priscila.wenzel 23/07/201650 Sonetos
Esse livro é uma outra coleção com 50 sonetos de William Shakespeare. Alguns se encontram em português, outros em inglês.
“Meus olhos, qual pintor, tua beleza
Retrataram no escrínio de meu peito;
Meu corpo é a moldura em que está presa:
Na arte da perspectiva fui perfeito.
Pois através do artista diligente
Vês onde jaz a tua imagem fina:
Na loja do meu peito está pendente
E teus olhos reluzem na vitrina.
Uma troca de olhares que bem faz:
Meus olhos te pintaram, são os teus
Janelas de meu peito onde se apraz
O sol a te espreitar nos antros meus.
Mas os olhos têm sua restrição:
Pintam o que veem, não o coração.”
“Que eu não veja empecilhos na sincera
União de duas almas. Não amor
É o que encontrando alterações se altera
Ou diminui se o atinge o desamor;
Oh, não! Amor é ponto assaz constante
Que ilesos os bravos temporais deforma.
É a estrela guia do baixel errante,
De brilho certo, mas valor sem conta.
O amor não é jogral do Tempo, embora
Em seu declínio os lábios entorte.
O amor não muda com o dia e a hora,
Mas persevera ao limiar da Morte.
E, se se prova que num errou estou,
Nunca fiz versos nem jamais amou.”