PorEssasPáginas 29/12/2013
A Cuca Recomenda Minhas tudo - Por Essas Páginas
E então, no começo desse mês, viajei para Florianópolis e, nas minhas andanças por sebos de lá, com o quê me deparo? Dois livros do meu querido Pratinha, que pra quem não sabe, adotou Floripa como cidade para viver (e sempre que vou para aquelas bandas tenho essa mesma vontade). Aliás, sua série policial também se passa na capital de Santa Catarina (e eu também comprei um livro dela por lá, logo, logo sai resenha por aqui!). Mas na resenha de hoje vamos falar de mais um livro de crônicas desse autor brasuca sensacional, o meu preferido, top top de todos. Em Minhas tudo – incluindo sexo, drogas e rock and roll. E umas mulheres peladas. (tive que colocar o subtítulo aqui porque já gostei do livro só de olhar para ele), Mario Prata delicia novamente o leitor com suas crônicas divertidíssimas e deliciosas. ‘Bora saber um pouquinho mais delas.
Não há outro adjetivo mais apropriado para descrever esse livro: ele é delicioso. Aqui Mario Prata fala de tudo, tudo mesmo, várias crônicas sobre objetos, manias, maluquices, obsessões, ou seja, tudo que você possa imaginar. Há o “minhas livro”, “minhas joelho”, minhas zona” (essa é de gargalhar sozinho), “minhas controle remoto” (a gente se identifica totalmente), “minhas roupão”, “minhas bunda”… Vocês já entenderam o sentido da coisa, não? É “Minhas tudo” mesmo.
“Quando ela me disse que a garantia era de dez anos, eu senti a responsabilidade que é comprar um colchão. Isso significava que ele deveria ter uma vida útil de uns 40 anos. Isso significava que eu ia morrer naquele colchão. Será que era aquele? A minha decisão tinha que ser precisa e definitiva. Era uma decisão para o resto da minha vida.”
Cada crônica é relacionada à anterior, algo que eu achei muito inteligente. Toda crônica tem uma palavra em negrito que será tema da próxima. Então de livro passamos a letra, em seguida a cartório, logo depois carimbo e por aí vai. Como algo que começou assim vai chegar em “bunda”, “casquinha”, “pêlo” e “soluço”? Só lendo para saber, mas as conexões são fantásticas e divertidíssimas.
É claro que, como faz em todas as crônicas, Mario Prata nos revela em histórias transbordantes de um humor simples, e por isso mesmo, delicioso, fatos simples de seu cotidiano. Uma das melhores qualidades de Pratinha é que ele ri e muito de si mesmo, acho que isso é uma das coisas pelos quais ele é tão divertido. E ele é simples, honesto, direto. Nada de humor refinado, requintado, nada de enfeites desnecessários ou frescuras. Nada disso, gente. Toda vez que leio um livro do Mario Prata tenho a gostosa sensação de estar conversando com ele, de estar sentada em uma mesa de bar, tomando uma cerveja e ouvindo-o contar seus causos. A gente ri solto, despreocupada e despretensiosamente.
“Tenho aqui, na minha frente, quatro controles remotos de ultíssima geração. Um da operadora de cabo, com 28 teclas. Algumas delas jamais ousei tocar, como a Buy e a Credit. Esta última, imagino, debita alguma coisa na sua conta. Ao lado do do cabo, temos o da televisão propriamente dita. Todo metido a besta, se apresenta com 38 teclas. E ainda dá uma esnobada dividindo as teclinhas em três cores diferentes.”
É isso que eu mais gosto nele: ele é não é pretensioso. Ele é simples. E o humor simples é o mais engraçado. A gente se identifica com tudo aquilo, ele fala do dia-a-dia, ele se revela uma pessoa como a gente. Ele mostra que não é porque ele é um escritor famoso que é diferente de nós, e é incrível você perceber isso apenas lendo seus livros. Ele passa por perrengues e situações hilárias como a gente. Quem nunca ficou perdido com os milhares de botões dos nossos milhares de controles remotos? Quem nunca teve medo de resvalar o dedo naquele botão que é pra pagar algo da TV a cabo? Quem não joga porcarias e contas velhas na gaveta do criado-mudo? Eu com certeza me identifiquei com muita coisa e tenho certeza que você aí, leitor, vai também. Eu até me descobri “meia-gordinha” e fiquei feliz por isso, pasmem!
Maria Prata tem a rara habilidade de observar coisas tão simples e torná-las hilárias. Lê-lo é um exercício para rir de si mesmo. A gente lê e ri dele, mas também ri de si. Porque tudo ali tem a ver com a nossa vida. É cotidiano, é você e eu, é um retrato honesto do dia-a-dia. Minhas tudo é uma reunião de crônicas deliciosas e divertidíssimas, imperdíveis para quem curte uma leitura leve, honesta e um humor sem pretensões nem enfeites, o melhor que há se me permitem dizer. Eu babo mesmo em tudo que o Pratinha escreve. Rio dele, rio de mim. Riam vocês também.
“A vida é um livro.”.
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