spoiler visualizarMaria 27/02/2024
Finalmente consegui terminar esse livro, apesar de gostar e me trazer reflexões, algumas questões me impediram de aproveitar completamente a leitura e diminuíram meu ritmo e foco. Sinto que seria diferente caso tivesse conseguido ter fluidez, provavelmente teria gostado mais.
Apesar de me identificar com Clarissa em muitos momentos, não achei que seja uma personagem cativante. Sinto que é alguém com muitas dualidades, como qualquer pessoa, é confuso se identificar com ela em muitas partes, mas ser oposta em tantas outras. Uma passagem descreve bem isso:
?Uma convocação para ser ela mesma, juntava suas partes, só ela sabia o quão diversas, o quão incompatíveis, e as arranjava para o mundo.?
Penso que seus pensamentos flutuantes e inconstantes contribuem para a visão dos outros sobre ela, serem de uma pessoa alheia ou fria, e que tem uma infelicidade tão bem escondida, que poucas vezes ela mesma encontra, arrependimentos e ressentimentos expressados através do egocentrismo e da soberba, percebida também por outros.
As reflexões do livro sobre a passagem do tempo e a morte fizeram com que a leitura fosse ainda melhor. A história de Septimus em paralelo casou muito bem.
É simbólico Richard ter dificuldades em dizer que a ama, comprar flores para tentar se expressar na mesma ocasião em que Clarissa diz que ela mesma pode comprar suas flores, achei irônico. Gostei que, apesar de Clarissa ter sentimentos por Peter, não foram apontados defeitos nem culpa a Richard por isso. Fiquei refletindo se os constantes novos romances de Peter são uma tentativa de substituir o desejo por clarissa, ou se a tivesse também se satisfaria e iria em busca de algo mais.
Alguns pontos que me incomodaram: não ter divisão de capítulos e muitas vezes não ficar claro qual personagem está falando até que avance o diálogo, tenho me acostumado mais com leituras de fluxo de consciência, mas a escrita da Virgínia vai, além disso. Quero ler mais livros dela.