Raquel 09/12/2016
Não desista no primeiro capítulo
Não desista da leitura no primeiro capítulo. Ele é tão enfadonho, tão maçante e se arrasta tão, tão, mas tão lentamente, que a vontade é desistir da leitura. Mas não o faça; vale a pena persistir e continuar.
A verdade é que a gente fica meio traumatizado com a leitura do primeiro capítulo e acaba demorando para ler os restantes; mas, parando para analisar, os capítulos seguintes, ainda que escritos em um português de 1872 (ano de lançamento do livro), são extremamente fáceis de ler, compreender, e são até gostosos, daquele tipo que a leitura acontece facilmente, flui bem.
O livro conta a história seguindo o tempo todo o personagem Cirino, como se o narrador-observador estivesse interessado apenas em saber a história tangente à vida do Cirino. Pois bem, o tal de Cirino é um aspirante a médico que calha de ir parar na casa de Pereira, um mineiro bem tradicional (!) que tem uma filha chamada Inocência, a qual é, segundo o narrador, extremamente formosa e bela.
Inocência está doente e precisa de cuidados médicos, os quais Cirino se candidata a tratar. Daí, a história começa a se desenrolar de uma forma clichê, até o aparecimento de Meyer, um alemão naturalista que está no Brasil caçando borboletas e "ancietos" (como diria Pereira sobre insetos). Meyer é um "figurão", que é quase o "Timão e Pumba" da história. Sem ele, acho que a história seria mais sem graça, e nos remeteria bastante à literatura brasileira de amor e sofrimento que estamos acostumados.
Mas Meyer dá um toque de humor, alegria e graça na história, sempre caçando suas borboletas e expressando sua admiração pela beleza de Inocência, o que faz com que Pereira, como um bom e tradicional mineiro, vá à loucura com o nervosismo de ver sua linda filha, prometida em casamento para Manecão, sendo admirada por outro homem, ainda mais um homenzarrão como Meyer.
É uma história gostosa, mas que nos leva traumatizados o tempo todo na leitura por conta do medonhíssimo primeiro capítulo.
É uma leitura que eu recomendo; só não o faço para semana de provas. Recomendo mais para uma semana pós-prova, quando você ainda tem sinapses e neurônios funcionando bem por causa dos estudos, mas precisa relaxar um pouco com uma história "mamão com açúcar".