Tratado Lógico-Filosófico

Tratado Lógico-Filosófico Ludwig Wittgenstein




Resenhas - Tractatus Logico-Philosophicus


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dasmc 23/03/2024

A pá de cal em cima da filosofia
Wittgenstein nessa obra simplesmente soterra e finaliza qualquer banalidade que você tenha lido anteriormente na sua vida, é impossível não se deslumbrar com a clareza do raciocínio apresentado no Tractatus! A conversão entre lógica modal pura e filosofia em algo que somente o mestre conseguiria fazer, a primeira vista parece que Witt faz ilações apenas metafísicas e posteriormente ele te demonstra - com o mesmo método que fazemos nas ciências exatas - que a ilação anterior estava correta, não há misticismo, há busca pela brutalidade da verdade e aceitação do que não é possível se deduzir logicamente.
Recomendo aos leitores de Wittgenstein que continuem se aprofundando no pensamento do mestre, ele é um daqueles que possuem a honestidade intelectual de assumir quando um erro foi cometido e solucionar o que foi dito, só por isso esse livro já vale o seu tempo, ele não quer te convencer de nada, isso nem é preciso, ele só vai te mostrar como você mesmo pode estruturar o seu raciocínio, o resto é você com você, essa é definitivamente a pá de cal em cima de tanta bobeira que foi produzida no campo científico e filosófico nos últimos séculos, se você for um leitor assíduo de artigos como esse que vos escreve, perceberá que Wittgenstein tem razão quando critica o caminho que a ciência moderna tomou.
Errata: Se você é iniciante em filosofia, lógica, matemática e linguagens, NÃO COMECE por aqui, é como tentar comer Steak Tartar sem ter comido uma carne moída com molho, você não terá tino pra compreender a magnitude do que você leu e também não terá conhecimento de que Witt está se referindo.
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Marcos606 27/02/2024

Publicado pela primeira vez em alemão em 1921 e depois traduzido - por C.K. Ogden - e publicado em inglês em 1922. Mais tarde foi retraduzido com seus Cadernos, escritos em 1914-16, e correspondência posterior com Russell, Moore e Keynes, mostrando influências schopenhauerianas e outras influências culturais, evoluiu como uma continuação e uma reação às concepções de lógica e linguagem de Russell e Frege. Russell forneceu uma introdução ao livro afirmando que ele “certamente merece… ser considerado um evento importante no mundo filosófico”. É fascinante notar que Wittgenstein deu pouca importância à introdução de Russell, alegando que estava repleta de mal-entendidos. Interpretações posteriores tentaram desenterrar as tensões surpreendentes entre a introdução e o resto do livro (ou entre a leitura de Wittgenstein por Russell e a autoavaliação do próprio Wittgenstein) – geralmente insistindo na apropriação de Wittgenstein por Russell para a sua própria agenda.

A estrutura do Tractatus pretende ser representativa da sua essência interna. É construído em torno de sete proposições básicas, numeradas de 1 a 7, com todos os outros parágrafos do texto numerados por expansões decimais, de modo que, por exemplo, o parágrafo 1.1 é (supostamente) uma elaboração adicional da proposição 1, 1.22 é uma elaboração de 1.2 e assim por diante.

As sete proposições básicas são:
Tradução de Ogden Tradução de peras/McGuinness
1. O mundo é tudo o que acontece.
2. O que é verdade – um fato – é a existência de estados de coisas.
3. Uma imagem lógica dos fatos é um pensamento.
4. Um pensamento é uma proposição com sentido.
5. Uma proposição é uma função de verdade de proposições elementares.
6. A forma geral de uma função de verdade é [¯p,¯ξ,N(¯ξ)]
7.Aquilo sobre o que não podemos falar devemos deixar em silêncio.

Claramente, o livro aborda os problemas centrais da filosofia que lidam com o mundo, o pensamento e a linguagem, e apresenta uma “solução” destes problemas que se baseia na lógica e na natureza da representação. O mundo é representado pelo pensamento, que é uma proposição com sentido, uma vez que todos eles – mundo, pensamento e proposição – compartilham a mesma forma lógica. Consequentemente, o pensamento e a proposição podem ser imagens dos fatos.

Começando com uma aparente metafísica, Wittgenstein vê o mundo como consistindo de fatos (1), em vez da concepção tradicional e atomística de um mundo feito de objetos. Os fatos são estados de coisas existentes (2) e os estados de coisas, por sua vez, são combinações de objetos. “Os objetos são simples”, mas os objetos podem se encaixar de várias maneiras determinadas. Eles podem ter várias propriedades e manter diversas relações entre si. Os objetos se combinam entre si de acordo com suas propriedades lógicas internas. Ou seja, as propriedades internas de um objeto determinam as possibilidades de sua combinação com outros objetos; esta é a sua forma lógica. Assim, os estados de coisas, sendo compostos de objetos em combinação, são inerentemente complexos. A situação que existe poderia ter sido diferente. Isto significa que os estados de coisas são reais (existentes) ou possíveis. É a totalidade dos estados de coisas – reais e possíveis – que constitui a totalidade da realidade. O mundo é precisamente aqueles estados de coisas que existem.

A mudança para o pensamento, e posteriormente para a linguagem, é perpetrada com o uso da famosa ideia de Wittgenstein de que pensamentos e proposições são imagens – “a imagem é um modelo da realidade” (TLP 2.12). As imagens são compostas de elementos que juntos constituem a imagem. Cada elemento representa um objeto, e a combinação de elementos na imagem representa a combinação de objetos num estado de coisas. A estrutura lógica da imagem, seja no pensamento ou na linguagem, é isomórfica à estrutura lógica do estado de coisas que ela retrata. Mais sutil é a ideia de Wittgenstein de que a possibilidade desta estrutura ser partilhada pela imagem (o pensamento, a proposição) e pelo estado de coisas é a forma pictórica. “É assim que uma imagem se liga à realidade; chega até ela” (TLP 2.1511). Isto leva à compreensão do que a imagem pode representar; mas também o que não pode: a sua própria forma pictórica.

Embora “a imagem lógica dos fatos seja o pensamento”, na mudança para a linguagem, Wittgenstein continua a investigar as possibilidades de significado para as proposições. A análise lógica, no espírito de Frege e Russell, orienta o trabalho, com Wittgenstein utilizando o cálculo lógico para realizar a construção de seu sistema. Explicando que “Só a proposição tem sentido; somente no contexto de uma proposição tem um significado de nome” (TLP 3.3), ele fornece ao leitor as duas condições para a linguagem sensorial. Primeiro, a estrutura da proposição deve estar em conformidade com as restrições da forma lógica e, segundo, os elementos da proposição devem ter referência (Bedeutung). Estas condições têm implicações de longo alcance. A análise deve culminar com um nome sendo um símbolo primitivo para um objeto (simples). Além disso, a própria lógica nos dá a estrutura e os limites do que pode ser dito.

“A forma geral de uma proposição é: É assim que as coisas estão” (TLP 4.5) e toda proposição é verdadeira ou falsa. Esta bipolaridade de proposições permite a composição de proposições mais complexas a partir de proposições atômicas usando operadores verdade-funcionais

Wittgenstein fornece, no Tractatus, uma apresentação vívida da lógica de Frege na forma do que ficou conhecido como “tabelas de verdade”. Isso fornece os meios para voltar e analisar todas as proposições em suas partes atômicas, uma vez que “cada afirmação sobre complexos podem ser analisados ​​em uma afirmação sobre suas partes constituintes e naquelas proposições que descrevem completamente os complexos” (TLP 2.0201). Ele se aprofunda ainda mais ao fornecer a forma geral de uma função de verdade. Esta forma, [¯p,¯ξ,N(¯ξ)], faz uso de uma operação formal (N(¯ξ)) e uma variável proposicional (¯p)
para representar a afirmação de Wittgenstein de que qualquer proposição “é o resultado de aplicações sucessivas” de operações lógicas a proposições elementares.

Tendo desenvolvido esta análise da linguagem-pensamento-mundo, e apoiando-se na única forma geral da proposição, Wittgenstein pode agora afirmar que todas as proposições significativas têm o mesmo valor. Posteriormente, ele encerra a jornada com a advertência sobre o que pode (ou não pode) e o que deve (ou não) ser dito, saindo do âmbito das proposições dizíveis da ética, da estética e da metafísica.
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Ingrid.Visentini 05/02/2024

Não sou familiarizada em ler obras completas da filosofia (ainda que eu já tenha uma carga de leitura da área), mas minhas principais impressões com a leitura foram:

A leitura em si não foi difícil, mas muitas vezes tive que voltar um pouco para a completa compreensão (que, também, muitas vezes não foi completa).

Deveria ter deixado para ler por último o ensaio introdutório do Luiz Henrique Lopes dos Santos, compreendi melhor do que o próprio texto de Wittgenstein.

Relevante para refletir sobre questões entre linguagem e pensamento.
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Leandro 20/08/2023

Hermético
Seguramente, o texto mais difícil que já li na vida. Devo admitir, no entanto, que é muito bem escrito. Cada um dos aforismos foi meticulosamente trabalhado, e se seu significado nos escapa, é pela dificuldade do assunto em si, e não por capricho estilístico.

Igualmente digno de nota é o ensaio introdutório assinado pelo tradutor Luiz Henrique Lopes dos Santos, sem o qual a obra me seria indecifrável.

O Tractatus não é, necessariamente, um livro prazeroso de se ler, mas acho que vale o desafio.
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Filipe 31/03/2023

Uma obra extremamente relevante para os campos da filosofia e matemática, além do seu enorme valor histórico.

É um livro que consegue aproveitar ao máximo quem sabe o que está procurando e entende matematicamente as questões filosóficas ali explicitadas; não é o meu caso.

A introdução de Bertrand Russell certamente agrega ainda mais valor à obra.
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Luciano.Ribeiro 07/06/2022

Tractatus.
O Tractatus é certamente um livro que se basta. No entanto, pode-se assinalar que é enriquecedor possuir alguns conhecimentos de lógica para melhor entender a natureza dos problemas abordados na obra. Essa (re)leitura me fez relembrar com felicidade aulas de lógica, bem como dei-me conta de que antes das ditas aulas não havia sido capaz de compreender as "provas" no centro duro do livro. Creio que o desconhecimento das questões lógicas, embora prejudique, não implica a impossibilidade de compreensão da tese final/central do livro: "What we cannot speak about we must pass over in silence". Essa proposição sintetiza a reflexão radical que busca sustentar que alguns problemas filosóficos na realidade são pseudo-problemas. E isso pode ser compreendido independentemente da compreensão da dimensão estritamente lógica da obra - claro que, assim, se perde muito da beleza, do prazer e do espanto que ela é capaz de proporcionar. Outra observação é que a notação é um poucos diferente das mais comuns de hoje, ela pode ser encontrada e compreendida a partir dos primeiros capítulos do Principia de Whitehead e Russell. No mais, a leitura é instigante e nos coloca sempre de frente com um problemas perenes da filosofia, o qual desde o Sofista de Platão deixa alguns de nós perplexos e maravilhados. Para quem gosta da relação entre pensamento, ser e linguagem, é um prato cheio.
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Caio 18/08/2020

Crítica da Lógica Crítica
Wittgenstein realmente acertou um golpe em cheio na História da Filosofia com essa obra. Única publicada por ele em vida, ela tenta resolver, ou melhor, expor todos os problemas filosóficos como mera incompreensão da natureza da Linguagem. No final, a conclusão é tão chocante e estonteante como a própria proposta do livro: não há problemas filosóficos.

Obs: essa edição é acompanhada de primorosa (e extensa) apresentação que disserta sobre todos os assuntos compreendidos na obra em si. Eu, entretanto, recomendaria que fosse observada após a leitura dos escritos de Wittgenstein, mas isso fica a critério do leitor.
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Eriksson 26/03/2020

Tão belo
Não me interessa se a linguagem natural é diferente da apresentada neste livro. De fato, deveríamos trocar como paradigma de toda investigação o conceito de VERDADE pelo conceito de BELEZA, e assim ao menos nossas buscas não serão em vão. E nesse quesito, meus amigos, Tractatus é uma bela obra.
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