O Cristo Cósmico e os Essênios

O Cristo Cósmico e os Essênios Huberto Rohden




Resenhas - O Cristo Cósmico e os Essênios


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z..... 05/09/2018

A literatura apócrifa tem representatividade histórica e acho curiosa a leitura, em uma visão e cuidado, porém, de dissocia-la da fé. São textos que podem ser contemporâneos dos primeiros cristãos da igreja primitiva, mas que não representam necessariamente o que viviam, constituindo-se em percepções e posicionamentos específicos na visão da mensagem que se espalhava sobre Jesus e seus discípulos. Ocorreram abordagens em impressões e conceitos muitas vezes sem a autenticidade de quem caminhou ou viveu em comunhão com Cristo.

O autor desse livro é renomado em pesquisas sobre apócrifos e este é o segundo dele que leio. Meu parâmetro para qualquer aprendizagem, porém, é a Bíblia.

No que percebi, a obra foi escrita no contexto de descobertas da literatura denominada de Manuscritos do Mar Morto, que ganhou notoriedade no início do século 20. As descobertas e conclusões associadas mostraram grupo judeu denominado essênios como os autores, e aí entra o primeiro valor do livro, na exposição sucinta da representatividade e características de quem eram. Entre outras coisas, viviam em comunidades reclusas, com observância de certas tradições, onde se primava pelo afastamento de prazeres terrenos, em uma vivência de modos simples, asceta.
Nas conclusões do autor, Jesus teria essa origem em sua espiritualidade. Quando dizia que falava em nome do Pai subtendia-se os essênios, e ao expressar Reino dos Céus seria para parecer apartidário diante das autoridades. Biblicamente não existe citação a esse grupo e o autor afirma que foram propositalmente retirados pelos evangelistas canônicos.
A visão do autor concluiu um Cristo Cósmico, que seria a essência divina, encarnada em outros momentos também, no que seriam avatares. Jesus de Nazaré seria a manifestação do Cristo Cósmico, um avatar, como foram outros. Papo esquisitão também que cada ser humano teria um eu Cristo Cósmico e outro eu Satânico. Eita! Lembrei do Peregrino encontrando o Sábio-segundo-o-mundo.
Registrei o que entendi, mas não deposito fé nenhuma. Se fora assim, cada um seria inocente de suas escolhas, não respondendo por sua vontade. Jesus que conheço, bate a porta dos corações e entra quando convidado; bem como o séquito do mau anda como leão que ruge, procurando a quem tragar, o que se dá na submissão de nossa alma.

A segunda parte trata especificamente de alguns livros apócrifos, com passagens separadas que falariam do Cristo Cósmico. Tem partes do:
Evangelho de Tomé - Este pareceu-me uma colcha de retalhos, constituindo-se essencialmente em frases associadas à sabedoria, onde a maioria tem origem nos evangelhos canônicos, de forma literal ou parafraseada. Nas entrelinhas tem também certas inovações, como a citação a uma discípula chamada Salomé (que seria mãe dos irmãos Tiago e João) e algo que soou como verdadeira aberração, em passagem que atribuem a Jesus frase esquisita sobre as mulheres. Nem vou registrar, pretendo ler esse Evangelho na íntegra para tentar entender esse negócio escandaloso (tenho essa obra em minha estante). Assim são os apócrifos, contrários ao que Deus fala em cumprir a justiça e não tropeçar em um mínimo ponto.
Apócrifo de Tiago - Foi mostrado um discurso atribuído a Jesus, caracterizado por rigor na exposição dos fatos, que lembra os de João Batista.
Evangelho de Pedro - A parte selecionada fala da morte de Jesus, em que os judeus estavam preocupados dele não amanhecer vivo no sábado.
Atos de João - Foi selecionado um canto e dança dos discípulos e Jesus, similar a liturgia protocolar, no final da última ceia.

O livro finaliza com textos diversos da literatura apócrifa ou de estudos baseados, direcionados na percepção do rosto de Jesus. Tem caracterizações de negro e outros de loiro, no estilo estabelecido pela europeização. Não disse que os apócrifos são percepções individualizadas!

Leitura por curiosidade e apenas isso, com certas aprendizagens. Cuidemos, porém, que o parâmetro seja sempre a Bíblia Sagrada.
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André Cerqueira 03/10/2023

Mais perguntas que respostas.
É um livro que pode causar (bastante) estranheza para aqueles mais apegados aos velhos dogmas. Traz visões e referências que merecem pesquisas mais aprofundadas.
No fim, o livro me deixou com mais perguntas (ainda) do que respostas.
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