spoiler visualizarrodrigueswlucas 10/11/2022
1. O divino estenógrafo: o autor assevera como Victor Hugo está presente na obra. Ele se manifesta livremente e induz ou guia o leitor em sua interpretação.
2. O veio negro do destino: aqui ele alude aos momentos em que os principais personagens são atraídos para um mesmo cenário a fim de construírem uma interação. Ele cita três desses momentos, chamados por ele de crateras ou ratoeiras-imã. a. A emboscada na masure Gorbeau; b. A barricada de Chavrerie; os esgotos de Paris. Por fim, conclui que os personagens estão marcados pelo destino a eles dado pelo autor da ficção e por isso tem uma liberdade restrita.
3. Os monstros pontilhosos.
Nesse capítulo o autor enfatiza que a natureza maniqueísta do romance estabelece arquétipos ou personagens sem nuances em sua personalidade, afastando o caráter humano e impedindo que o leitor possa se identificar com ele. Nesses extremos estão o bispo de Digne e Jean Valjean (bons); Javert (justo); Thénardiers (maus). O personagem mais humano é Marius. Há também os personagens coletivos, os quais aparecem juntos e dificilmente consegue-se especificá-los como os amigos do ABC e os bandidos do Patron-Minette.
4. O grande teatro do mundo
O autor demonstra que o romance é uma representação da vida real e o compara a um espetáculo teatral no qual os personagens são movidos de acordo com os seus papéis na trama. Assevera ainda que aspectos como luz e sombras são utilizados para representar ações positivas e negativas, respectivamente. Os cenários também exercem importante relevância.
5. Ricos, pobres, rentistas ociosos e marginais
Injustiça social e fatalidade. Mudanças de ideologia de V.H. ao longo da escrita do romance. Críticas sobre a verossimilhança de passagens como a prisão de Jean Valjean por ter roubado um pão e por Fantine ter sido demitida por ser mãe solteira. A luta do autor contra a pena de morte, contra o sistema judiciário penal que aplicava penas desproporcionais, cruéis e degradantes. Também aponta as condições precárias de trabalho e os salários de fome pagos em profissões como costureira e construtor de carroças. Assevera aqinda a dificuldade da condição de mulher na sociedade do século XIX na qual "...quando a ordem social a aceita, é considerada uma menor; quando a ordem social a rejeita, é uma infame... Quase poderíamos dizer que a mulher está fora da lei."
6. Os civilizados da barbárie
Nesse capítulo o autor se refere a insurreição de 1832 e ao personagem Enjolras. Explica que insurreição retratada no livro é apenas baseada nos fatos, assim como a batalha de Waterloo. Para ele, também não há uma clara explicação sobre os fundamentos e motivos que levaram os insurgentes a combaterem, mesmo sabendo que não tinham nenhuma chance de sobrevivência. Talvez fosse um ato para que a humanidade caminhasse a passos lentos para o progresso a partir da ideia de rebeldia contra os princípios da monarquia que ali se instalava e suas repercussões na sociedade. Victor Hugo teve contato com o advento da insurreição, em meio a um passeio teve que se esconder do tiroteio que anunciava o início da revolta a partir do enterro de Lamarque. O que consta no livro é fruto de conversas que o autor teve com quem participou mais ativamente no campo de batalha.
7. Das alturas do céu
Nesse capítulo o autor expõe natureza de Victor Hugo como sendo um narrador-Deus, pois seu romance pretende citar a totalidade das coisas, o pequeno e o grande não tem diferença, todos os elementos são importantes, pois diferente do homem comum o narrador-Deus tem consciência de todo o cenário do romance e não apenas uma parte. Há uma perspectiva divina e religiosa na qual o ser humano caminha para a redenção.
8. A tentação do impossível
O autor traz a análise crítica de um contemporâneo de Victor Hugo, Lamartine, o qual asseverou, basicamente, que Os miseráveis teria o poder de subverter a ordem social, pois se tratava de um romance no qual os personagens possuem características impossíveis e inverossímeis. Ninguém é tão santo quanto Monsenhor Bienvenu ou tão correto como Jean Valjean, ou até mesmo, justo com Javert. Lamartine acreditava que o referido romance tinha o potencial de fazer com que as pessoas confundissem o real com o irreal.