Phelipe Guilherme Maciel 05/08/20195 estrelas não para este volume, mas para a série, que é excelente.Death Note, ou, O Caderno da Morte, é uma das minhas experiências com mangá das mais perturbadoras. A história de Light Yagami, um colegial de inteligência fora de série, que encontra um caderno largado propositalmente por um Deus da Morte, é deveras castigante.
Castigante, porque eu me afeiçoei de Light, não apenas por ser o protagonista, mas realmente pelo seu ideal de um mundo perfeito. De limpeza da crueldade, da maldade, dos malfeitores.
Eu sou absolutamente contra a pena de morte, absolutamente contra a idéia de pagar sangue com sangue. Acredito piamente que seja um avanço para o mundo extinguir penas cruéis. Em um mundo perfeito, aplicaríamos a menor pena possível, porém a mais adequada e justa.
O conceito de justiça é amplamente discutido nessa pequena série de mangá chamada Death Note. Ali, acompanhamos um adolescente que com todo o poder da vida e da morte em mãos, pode decidir quem deve viver e quem deve morrer. Mesmo sabendo que é errado os julgamentos que ele faz, em determinado momento, ainda no início de tudo, peguei uma certa simpatia por esse jovem cruel e nefasto, que passou nas vidas das pessoas como um trator passaria por cima de uma pequena e inócua maçã. Ou com o desejo que um Shinigami tem por uma maçã.
Light destruiu a vida de muita gente. honesta ou desonesta. Conhecida ou desconhecida. É certo que quem usa um Death Note está condenado a um fim desolador. Pelo menos, é assim que pensam os Shinigamis. Não se sabe muito sobre o Death Note. Apenas que ele provoca dor e morte.
Com a chegada de L, conseguimos enfim nos libertar dessa afeição que temos por Light, pois ali sim, há um exemplo de homem que entende o conceito de justiça. Pelo menos, assim eu pensava. Até o momento em que L se utilizou de tortura para interrogar sua prisioneira, a tontinha da Misamisa.
Nesse momento entendi, que o escritor da série pouco se importa com o romantismo de pensar em uma luta do bem contra o mal, do perverso contra o altivo. Em Death Note, ele explora os sentimentos humanos até o máximo. Não há um conceito claro sobre quem é bom ou quem é mal. Há apenas pessoas desesperadas.
Desesperadas por amor real, mesmo rodeada de amor falso como era Misa, que deu sua vida para ter o amor de Light Yagami. Desesperadas por justiça, por fama, por poder, por dinheiro, por sucesso. Outras, eram desesperadas em provar que suas suposições eram verdadeiras, custe o que custar. E isso novamente fez doer. Death Note é um retrato da sociedade, tal como ela é.
É um mangá de traço excelente, com uma história maravilhosa, meio niilista, que teve sim, altos e baixos. Creio que poderia ter sido reduzido de 12 volumes para 7 ou 8, tranquilamente. Mas considerando que li os 4 últimos volumes em um único dia, posso dar a certeza de que se você iniciar essa história, irá ficar maravilhado e só irá parar quando a ultima página do Death Note estiver devidamente concluída.