Vanessa 09/08/2021
Muito do que eu li, não gostei. Isso não significa que seja uma mentira, significa que algumas verdades doem. A vida é realmente para os fortes.
Osho descreve o amor como um milagre e quando ele acontece, não devemos exigir nada em troca. Receber amor de volta é algo natural, quando se exige, o amor morre. Concordo com isso, porque quem exige não vive em amor, vive em uma situação de carência. Pessoas nesta condição vivem em uma situação de mendicância, o amor parece falso e forçado. A carência, em algum grau, é muito tolerável, mas a partir do momento que o outro exige amor, o amor perde seu fluxo natural, sua leveza.
O autor também infere que o amor só ocorre quando as pessoas se rendem e que forçar outra pessoa a se render é detestável e destrutivo. Não é amor. E realmente, não é.
Osho diz que se você chegou em um acordo com seu pai e com sua mãe, você amadureceu. A bíblia, a constelação familiar e tantas outras doutrinas, ideologias e axiomas são uníssonos em relação a isso, eu concordo. As pessoas com base familiar mais fortalecida podem cuidar de outros aspectos de sua vida enquanto que aquelas estão emaranhadas em um buraco negro do qual parece impossível sair. Negar pai e mãe não é a solução. Eles precisam ser honrados.
O livro nos leva a não interferir no caminho das crianças, deixando-os livres para serem autênticos. O que os pais podem fazer é eliminar os perigos e deixar que sigam seu próprio percurso, sem corrompê-las.
Muito do que chamamos de amor, é luxúria. Não há como discordar disso. A luxúria reduz o ser humano a uma coisa. O amor, por sua vez, na sua forma mais pura, é alegria compartilhada. Não pede nada em troca, não espera nada, portanto, como poderia machucar? Nesse ponto, Osho e Bíblia( 1 Coríntios 13) coincidem.
É abordado ainda a questão da solidão e da solitude. A solitude significa o sentimento que você esta completo. Não é preciso ninguém, você é suficiente. Sendo suficiente, você não exige nada do outro, os amantes compartilham aquilo que transbordam.
Osho insiste na liberdade, pra ele, o amor não pode ser uma prisão. o amor deve ser um culto. As pessoas devem ser tratadas como deusas e deuses, só assim o caráter animalesco do sexo é retirado.
Outra questão que achei muito interessante foi em relação ao tédio. Pra ele o tédio é a consciência da repetição e só há duas maneiras de fugir do tédio. Sendo um animal irracional ou simplesmente elevando sua consciência de forma a ver graça em tudo, pois com um olhar mais observador, você sempre verá que as coisas sempre mudam, nada é estático. Ou se é um buda ou um búfalo, só assim não ficará entediado. Se você não fosse tão embotado, as coisas surpreenderiam mais. Quanto mais entorpecido, mais a vida parece entediante.
Um trecho que eu amei foi o seguinte: " Nunca faça nada de morada, nem os relacionamentos nem na solidão. Continue fluindo, sem resistência, e não permaneça em nenhuma polaridade. Usufrua de uma delas, delicie-se com ela, mas quando acabar passe para a outra: crie um ritmo."
Mesmo os cristãos, criam ídolos pra si: família, relacionamentos, casamento, dentre outras formatações de vida. A forma que Osho propõe é autêntica, há um fluir, uma resignação muito bonita, que deveria ser seguida por muitas religiões Deístas. Se é pra seguir um Deus, que seja de forma autêntica, com profunda aceitação da realidade, sem outros deuses apossando nossas mentes e corações.
A gente espera muito do outro, principalmente em relacionamentos e diante da primeira fragilidade, nos assustamos. Esperamos por um herói, mas heróis não existem. Osho pede que aceitemos a humanidade de outra pessoa com toda a fragilidade a que ela está propensa. O seu parceiro cometerá erros assim como você e você vai precisar aprender a perdoar.
Somos fruto de séculos que preconizam o fazer. Osho recomenda que as vezes, é necessário deixar que a existência faça algo por você, apenas siga com o vento.
Só as pessoas capazes de ficarem sozinhas podem amar de verdade. Pois estas podem mergulhar na outra pessoa sem possuir, sem se tornar dependente dele, sem reduzir o outro a um objeto.
O livro recomenda que vejamos a novidade nos parceiros, afinal, seria muita presunção supor que se conhece alguém. Não se pode tomar o outro como favas contadas. Nada jamais se repete. Tome consciência disso. E quanto mais você conhece alguém, mais misterioso o outro se torna.
Um insight muito interessante e que eu acho que vale a pena tomar nota é quando o autor aborda a questão do bebê chamar primeiro pelo nome do pai, mesmo quando a mãe está o tempo todo presente. Isso acontece porque para criança, a mãe é uma parte de si, não é algo individual, mas sim uma extensão. Ele usa esse exemplo pra pedir que as pessoas sejam pessoas autenticas, indivíduos separados e com uma personalidade definida. Sendo dois, podem ser um, porque só assim vocês se importarão com o outro e estarão mais alertas para as idiossincrasias de cada um.
Por fim, o autor menciona que o amor não deve ser simpático, o amor é para se envolver, para se importar, para ajudar de fato. O amor é empático por natureza.
Esse livro é fantástico. Não dou cinco estrelas, porque não concordo com alguns pontos, tais como a extrema liberdade ao se relacionar com outros parceiros. O autor também parece ser contra o casamento. Por mais utópico que seja, eu ainda creio que a família e o casamento são uma boa base para a sociedade.