.ester 22/06/2023
Oq ela amava msm era isto, aqui, agora, diante dela
"Mrs. Dalloway disse que ela mesma iria comprar as flores". É assim que começa essa narrativa que, de primeiro momento, pode parecer simples: Clarissa Dalloway indo comprar flores pela manhã para a festa que dará ao anoitecer. No entanto, pelo caminho, sua história se mistura com a de outras pessoas ? conhecidos, amigos próximos ? e o que deveria ser simplesmente uma mera compra de flores se torna uma grande aventura pela vida e pela cabeça das pessoas, o que resulta nesse incrível conto de Virginia.
Confesso que tinha medo de ler esse livro. Já havia tentado ler outras vezes e nunca tinha conseguido, porque sempre me perdía no traço narrativo da Virginia. Porém, estava disposta a enfrentar esse medo dessa vez e que surpresa agradável eu tive!! A escrita da Virginia é muito descritiva, cheia de adjetivos, e isso torna tudo o que ela escreve muito palpável. Seus estilo narrativo muda de acordo com os narradores que tomam voz no texto e que maravilha ler tanta profundidade em seus personagens. Há, também, críticas muito profundas a determinados costumes da burguesia britânica, mas com uma sutileza que se tornam quase imperceptíveis, isso tudo situado num contexto pós-guerra e biográfico também, até certo ponto. É, em suma, um verdadeiro deleite pra quem ama obras existencialistas, e eu amei mesmo tudo o que envolve essa história.
A única ressalva foram as narrações de Peter Walsh. Quase abandonei o livro por elas, mas isso parte de uma opinião pessoal minha ? mesmo sabendo de todo o contexto da sua construção de personagem.
Quando tiverem oportunidade, leiam Virginia Woolf!! Vale a pena.