Dhiego Morais 18/03/2015A MaldiçãoDepois de ler O Aprendiz, o primeiríssimo volume da série “As Aventuras do Caça-Feitiço”, não pensei duas vezes qual livro escolher para ler em seguida. Estava claro que eu precisava continuar acompanhando a história de Thomas e do senhor Gregory. Joseph Delaney soube como construir uma boa história regada de suspense e aventura, viciando o leitor a cada capítulo lido.
Thomas Ward é o sétimo filho de um sétimo filho, e isso o torna muito especial, pois pessoas assim possuem a capacidade de ver o sobrenatural. Desta forma, resta a Thomas apenas uma profissão: a de aprendiz de Caça-Feitiço.
O livro já inicia com ação e muito suspense, pois Tom precisa enfrentar um grande desafio: ele deverá amarrar um tipo de ogro extremamente perigoso; um estripa-reses que se descontrolou e provou sangue humano. É dever do aprendiz fazer de tudo para detê-lo antes que algo pior aconteça em Horshaw. Tom consegue passar pela provação, mesmo lembrando-se do que acontecera a um dos antigos aprendizes do Caça-Feitiço que morrera ao tentar amarrar uma dessas criaturas.
As coisas não acontecem no devido tempo e o Caça-feitiço recebe a notícia de que o seu irmão, um padre, faleceu. Não restam opções e eles se veem viajando à Priestown para o funeral.
Se em O Aprendiz nós tivemos uma transição entre a introdução da história até a chegada da ação e do suspense prometido, neste, tudo ocorre mais rápido e nós não temos muitos momentos para reclamar de uma leitura parada ou tediosa. Joseph Delaney sabe como prender o seu leitor e torna a leitura cada vez mais complicada de se abandonar.
John Gregory possui um trabalho inacabado em Priestown que pode significar a morte de todos, caso fracassem. O que acontece é que o Caça-Feitiço uma vez enfrentou uma criatura sombria e malévola, mas não a derrotou. Preso nas catacumbas da Catedral está o diabólico Flagelo, um ser tão cruel quanto o seu nome condiz.
O enredo de A Maldição não para por aí, e Delaney demonstra que ser Caça-Feitiço é sinônimo de problemas. A figura do Inquisidor surge para atormentá-los e capturar todos os que lidam com as trevas, e Tom deverá correr contra o tempo se desejar ver Alice viva.
Neste volume descobrimos mais sobre o passado do senhor Gregory e, principalmente sobre a misteriosa vida da mãe de Thomas. O livro está repleto de surpresas e entretêm ainda mais que o seu predecessor.
“— Você já é aprendiz do sr. Gregory há seis meses; portanto, teve bastante tempo para ver as coisas com os seus próprios olhos. E, a essa altura, as trevas já o notaram e farão de tudo para matá-lo. Você corre perigo, filho, e, por um tempo, esse perigo tenderá a crescer. Mas não se esqueça. Você também está crescendo. E está crescendo depressa. Cada hausto, cada batida do seu coração o torna mais forte, mais corajoso, melhor. John Gregory vem lutando contra as trevas há anos, preparando o caminho para você. Porque, filho, quando você for homem, então será a vez de as trevas ficarem com medo, porque você será o caçador e não mais a caça. Foi para isso que lhe dei a vida.”
As personagens amadureceram, assim como a escrita de Delaney. Vemos Thomas levar mais a sério os seus estudos, apesar de que a sua teimosia ainda persiste — e muito. Também observamos o jovem aprendiz lidar com o seu irmão mais velho, que, a medida que vê o pai adoecer, torna-se mais ranzinza e insuportável.
Em A Maldição a aventura só está começando. O Flagelo provará ser um inimigo poderoso e difícil de derrotar. Deste modo, surgem as previsões da mãe de Thomas e uma carta no mínimo aterradora. Tenho certeza de que ela ainda terá um papel importantíssimo na série, e segredos ainda mais mortais.
Por falar em segredos, curioso como é, Tom encontra pistas sobre o passado do Caça-Feitiço e descobre fatos surpreendentes — não contarei para não estragar a surpresa! — que colocarão em jogo a honra e a crença em seu mestre.
Mais uma vez a diagramação está impecável. A Bertrand Brasil mantém a qualidade das capas e aquele lembrete na contracapa, extremamente convidativo de “Cuidado: Não deve ser lido à noite!”. Além disso, a tradução de Lia Wyler (a mesma tradutora de Harry Potter!) está ótima e sem erros (ao menos não me lembro de nenhum).
Com um final instigante, resta apenas ler o próximo volume e descobrir o que o autor nos reservou!
“[...] Contudo, dos três que enfrentarem o Flagelo, somente dois sairão vivos das catacumbas. [...]” — Trecho da carta da mãe de Thomas.
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