Filino 25/05/2021
Esclarecedor, instigante, agradabilíssimo - e indispensável
Por que alguns países dão certo e outros fracassam? A pergunta é singela e importantíssima; a resposta, por sua vez, é urgente. E esse livro é simplesmente sensacional, ao apresentar uma explicação para um questionamento dessa magnitude.
O argumento central dos autores repousa em dois pilares: o primeiro consiste na noção de instituições políticas e econômicas inclusivas ou extrativistas - ressaltando que a política influencia a economia e vice-versa. O caráter inclusivo pressupõe uma sociedade plural, com respeito às diferenças e a possibilidade de se fiscalizar o poder central. Isso possibilita inovações (ainda que haja uma "destruição criativa" que venha a contrariar alguns interesses) e, por consequência, a geração de riquezas. Em contrapartida, o caráter extrativista é aquele em que uma elite "suga" as riquezas de uma nação para o próprio benefício - e para assegurar isso, não mede esforços para tolher quaisquer vozes dissonantes ou até mesmo inovações que venham a contrariar seus interesses.
O outro pilar defendido pelos autores é a existência de um poder central efetivo e que se submeta à lei, respeitando direitos individuais. Efetivamente, não há como se pensar em desenvolvimento sustentável numa nação em que o poder central não consegue, sequer, ser constituído; que não promove a segurança jurídica e nem respeita a propriedade privada.
Os autores desenvolvem longa e exaustivamente esses dois conceitos - e nessa exposição, igualmente demolem concepções deterministas (ou fatalistas) da História. Citam as experiências de diversos países para ilustrar o ponto de vista do livro: de Botsuana à China; da Revolução Gloriosa à guerra civil de Serra Leoa. E servem-se, também, de fatos arqueológicos, desde a Revolução Neolítica até os Maias. É um apanhado riquíssimo.
O ato de leitura dessa obra, por si só, é um aspecto que deve ser destacado. É uma experiência agradabilíssima. O texto é bastante fluido e didático; prende (e muito) a atenção do leitor. Todas as referências a episódios e passagens relatadas em cada capítulo podem ser encontradas ao final, como referências para leituras posteriores, tornando desnecessária a existência de notas de rodapé - e deixando o texto muito, muito bom de se ler. Mesmo contando com um cabedal imenso de informações, os autores escreveram um livro de fácil compreensão e que, ainda assim, não deixa de ser rico. É algo que torna essa obra realmente clássica, sem exageros.
"Why Nations Fail" é um livro importantíssimo. Merece figurar na biblioteca de qualquer pessoa interessada nessa importantíssima questão.