Contos infantis tornam-se adultos

Contos infantis tornam-se adultos Sun Holiver




Resenhas - Contos infantis tornam-se adultos


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Pam 21/04/2022

Interessante e curiosa a interpretação da Sun sobre os contos infantis, trouxe uma nova perspectiva às histórias.
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Gabyfranhan 11/10/2021

Didático
Achei o livro bem didático, de uma maneira bem simples de entender, ao contrário do livro ?A psicanálise dos contos de fadas? de Bettelheim, porém achei que leva um cunho ?pessoal? de interpretação dos contos. Seria uma espécie de ?tcc? que traz a visão mais moderna da explicação dos contos de fadas.
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Sergio Carmach 30/01/2013

Fábulas e narrativas alegóricas dão margem a uma miríade de interpretações. Em função disso, depois que li Ensaio sobre a Cegueira, acabei elaborando o texto aqui linkado, no qual analisei à minha maneira diversos detalhes da história de José Saramago. Seguindo uma linha análoga, Sun Holiver (que, apesar do nome, é uma escritora nacional) pega contos infantis tradicionais e faz uma leitura adulta dos elementos que compõem cada trama. Independentemente do real objetivo da autora, o leitor pode encarar o texto resultante de três formas: 1- a autora quer fazer crer que a visão apresentada por ela na verdade surgiu, de forma consciente ou inconsciente, da mente dos próprios autores originais dos contos; 2- a autora quer mostrar que essa visão foi sendo incorporada aos contos no decorrer do tempo, à medida que as histórias iam sendo passadas de uma pessoa à outra; 3- a autora quer apresentar sua interpretação particular, com enfoque adulto, sobre os contos.

De minha parte, li certo de que o objetivo da autora está no último item, o que talvez seja corroborado, de certa forma, por Celso Gutfreind, cujo texto na orelha diz: “(...) confirma os pensamentos de René Diatkine sobre a que vieram as histórias, que é para nos tornar mais aptos a inventar uma outra história.” E apenas por isso dei quatro estrelas à obra. O exercício interpretativo realizado por Sun, goste-se ou não do resultado, é um esforço intelectual/criativo merecedor de respeito.

A impressão que tive sobre o objetivo da autora é reforçada por uma análise feita por ela a respeito do conto Chapeuzinho Vermelho. Sun avalia que a história é impregnada de sexualidade e que o lobo reuniria qualidades do homem sedutor (é “gentil”, tem “garra” e “genialidade”, é dotado de “grandeza”...), todas iniciadas pela letra “g”, o que remeteria ao famoso ponto G, local na vagina que proporciona grande prazer à mulher. Levando-se em conta que essas virtudes só se iniciam todas com “g” no nosso idioma, que não é o mesmo em que foi escrito originalmente os contos, conclui-se que os itens 1 e 2 expostos no primeiro parágrafo desta resenha não fazem sentido. Portanto, se eu inferisse que o objetivo da autora não está no item 3, a pontuação do livro cairia imediatamente de quatro para uma estrela.

Talvez a parte mais interessante do livro esteja na análise de Branca de Neve e os Sete Anões, cuja protagonista encarnaria a mulher doméstica. E os pequeninos moradores do bosque, os homens infantis. Para Sun, cada anão seria a tradução de uma característica do companheiro imaturo. As descrições contêm detalhes realmente interessantes, sagazes até.

Ontem a Luzia, minha esposa, perguntou: “Sergio, vamos jantar em um restaurante?” Então, eu a atirei de imediato sobre a cama. Diante do olhar de reprovação dela, falei: “Mas não era isso o que você queria? ‘Jantar’ remete a ‘comer’, palavra que nos dias atuais tem novo significado. Restaurante é um lugar onde experimentamos delícias e vivemos momentos de prazer. Então, interpretei o seu convite como sendo um chamado para algo mais picante.” Humm. Tá, tá. Estou brincando (ou não? rsrs) Mas esse episódio, verídico ou não, dá uma ideia do tipo de exercício mental que o leitor encontrará em Contos Infantis Tornam-se Adultos. Para quem gosta de viajar na maionese – no bom sentido, com inteligência e criatividade – o livro de Sun Holiver é uma excelente pedida.

http://sergiocarmach.blogspot.com.br/2013/01/resenha-contos-infantis-tornam-se.html
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Cármen 19/08/2012

Contos de fadas: da fantasia à realidade
Que tal aproveitar a onda revival pela qual os clássicos infantis passam, no cinema, por exemplo com Branca de Neve e o caçador,para falar também sobre novos olhares lançados sobre os contos de fadas na literatura?
É fato que, desde que Bruno Bettlheim analisou a influência dos contos de fadas tradicionais sobre o público infantil, muitas outras publicações com essa tendência surgiram, o que sempre torna a leitura interessante para nós, adultos de cabeça feita. Afinal de contas, quem, na infância, não escutou histórias sobre os longos, loiros e belos cabelos que lançaram Rapunzel da torre direto para os braços de seu amor? Quem não torceu, a cada migalha de pão encontrado, por João e Maria, enquanto, procuravam o caminho de volta a casa, para desgosto da sempre e cada vez mais malvada madrasta? E, sejamos sinceros, as lentilhas que a Borralheira teve de catar para ir ao baile, deveriam ter sido socadas goela a baixo da outra (a madrasta que, assim como o mordomo, é sempre culpada nestes casos).
Sun Holiver, em "Contos de fadas tornam-se adultos", não se propõe a resolver essa trágica questão entre belas, torturadas e infelizes mocinhas e suas madrastas e bruxas (sempre de plantão), por outro lado, questiona sob uma ótica adulta, como o próprio título sugere, a presença de um elemento específico nesse universo tão feminino.
Por favor, caro amigo das ideias, não entenda a expressão “ótica adulta” que usei acima como sinônimo de pomposo ou científico, acadêmico, chato, cansativo...
Nada disso!
Para além das análises psicanalíticas já conhecidas, a autora inova ao abordar a simbologia por trás desse elenco, presente em nosso imaginário desde a infância gerações após gerações, pelo menos até agora. De forma muito bem humorada, Sun Holiver conduz nosso olhar para aspectos que, ao lermos - ludicamente, apenas - não chamariam a atenção.
Foram seis "contos de fadas" por ela escolhidos: Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel, João e Maria, A Gata Borralheira e a “hollywoodizada” Branca de Neve, sobre quem a autora fala, já na Introdução:

“Certa vez, lendo sobre Branca de Neve, decidi analisá-la fazendo uma crítica sob uma nova ótica. As ideias começaram a surgir em quantidade. Eram de todos os tipos. Selecionei-as, registrando-as com cuidado. (...) enquanto lia, vinham-me à memória infinitas relações dessas histórias com fatos ocorridos não só na minha vida como na de pessoas que eu conhecia.” (pág. 9)

Imagine, então, leitor e amigo, que aspectos seriam esses? Que poderiam os irmãos Grimm, na Idade Média, terem escrito e que viesse despertar (compartilhado, curtido e tuitado) no nosso ultramoderno e digitalizado inconsciente coletivo?
São muitos, acreditem. Basta pensar, em relação a cada um dos contos, sobre o papel de determinados personagens? Que fazem? Como atuam? Onde estão em momentos cruciais da vida das heroínas? E mais não digo. Deixo com vocês um trecho que, tenho certeza, será reconhecido de pronto, nem preciso dizer de que história se trata:

“A pergunta que me inquieta e que ficará perturbando a minha mente é a seguinte: Onde estava........... (pág. 65)

Pensando bem, não vou terminar a citação. O melhor é que você mesmo faça o mergulho neste “mundo de fadas adulto” e tire suas próprias conclusões. E não deixe de voltar aqui no Ideias de canário e fazer seu comentário sobre o que achou da leitura de Contos infantis tornam-se adultos. Só o que posso adiantar é que nunca mais você lerá um conto de fadas tradicional da mesma maneira.
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