Resenhas - Los siete locos

Nubia.Frederico 08/04/2022

Da série: livros que li na graduação hahaha

Esse livro é uma obra prima.

Aqui temos uma Buenos Aires completamente angustiada e melancólica. O autor, Robert Arlt, escreveu nesse livro sobre a perspectiva da Buenos Aires marginalizada. Nesse livro, a cidade não é um mero plano de fundo, um cenário; aqui, a Buenos Aires é parte importante da história. O protagonista do livro, que já no começo da história é acusado de roubo e mais a frente é abandonado pela esposa, é um homem extremamente angustiado, melancólico e que vive tendo diversas crises existencialistas. A todo momento ele para pra refletir sobre suas ações e sua vida.

Além desse tom pessimista, notamos também a influência da política na história do livro. Um dos personagens, o Astrológico, sonha em criar uma sociedade secreta, pois ele vê como outras sociedades (como a KKK nós EUA) tem influência na política e o poder dos países.

Esse é um livro que deve ser lido da perspectiva de que o autor está criticando a todo momento a verdadeira Buenos Aires, a verdadeira política que era exercida naquela época.

AleixoItalo 30/08/2021

Figurando em algumas listas de melhores romances argentinos do século XX, 'Los Siete Locos' é uma obra pessimista, com menor energia mas que ainda assim merece um lugar na estante ao lado de seus Roths, Bukowskis e Dostoiévskis!

No enredo um grupo de conspiradores tramam a criação de uma sociedade secreta baseada em crimes e valores profanos, para substituir o governo e implementar uma realidade distópica. Quem narra tal aberração é Remo Erdosain, um inventor fracassado que perambula pelos antros de Buenos Aires refletindo sobre o gênero humano e sobre tal empreitada.

Longe de ser uma distopia ou de possuir objetivos específicos, 'Los Siete Locos' é um monólogo pessimista. Ao longo de suas páginas, reflexões sobre sexo, virtuosidade, depravação, crime, impunidade, dogmas, irrompem a medida que Erdosain encontra outros personagens tão desencontrados quanto ele mesmo.

Ao propor a existência de valores opostos aos tradicionais e a canonização de símbolos profanos, Roberto Arlt faz coro ao inexorável niilismo de Dostoiévski. O pessimismo existencial, talvez maior legado do escritor russo para a literatura mundial, mais uma vez se faz presente em uma busca sem fim pelo significado e a razão de viver.

'Los Siete Locos' me lembra muito outra obra pessimista influente no século XX: 'Viagem ao Fim da Noite' de Céline, com uma diferença, enquanto os personagens de Céline se entregam ao pessimismo em aceitação, os de Arlt desejam usar esse pessimismo como pilar para uma nova sociedade (um simulacro do que teria sido as revoluções socialistas e fascistas), uma tentativa de fazer o mundo funcionar pelo desejo de uma minoria manipuladora.

O irônico é que ao invés de perturbar o leitor com sua narrativa, a tentativa dos conspiradores de estabelecer uma realidade coesa nos lembra que o mundo civilizado é uma fina camada que flutua sobre um turbilhão de inquietações e insanidades que carregamos dentro de nós!