sagonTHX 23/09/2012O PIOR LIVRO QUE LI EM 2012Eu pensei que O Reino, de Clive Cussler e Grant Blackwood (Novo Conceito), tinha me decepcionado a ponto de eleger esse livro (muito desejado e aguardado por mim) como o livro mais decepcionante quer li em 2012. Bom... não é que eu consegui encontrar um outro que superasse O Reino!
Pois é, em O Guardião, a decepção começou logo nas primeiras páginas e seguiu assim, de capítulo em capítulo, até o final.
Eu deveria ter relido os livros de R.R. Tolkein.
Deveria ter assistido todos os filmes do Quentin Tarantino: Um Drink Para o Inferno e Pulp Fiction, são os meus favoritos.
E, de quebra, lido O Caçador de Andróides, de Philp K. Dick, ou revisto o filme Blade Runner, de Ridley Scott, com Harrison Ford,
Rutger Hauer, e a maravilhosa Sean Young. Mas não fiz nada disto.
O que foi que eu fiz então? Li O Guardião do estreante Daniel Polansky.
O Guardião é uma história de fantasia. Polanksy criou uma nova fórmula, sem dúvida alguma: misturou fantasia com romance histórico de investigação criminal. Também criou uma cidade podre e decadente: a Cidade das Sombras. Insiriu nela um anti-herói sarcástico e hirônico, além de traficante de drogas em tempo integral, e alguns personagens interessantes e condizentes com o contexto.
Porém, não passa disto. O amadorismo na narrativa de Polansky é evidente nas muitas pontas soltas que ele vai deixando para trás,
a medida em que tece sua tapeçaria. No lugar dos buracos, remendos mal alinhavados.
Várias questões são levantadas no decorrer da leitura. Entre as mais importantes, destaco:
- Em que época se passa a história;
- Qual o planeta, ou gáláxia, em que se passa a história; ou talvez, em qual dimensão;
- As 13 terras estão localizadas em que parte geográfica do planeta;
- A Cidade das Sombras localiza-se exatamente em que parte dessa mesma geografia;
- A guerra de que fala o anti-heroi, o Guardião, ou traficante, ocorreu exatamente quando, onde;
- A Peste, que ocorreu depois dessa guerra, é exatamente o quê; onde surgiu; por quê;
- Qual é a história da Cidade das Sombras; suas origens;
- Polansky menciona que a guerra aconteceu na Gália; seria por acaso a mesma Gália do tempo do Império Romano, que hoje é a França?
Assim como estas, há inúmeras outras questões sem respostas, arestas não desbastadas, que Polansky vai deixando para trás sem o devido interesse, ou cuidado, em ratificar. Talvez ele o faça no segundo livro, quem sabe. Talvez você não tenha notado essas questões, esses buracos, na narrativa do livro. Seja como for, elas existem e, querendo ou não, atrapalham no entendimento geral da
obra.
Outros pontos negativos: faltou um mapa ilustrando as localidades em que a narrativa ocorre; incluindo as 13 terras e arredores. Um mapa da Cidade das Sombras viria bem a calhar. Um glossário também seria de grande ajuda.
Como livro de fantasia, O Guardião até que cumpre razoavelmete o seu papel. Ele peca mesmo quando tenta ser um Thriller policial Histórico. Daniel Polansky bem que tenta criar algo novo e, talvez, inovador, unindo dois gêneros literários diferentes em um. Tenta.
Porém, não atingiu o ponto. Com isso, tem-se a impressão de que o livro está em constante mutação genética, em que o lado fantasia
tenta impor-se mais que o lado policial histórico. O que torna a leitura cansativa.
Outro problema é a falta de ação e de momentos impactantes na trama. Os crimes, como já disse, não empolgam por que não há uma empatia entre vítima e leitor. Sabe-se o nome da criança e que uma criança foi assassinada, e só. A investigação do Guardião é entediante e amadoresca, como a escrita do próprio autor. Há momentos em que ele está mais preocupado em manter seu negócio de trafico de drogas do que mesmo procurar o culpado pelos assassinatos.
A única coisa de que eu gostei mesmo foi a capa. Maravilhosa. Evoca algo tenebroso, sinistro, gótico, inimaginável. Mas, fica-se apenas com a impressão. O livro não faz jus à capa.
A sinópse é outro ponto interessante. Como fruto de marketing, cumpre com perfeição seu papel. Vende gato por lebre.
De resto, esse foi o livro que eu mais detestei em 2012. Dei nota 2 por causa da capa.
Meu Deus, eu ainda estou tentando descobrir aonde está no livro o clima da Los Angeles do filme Blade Runner. Afinal de contas, O Guardião tem um clima gótico-medieval ou um clima cyberpunk?
Quem sabe, no próximo livro, Daniel Polansky nos dê o prazer da sua resposta!
Não recomendo o livro, obviamente. Se você está procurando um bom livro de fantasia, leia R. R. Tolkein ou George Martin; um bom thriller policial histórico... há vários bons títulos a disposição nas livrarias atualmente, é só escolher de dúzia.
Agora, se você gosta de jogar dinheiro fora e se iludir achando que O GUardião é o melhor livro que você já leu na vida, ótimo, parabéns, você deixou o Daniel Polansky alguns dólares mais rico.