que ficam nos cutucando meses após a leitura, como se fossem feridas não curadas.
Neste livro, comigo, não rolou nenhum dos dois sentimentos.
Difícil acreditar que a imaginação de David, um bom menino que adora ler, que perdeu a mãe para um câncer e não aceita o novo casamento de seu pai, que ainda lhe trouxe um novo irmão, fosse capaz de criar um mundo tão lúgubre (olha ela ai de novo!) e cruel.
David encontra um buraco em seu jardim e, assim como em Crônicas de Nárnia, vai parar em um outro mundo. Mas bem diferente de Narnia e sua Rainha de Gelo. Aqui existem lobos quase humanos, um monstro que não se sabe de onde veio, uma caçadora com hábitos psicopatas, e etc. O importante é descrever cenas com bastante sangue. Ok, David chega ali um menino e sai dali um homem, mas o autor acredita que quanto mais explicito for nas dilacerações dos personagens, mais entraremos na estória. Para mim o efeito foi inverso. Achei tudo extremamente gratuito e perdido no meio da narrativa. O capitulo onde ele descreve as atrocidades do Homem Torto deveria ser estudado em aulas de redação. Quem está descrevendo aquilo tudo? O que acrescentou a estória? Qual personagem do livro sabia daquilo, além do narrador (autor) e você leitor? Não tinha como incluir aquilo de maneira mais leve e orgânica na narrativa? Do jeito que ficou, me pareceu que foi feito exatamente para chocar e só.
A única parte que curti realmente foi a da Branca de Neve, pois era aquele cinismo que eu procurava. Imaginei até o príncipe “ picando a mula”.
Ela ainda tenta incluir alguns assuntos mais adultos no meio da narrativa, misturando realidade com conto de fadas, como os anões socialistas e o cavaleiro e seu amor perdido, mas nada parece fluir legal. É como se fossem esquetes somente. Aparece o tema, e ele some, assim, como apareceu. Nada é aprofundado.
De resto, a mensagem que ficou para mim foi : O mundo, é, está e será sempre fodido. Não adianta lutar contra. Só não se esqueça de amar seu irmãozinho!
Muito triste. Não recomendo ler em dias de inverno.