Jamile.Almeida 27/08/2022Resolvi que eu mesma ia escrever esta resenhaMeu primeiro contato com Virginia e não poderia ter escolhido melhor ?debut?
Uma ?versão light? do fluxo de consciência, o famoso discurso indireto livre e uma narrativa em que acontece em um único dia de 1923 em Londres.
O dia da festa de Clarissa? um dia banal? comum? mas que significava tanto.
Uma festa pós primeira guerra, pós gripe espanhola. A sociedade abastada londrina clamava por eventos e por isso Clarissa decidiu na primeira e emblemática frase do livro que ?ela mesma iria comprar as flores?, algo que caberia a seus criados.
E ao longo do dia, o passado e presente da Clarissa a visita? a distância com seu marido o Richard, com sua filha. A visita de um amor abandonado, Peter, e de um amor proibido, Sally.
Enquanto isso, seu duplo, Septimus, personagem não diretamente relacionado a Clarissa, mas que representa seu espelho ?num mundo invertido e paralelo?? serviu na guerra, desenvolveu um estado de transtorno pós traumatico psicotico. Casado com uma Italiana - que para mim é a personagem que mais sofre nesse livro-, e que se desapegou de qlq convenção social ou de planos para futuro? sua tristeza ja nao lhe da mais esperanças de continuidade da vida?
E assim vemos o diálogo a distância desses duplos literarios - a Clarissa, futil externamente e complexa internamente, que quer, tenta, levar tudo adiante como se nada tivesse acontecido ou acontecendo?
- Septimus, que vive numa complexidade interna tão turbulenta e traumática, que não ha fio para uma possivel linearidade e continuação?
Esses personagens representam a própria Virginia Woolf? ciclando entre a Clarissa e Septimus e já podemos imaginar qual personagem na vida real ela resolveu seguir, quando se jogou ao mar, com pedras em seu bolso para que não tivesse o risco de poder flutuar e se salvar em 1941