jota 12/09/2016Feio por fora, bonito (interessante) por dentro...Não gosto das edições da Ática (acho feias suas capas da série Para Gostar de Ler) mas esta coletânea organizada por José Paulo Paes é muito boa. Certo, ela é voltada para estudantes, mas contempla treze histórias de sete dos mais importantes autores de todos os tempos. Que também foram excelentes contistas. Vamos a eles:
Meu Tio Jules e Alexandre são duas histórias escritas pelo melhor contista francês de todos os tempos, Guy de Maupassant (1850-1893). São curtas, envolvem situações afetivas (familiares na primeira e entre empregado e patroa na segunda). Maupassant é sempre fácil e gostoso de ler. Quatro estrelas e meia.
O russo Anton Tchekhov (1860-1904) nos traz dois contos bem-humorados, igualmente curtos: A Mulher do Farmacêutico e O Bilhete Premiado, também envolvendo relações familiares. Ambos são leves e o segundo é quase uma anedota. Quatro estrelas e meia.
O Retrato Oval e O Coração Delator, ambos do americano Edgar Allan Poe (1809-1849) e como não poderia deixar de ser envolvem personagens misteriosos e situações estranhas, até mesmo sobrenaturais. Em minha leitura achei os dois apenas medianamente interessantes, não os apreciei tanto assim. Três estrelas.
Voltaire (1694-1778) é o autor de duas narrativas bastante criativas, com muita graça. São textos bem conhecidos, presentes em muitas antologias: O Carregador Caolho e Memnon ou a Sensatez Humana. O tempo não os envelheceu: são dos melhores desta coletânea. Cinco estrelas.
Também tem o americano Jack London (1876-1916), insuperável quando se trata de histórias de aventuras. A primeira é sobre um jovem e arguto caçador esquimó, A História de Keesh; a segunda, A Sabedoria da Trilha, versa sobre um pequeno grupo de índios e brancos numa situação extremada no ambiente gelado e deserto das terras do Norte. Cinco estrelas para Keesh; três estrelas e meia para o segundo conto.
De Franz Kafka (1883-1924) a coletânea apresenta duas histórias bastante diferentes. A primeira, de pouco mais de uma página, é A Ponte, um texto hermético, pleno de metáforas, que nem mesmo os especialistas no autor tcheco são unânimes na sua interpretação. Já Um Artista da Fome é plenamente compreensível, uma pequena obra-prima. Duas estrelas pela leitura do primeiro texto; cinco para o segundo.
Finalmente temos o espanhol Cervantes (1547-1616), com apenas um conto, mas que poderia valer por vários de outros autores, O Casamento Enganoso, uma comédia de costumes, de fato. É ótimo, muito engraçado e tem até moral no fim (uma citação de Petrarca). Cinco estrelas.
Lido entre 05 e 11/09/2016. Minha avaliação: 4,3.