Bela 30/07/2021
A Ascensão dos Vesper
Lançado em 2012 pela Editora Ática, A Ascensão dos Vesper é escrito por Rick Riordan, Peter Lerangis, Gordon Korman e Jude Watson, sendo parte da série infanto-juvenil “The 39 clues”.
Sobre o Livro
Como parte da série The 39 Clues, “A Ascensão dos Vesper” introduz a chamada fase 2 dos livros da saga e conta o início da rivalidade entre as famílias Cahill e Vesper, dando prosseguimento em ordem cronológica aos eventos que culminariam nos livros da primeira fase da série iniciada em “O Labirinto dos Ossos”, com os protagonistas Amy e Dan Cahill.
Sendo uma narrativa de mistério, a série The 39 Clues parte da ideia de que os órfãos Cahill recebem do testamento da avó, Grace Cahill, a chance de receber a primeira de 39 pistas que levam a um grande tesouro da família, perseguido por gerações. Composta de 10 livros, a fase 1 da série acompanha os irmãos em disputa com demais membros da família, divididos em clãs que são rivais há séculos: Lucian, Janus, Ekaterina, Tomas e o misterioso clã Madrigal.
Em meio ao contexto da fase 1, “A Ascensão dos Vesper” apresenta a introdução da fase 2 ao contar o início do que dividiu a família Cahill em clãs rivais que se digladiariam por anos, além de apontar um motivo que deveria fazer com que eles se unissem: a ordem Vesper que tenta destruir os membros da família há tanto tempo quanto eles tentam destruir a si mesmos. Iniciando em 1507, a história acompanha Damien Vesper e Gideon Cahill, dois amigos isolados numa ilha para fugir do mal agouro da peste enquanto pesquisam uma cura.
“Vesper olhou fixamente para ela com os punhos cerrados, brancos, sobre o cabo da espada. Olivia sustentou o olhar, fazendo-o ver que ela (…) podia ser mais perigosa naquele instante do que qualquer arma que ele poderia vir a criar. Ela iria conseguir seu intento, ou o destruiria.”
Financiado por Damien, Gideon passou a comportar-se de forma suspeita nos últimos dias e a ambição de Vesper faz com que os dois briguem e passem a perseguir um ao outro. Com a família ameaçada por aquele em quem confiou um dia, Gideon pede para que os filhos Luke, Jane, Katherine e Thomas fujam da ilha com a mãe, Olivia, antes que Vesper descubra a formula segreda que ele acabou de inventar e que caindo nas mãos erradas pode provocar uma guerra no mundo. Porém, a rivalidade entre as crianças e o segredo que Olivia não contou a nenhum deles até então pode acabar gerando mais problemas do que soluções para os Cahill.
Em uma narrativa que perpassa diversas gerações, o livro apresenta correlações com personagens históricos reais e coloca os Cahill como centro segredo de disputa por todos os países enquanto mostra como o início dessa briga familiar foi impactar a vida de Amy e Dan lá na primeira fase da história, instigando o leitor a juntar as peças do quebra cabeça sob o qual toda a série foi construída.
Minha Opinião
Meu primeiro contato com a série “The 39 clues” foi durante a escola, em um dos projetos de incentivo à leitura que tinha os livros da série entre as opções de serem alugados durante a semana. Lembro de ter ficado fascinada pela história, principalmente por conta da narrativa de mistérios que a proposta da série emanava e também por ela ser escrita pelo Rick Riordan. Um dos livros que herdei dessa fase foi justamente “A Ascensão dos Vesper” e esse ano decidi fazer uma releitura da narrativa e me encontrei de volta a uma história fácil e empolgante que me encantou quando criança.
A narrativa de “A Ascensão dos Vesper” é bem simples e até mesmo rápida demais em algumas soluções e decisões de trama, o que de certo modo é perfeitamente compreensível por ser uma história focada em crianças, porém, mesmo com soluções que sob outros olhos soaria fácil demais ou novelesca demais, a história consegue ser empolgante e fácil de se gostar. Os personagens apresentados seguem bastante aquele clichê de arquétipos: Luke é frio e calculista, Katherine é inteligente, Jane é a artista, Thomas é o esportista. As características principais deles são aquelas que irão definir também seus clãs no futuro, o que não é inovador em uma trama pensada agora, mas que para crianças é uma narrativa convincente e divertida, já que instiga a descobrir “qual o seu clã” à medida que você vai lendo, além de alimentar o mistério que gira em torno do quinto clã surgido nessa história: os Madrigal. É uma história de condução fácil, empolgante e que abre espaço para que crianças desvendem mistérios e se empolguem com a trama que perpassa momentos e figuras histórias que entram em contato com os Vesper e os Cahill.
Não restringindo-se a uma única linha do tempo, a história apresenta várias gerações, chegando até mesmo as crianças protagonistas da fase 1, Amy e Dan, mostrando o papel deles dentro dessa disputa familiar provocada pela rivalidade original entre seus antepassados. Buscando a fórmula do soro criado por Gideon Cahill, a família brigou por séculos, interferindo na ciência, na política e na história de países, tudo em busca do objeto que causou a fragmentação entre eles.
“Pensou em seu pai, um homem que nunca conhecera. Sua mãe dizia que ele tinha sido o maior alquimista do mundo e um pai ainda melhor. Madeleine esperava que, onde quer que ele estivesse, pudesse olhar para baixo e ver os resultados dos estudos de alquimia dela. Mais ainda: esperava que estivesse orgulhoso dela”
Contrastando cada tempo em autores diferentes, temos um livro dividido entre os anos de 1507, narrado por Gideon Cahill sob a escrita de Rick Riordan, 1526, narrado por Madeleine Cahill com a escrita de Peter Lerangis, 1942, narrado por Grace Cahill sob a mão de Gordon Korman e, por fim, o ano “presente”, com Amy e Dan Cahill, escrito por Jude Watson. As narrações dos 4 são muito bem elaboradas e dão tom próprio a voz de cada personagem, dinamizando a trama e a apresentação de cada um deles. Com o objetivo de introduzir a fase 2 das histórias, o livro deixa ganchos que certamente serão abordados na série posterior, denominada “Cahill vs Vesper” e atraí principalmente pela rapidez de sua execução e pelos mistérios que ela proporciona.
Como um livro infanto-juvenil, “A Ascensão dos Vesper” é uma ótima recomendação para ser indicada às crianças, uma vez que gera engajamento por parte do leitor e traz personagens ótimos de se acompanhar, podendo ser lido mesmo sem ter a leitura da fase 1. Para leitores mais velhos, o livro soa divertido e recorda narrativas de mistério e caça ao tesouro tão apreciadas da fase de infância já vivida uma vez.
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