JPHoppe 30/05/2013
Nem tanto mais um prego no caixão onde jaz a superioridade humana, mas é ao menos uma tarracha. "O Macaco Nu" foi uma das obras pioneiras na zoologia, ao estudar o ser humano sem nenhum viés, mas sim como um outro macaco. Um macaco singular, sim, devido a ausência costumeira dos pêlos presentes nas outras quase duas centenas de espécies de símios. Mas, um macaco nevertheless.
Atualmente, o livro tem mais valor pelo seu conteúdo histórico, no papel desempenhado em alterar a maneira em como o ser humano se estuda, do que em suas teorias biológicas próprias. Várias delas sofrem de um viés confirmativo, de teleologia: mudanças que assim aconteceram visando um determinado fim. Quase todo o capítulo destinado ao Sexo padece desse mal.
É muito interessante ver um traço humano singular, a Religião, tratada dentro do capítulo sobre Agressão. Há também um ataque não muito discreto as práticas alimentares que se isentam de carne, dizendo que "acabam por construir uma justificação complicadíssima, que inclui falsidades médicas e incoerências filosóficas de todas as espécies". Claro que a questão do vegetarianismo (e seus derivados) é mais complexa, e não é possível resumi-la em menos de um parágrafo, mas fica um registro em boa parte dos casos pertinente.
O livro também é famoso por atribuir sinais sexuais deslocados da fêmea na espécie humana, com os seios transferindo o sinal visual das nádegas, e os lábios no rosto imitando os lábios vaginais. Deixo as consequências dessa teoria para reflexão do leitor.
Vale como leitura, mas já são bem visíveis as marcas do tempo.