Carina 10/09/2013
Contos excelentes
O livro de contos japonês é bastante diferente. Apesar de ser, em tese, mais dedicado ao público infantil, as histórias variam muito de tom: se ao início lidamos com enredos bastante ingênuos (quase bobos), ao final nos deparamos com um verdadeiro conflito de ideias, expressado através de muita argumentação e pouca fantasia.
Como são peças muito diversas entre si, prefiro comentar os contos um a um. Antes disso, contudo, faço uma advertência: o prefácio dessa edição conta o final de boa parte das histórias, estragando o elemento surpresa da obra.
- As estrelas gêmeas: a primeira história é muito simples e, para o olhar ocidental, parece um tanto boba. A segunda história já trabalha com as noções de pecado e castigo de um jeito mais vivo e interessante.
- A estrela do falcão noturno: Foi a narrativa que me fez continuar a leitura do livro. É um enredo forte, interessante e bastante triste - um jeito de mostrar aos pequeninos que nem sempre a vida é justa. E que seremos sempre julgados pelas nossas diferenças, não importa quão puro seja o nosso coração.
- A líder das Rãs: uma história interessante sobre a prepotência e o desejo de poder.
- O tomate amarelo: um enredo que exige bastante paciência na leitura, pois faz vários círculos em torno de um fato aparentemente banal. Não é muito bom.
- O cipreste e a papoula: outra historiazinha sobre o desejo de poder e como não se deixar ser enganado pelos prepotentes.
- Sinal e Sinaleza: uma história de amor em que o final feliz (spoiler) é os amantes encontrarem-se durante os sonhos apenas.
- Malibran e a jovem: Trama mais simples, sem nada de especial.
- Otbel e o elefante: novamente, desejo de poder x inocência.
- A seção dos gatos: novamente, a situação daquele que é julgado por ser diferente é o que está em foco.
- O general Son Ba-Yu e os três médicos irmãos: um enredo com ares de fábula, que termina de modo interessante.
- Viagem noturna no trem da Via Láctea: há toda uma descrição de espaços que é um pouco tediosa... mas ao final, a narrativa ganha sentido.
- Gorsh, o violoncelista: "só se pode melhorar com muito treino" é a moral desta narrativa
- O acampamento dos soldados famintos: o enredo em geral é até interessante, mas trata-se de uma história mediana
- Grande Festival Vegetariano: verdadeira tese sobre as virtudes e os vícios do vegetarianismo. (ótimo para usar em uma aula sobre dissertações)