Saleitura 20/09/2012
Herdeiro do Cálice Sagrado
Este romance espírita conta a história da família que Hideo fundou no Brasil na época da imigração japonesa. Ainda jovem, o progenitor veio ao Brasil para “fazer a América” devido a um período conturbado no Japão de crise e fome.
Hideo tem três filhos a quem decide chamar de Marcus, Simone e Carlos. A família desse japonês é de fazer inveja em muitas brasileiras que conheço, por causa da união entre seus integrantes, e a harmonia do lar. Eles passam por momentos difíceis, mas sempre superam e se mantém firmes. No entanto, um grande segredo irá enfraquecer os laços de sangue e testará os laços espirituais dos dois filhos de Hideo.
O drama acontece por causa de Bruna: o primeiro amor de Carlos. Provavelmente por uma questão cármica, o destino separou os dois antes mesmo que eles dessem vazão aos seus sentimentos. Afastados por anos, Carlos resolve tornar-se padre, movido de sincera compaixão e vontade de fazer o bem ao próximo como se fosse ao Cristo. Porém, como o destino é um kinder ovo, que vem sempre com uma surpresa, Carlos re-encontra Bruna num momento muito difícil para sua família, e sua nova fé sofre duras provações.
Agora, partindo para minhas impressões, confesso que simpatizei com os personagens, e com os temas abordados. A divulgação da cultura japonesa é um deles, mas também nos faz pensar se devemos escolher entre nossa vocação e as pessoas que gostamos e sobre o celibato e a vida em clausura. Na minha opinião, se escolhemos uma vocação, temos que escolher pessoas para nos apoiar e não nos censurar e querer que façamos outra coisa da vida. Porém, como nem todas as situações são simples, e a de Carlos e Bruna é bem complicada, é melhor deixar para o destino resolver.
Como já disse, é um livro rico em temas para reflexão, mas é muito mal desenvolvido. Os livros espíritas normalmente têm uma linguagem clara e são bem didáticos, e este romance não foge a isso, porém, a narrativa é muito corrida, e cenas importantes acabam não tendo muito destaque. A autora fica simplesmente contando vários acontecimentos distantes no tempo ,como se sucedessem ao fato anterior imediatamente, mas entre um e outro passam-se meses. Sem falar que uma das partes mais importantes da leitura fica apenas com o B A-BA!
Não diria que é totalmente ruim, mas já li romances desse estilo melhores. Sem falar que achei meio errado só colocarem a culpa no padre. Todo mundo agiu errado, tanto Bruna que foi procurar o padre achando que ele devia largar tudo por ela, quanto o padre que errou junto com a ex-paixão de adolescência, quanto Marcos que passou a odiar o irmão por medo de sua esposa continuar gostando de Carlos. Sem falar que o excesso de humildade do padre beira à miopia. Admiro quem consegue enxergar o erro dos outros e perdoá-los, mas transferir a culpa dos outros pra si é muita tortura e masoquismo.
No fim, eu acho que o padre apenas seguiu sua intuição sobre o que ele lembrava ser sua missão. Quer dizer, todo espírito antes de re-encarnar traça um plano para sua nova vida, e acho que devia ter alguma questão de outras vidas anteriores que fez Carlos desistir de Bruna, para que ela resolvesse algum problema com Marcos. Só que essa é a minha teoria, faltou nesse livro a explicação dos espíritos para todos esses fatos.
Para terminar, recomendo essa leitura para os fãs da literatura espírita lerem no ônibus, já que é bem fácil acompanhá-la.
Leitura e resenha por Aleska Lemos
http://www.skoob.com.br/usuario/428077
Link Postagem Saaleta de Leitura
http://saletadeleitura.blogspot.com.br/2012/09/resenha-do-livro-herdeiro-do-calice.html