Analuz 23/10/2022
Este segundo volume (que contém os livros 4 e 5 da extensa obra de Yoshikawa) mantém o ritmo do anterior, tanto nos pontos positivos (que se destacam) quanto nos negativos. Não nego que em muito me agrada a jornada de Musashi pelo seu aperfeiçoamento enquanto samurai, mas confesso que o ritmo das histórias deixou tudo um tanto monótono depois de um tempo.
É interessante perceber que, dentre as constâncias da escrita, vemos um protagonista que, apesar de heroico, permanece humano. Se no volume anterior o víamos em luta contra o seu passado "raivoso" e rebelde, aqui vemos mais a sua maturidade sexual, em que lida com as tentações da carne. E, apesar das provações do rapaz, nota-se que ele possui um espírito... digamos que mais evoluído que qualquer outro samurai apresentado (em todos os sentidos morais).
Fora a percepção isolada acerca deste livro, devo comentar sobre minha experiência ao ler uma obra bem distante, mas que contém muitas semelhanças: "Os Miseráveis". Ter lido a criação de Victor Hugo entre os dois primeiros livros de "Musashi" me fez ver claras referências e possíveis inspirações do romantismo de Hugo para a escrita de Eiji Yoshikawa. Foi simplesmente impossível não relacionar os encontros e desencontros constantes (e sem pretensão) dos protagonistas ao longo de suas trajetórias pelo Japão feudal, além de algumas vitórias mirabolantes de Musashi em vários conflitos e até mesmo a sua característica de herói invencível, ainda que humano e passível de erros.
Por fim, apesar de ter gostado da experiência de leitura, pretendo aguardar um pouco para encerrar a série, pois, dado o ritmo apresentado até então, provavelmente o volume final se dará de forma também repetitiva. E, embora eu goste da escrita de Yoshikawa, não nego que bateu aquela ressacazinha ao longo da leitura....
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