Painite 07/12/2023
Ótimo
A escrita de Machado de Assis como sempre penetrante e crítica, dirigindo seus olhares ao interior das famílias de classe média alta do Rio de Janeiro do século XIX e revelando os pensamentos e desejos dos indivíduos daquela época com uma maestria característica da escrita machadiana.
O romance inicia sua narrativa com um pedido de ajuda (mandado por carta) da personagem Valéria (mãe de Jorge) ao personagem Luiz Garcia (pai de Iaiá Garcia que da o título a obra). O que Valéria deseja é que Luiz convença Jorge a ir servir na guerra do Paraguai, dando a desculpa de que isso seria um símbolo de patriotismo, um exemplo às outras mães e blá blá blá. O motivo real é que ela se preocupa com o fato de seu filho estar apaixonado por uma mulher de uma classe social inferior, Estela, e que essa paixão possa um dia vir a se tornar um casamento. A partir daí se começa o desenrolar da história.
Até hoje não li um romance do Machado de Assis em que os apaixonados terminam juntos e felizes, acredito que o autor não está muito interessado em atrair o leitor com romances superficiais e fáceis de se digerir, como A Moreninha, mas sim em desenvolver com cada personagem a proposta que o romance propõe ( Explico ). Cada personagem é um mecanismo que o autor usa para passar sua mensagem, assim como em Quincas Borba onde a teoria Humanitas apresentada por Quincas Borba antes de morrer no início do livro é desenvolvida e comprovada no decorrer do livro na história de Rubião, Palha e Sofia; nesta obra o que o autor quer desenvolver no decorrer do romance é a ideia de que o tempo transforma as pessoas, como um químico invisível, e faz com que o amor se torne ódio, a estima se torne apatia e o desprezo, paixão.
O tempo também é o protagonista invisível desta obra, pois subjuga os personagens à mercê dele, levando -os para onde deseja que vão e mostrando a sua superioridade e impresibilidade.
Por fim, me pergunto se o fim que levou Estela foi feliz ou triste, pois será que o seu orgulho a protegeu ou a aprisionou?