Matheus 06/08/2020
Homem lobo do próprio homem?
William Golding concebe Lord of the Flies como uma fábula cujo simbólico, paralelo à narração, revela uma tese sobre a maldade humana.
Inicialmente somos apresentados à Ralph, Piggy, Jack Merridew, Simon, Roger e dezenas de outros garotos perdidos numa ilha deserta. Sobrevivência e resgate são, primeiramente, o foco da organização social rudimentar se forma, e para qual elegem democraticamente um chefe, Ralph.
Contudo, à medida que a ausência dos adultos se torna cada vez mais notável, o pacto começa a colapsar, implodido pela indisciplina e pelo medo crescente. A derrocada da ordem e a ascensão de um violento conflito é praticamente inevitável, ao ponto que a lembrança da "civilização" e a esperança de resgate se tornam cada vez mais remotas.
É na condução dessa espiral caótica que se nota a grandeza literária da obra. Como um exímio escritor, Golding lapida a trama com um subtexto impressionante. Em cada detalhe, um significado. Em termos literários, o livro é irretocável.
Após o autor ter visto de perto o rosto da guerra, é fácil compreender porque a maldade humana repousa no núcleo de sua obra. Golding a retrata como um entalhe mais profundo na alma humana, que aquele deixado pela moral e pelas normas disciplinares.