Sô 11/04/2017Esse mangá veio para acabar com a boa leva de leituras que eu estava tendo até então. Não fluiu comigo, achei a narrativa truncada, sem contar que ele se leva a sério demais a ponto de incomodar.
A premissa era tão boa. Um Shinigami (deus da morte), num dia de tédio, deixa cair seu caderno da morte – o tal do Death Note - no mundo dos humanos. Light – sério, que raio de nome é esse? – um estudante brilhante, mas igualmente entediado, encontra o caderno. Nele consta uma série de regras escritas em inglês – por ser o idioma mais falado do nosso mundo – sobre os riscos do caderno. Basicamente, se você escrever o nome de uma pessoa na qual você consiga também visualizar o rosto, essa pessoa morrerá nos próximos 40 segundos de ataque cardíaco, a não ser que você especifique a forma que a pessoa morrerá, e dá até pra escolher quando, desde que se respeite o tempo que essa pessoa tem de vida aqui na Terra. Você acha que o menino ia demorar pra escrever no caderno, mas de cara já insere uma lista grande com vários nomes de criminosos. Além disso, o portador do caderno consegue enxergar também o Shinigami que vira tipo um encosto, acompanhando a pessoa a todo o momento.
Apesar de ter essa premissa interessante, não há um desenvolvimento satisfatório dos personagens e nem da trama em si. São páginas e páginas explicando o óbvio, subestimando a capacidade intelectual do leitor. Quer um exemplo? Quando a namorada do agente do FBI vai lá para o Centro de Operações e se depara com o Light. Após uma conversa, ele percebe que ela põe em risco a identidade dele, uma vez que ela andou fazendo umas investigações por conta própria, sendo assim, ele que sempre anda com um pedaço de uma folha do Death Note, rapidamente insere o nome dela e especifica que ela se suicidará. Só que nada acontece e ele fica lá pensando durante umas duas páginas no porquê do Death Note não estar funcionando. Enquanto isso, diante da obviedade da coisa, você como leitor fica lá gritando pra ele: “ow anta! Ela te deu um nome falso!”.
Outra coisa que me incomodou bastante foi a rapidez com que tudo foi sendo descoberto pelo L, um gênio que serve como uma espécie de informante da Interpol. Ele logo chega a conclusão de que se trata de um caso envolvendo um evento sobrenatural. Desculpa, mas não consigo achar essa conclusão dele tão óbvia assim. Logicamente, uma hora ou outra ele deveria chegar aí, senão não teria como continuar esse mangá. Mas deveria mostrar um pouco do desenvolvimento dessa investigação na narrativa antes de chegar a essa conclusão.
Mas a gota d’agua mesmo é quando o Light ao explicar ao seu Shinigami as artimanhas para saber se alguém entrou no seu quarto, fala que coloca uma grafite num lugar estratégico. A forma que ele fala desse lugar é a prova que o autor acha mesmo que quem está lendo é muito burro pra entender. Veja: “as portas tem peças metálicas chamadas dobradiças”. Mas como assim? As peças metálicas presentes nas portas se chamam dobradiças? AH VÁ!
Por último, o Shinigami uma hora fala que nem todas as regras estão explícitas no caderno, e que além disso, ele não tem obrigação de contar tudo ao portador do caderno – o maior mistério seria o que acontece com o portador depois que ele morre, já que o Shinigami disse que não vai nem para o inferno e nem para o céu – e isso me cheirou a enrolação futura. Sinto que surgirá uma situação na qual será “revelada” a tal da regra nova que ninguém sabia a respeito até então.
Essa Black Edition é composta por 6 volumes, mas óbvio que não darei continuidade. No entanto, darei uma chance para o filme, porque acho que essas coisas que me incomodaram talvez não fiquem tão em evidência nas telas.