spoiler visualizarkafkiana 26/05/2024
O CASTIGO FOI UMA SALVAÇÃO
Crime e Castigo é um daqueles livros que deixa você sem palavras, costuma te deixar PERPLEXO, é um livro forte, bem escrito, instigante, emocionante, triste e belo.
O autor fala sobre religião, compaixão, dor, decepção, amor, desespero, angústia, de um crime, de um castigo e do perdão com uma sensibilidade absurda.
Enquanto eu lia eu pensava em como Dostoiévski parecia conhecer a humanidade de uma forma quase que completa, seus personagens têm sempre uma carga única de personalidade, são complexos, vítimas e culpados dos seus próprios destinos. E era como se cada um carregasse um pouco de mim mesma, sabe?!
Outra coisa que me marcou durante da leitura, foi a brilhante forma em que o autor transmitia para o leitor o cenário e as emoções, eu me via no quarto do Raskólnikov, eu conseguia visualizar a feição dos personagens, sentir seus medos, suas dores, seus arrependimentos e o seus desesperos. Deve ser por conta disso que eu sofri tanto junto com o Semeon Marmieládov que se culpava pelo seu vício, sofri com o final de sua companheira, com a morte Pilkhéria Alieksandrovna, com a vida de Sônia, com a reação de Dúnia quando descobriu que seu irmão era assassino ou com Raskólnikov se despedindo da sua mãe.
Tiveram diversas partes do livro que chamaram bastante a minha atenção e por incrível que pareça eu nem estou falando da cena do assassinato, refiro-me da visita da mãe do Rodion vendo a situação lamentável do filho, eu falo do desespero do Dmitri Razumikhin tentando ajudar seu amigo, falo da raiva do Raskólnikov dele mesmo e de tantos outros acontecimentos do livro que ficaram com toda certeza em minha mente.
Enfrentar os delírios e a perturbação mental do Raskólnikov junto com ele foi algo angustiante em certos momentos, confesso que aquele final foi como um alívio para mim até porque eu criei uma certa simpatia pelo protagonista e perto do finalzinho o que eu mais queria que acontecesse é que ele encontrasse paz para seu espírito. O cárcere do Raskólnikov libertou sua alma, a prisão tornou ele livre, sei que isso pode até soar contraditório e talvez a beleza toda esteja nessa contradição. Eu não menti quando falei no início que o livro era belo, com toda a certeza a minha leitura favorita desse ano.
Gosto de como Dostoiévski não precisa romantizar e nem justificar os erros de seus personagens para que a gente consiga criar empatia por eles, acho muito interessante isso porque a gente para de exercer o papel de juiz da moralidade que quer condenar o pecador a todo custo mas também não deixamos de reconhecer que um ERRO é um ERRO independente do arrependimento que a pessoa que comete ele sinta. O que mais me deixava desapontada com o Raskólnikov era justamente a falta do arrependimento mas mesmo assim eu não consigo odiar ele até porque seria muita hipocrisia falar que eu nunca desejei a morte de alguém muito ruim em algum momento da minha vida.
Obrigada Fiódor Dostoiévski por TANTO. Que livro maravilhoso. 10/10!!!!