spoiler visualizarHadassa.Yehezkeli 09/07/2023
Feminismo marxista e o manifesto comunista
Manifesto Comunista:
O manifesto comunista, publicado em fevereiro de 1848, foi escrito por Karl Marx e Friedrich Engels. Historicamente é um dos tratados políticos de maior influência mundial, a obra de Marx e Engels faz uma análise objetiva da derrubada das classes dominantes e eleva a classe dominada, o proletariado. Ela faz uma crítica do modo de produção capitalista, bem como da sociedade estruturada por meio desse modo. Foi um marco fundamental no desenrolar do pensamento comunista. Para a Europa, o século XIX foi um grande palco de importantes agitações sociais, políticas e econômicas que marcaram a sua trajetória durante várias décadas. A finalidade dos autores era aproximar a classe trabalhadora das teorias políticas que formariam as bases do comunismo na Europa. O Manifesto comunista foi escrito no meio do grande processo de lutas urbanas das Revoluções de 1848, chamadas também de Primavera dos Povos, um processo revolucionário de quase um ano que atingiu os principais países Europeus e faz uma análise da Revolução Industrial contemporânea.
Meu primeiro contato com o comunismo, sem ser em uma reunião de família em que se falava sobre uma ameaça comunista ou algum tipo de conspiração sem sentido, que acabava por distorcer totalmente os ideais comunistas, foi em um vídeo na internet. O vídeo nem sequer tentava explicar o comunismo, a ideia dele era explicar de forma básica as principais vertentes do feminismo. No vídeo foi abordado o feminismo liberal, o radical e o que mais me chamou atenção, o feminismo marxista. Para ser franca, na época eu já achava o feminismo liberal uma piada, além de ver claramente que ele não levava mulheres negras em consideração em nenhum momento. O radical eu já relacionava com transfobia antes de conhecer mais a fundo, além de que não entendia direito quais eram os problemas identificados e a ideia de como resolvê-los no feminismo radical e liberal. O único que eu nem sequer havia ouvido falar era a vertente marxista do feminismo e fazia muito sentido na forma que foi apresentado no vídeo, mas a parte marcante era que mesmo me identificando muito com essa vertente, havia um porém: eu não queria ser comunista de jeito nenhum e não havia como ser feminista marxista sem ser no mínimo socialista.
Na época em que vi este vídeo, eu estava no oitavo ano e já tinha alguns estigmas comigo, o principal deles era ser militante, então lembro de não querer ser associada a mais alguma loucura a favor dos direitos humanos ou revoluções estranhas, então me fechei para qualquer ideia associada ao comunismo, por puro medo de acabar me ligando a isso. O que é mais estranho é que naquela época eu já não fazia questão de ter algum tipo de aprovação social, nunca fiz, mas ainda assim não queria que as pessoas acabassem descobrindo e tendo mais um motivo para me fazer de piada. Além de que o comunismo também era muito estigmatizado para mim, eu tinha uma visão distorcida do que é o comunismo.
Apenas um ano depois, no nono ano da escola, retomei todas essas ideias, vertentes do feminismo e ser ou não ser comunista. Um dos motivos para isso ter acontecido é o fato de que nas aulas de história começaram a ter temas que abordam capitalismo e comunismo. Eu nem sequer tive que contestar muito até entender que sou comunista graças a uma série de princípios que tenho. Bem antes de realmente saber o que é o comunismo e o que é o capitalismo e como funcionam eu já era obviamente comunista, já tinha ideias contra o capitalismo que apenas foram melhor estruturadas nas aulas e durante a leitura do Manifesto Comunista. Este livro me fez conseguir ver que minhas convicções e ideologias não são totalmente piras minhas.
O feminismo marxista pega um ponto muito importante na hora de identificar o que é e de onde vem o machismo, nessa vertente entende-se que a sociedade como está estruturada põe a mulher numa posição de ser inferior. Considera que em uma sociedade capitalista a mulher tem uma jornada dupla de trabalho, além do fato de que ser dona de casa e criar seus filhos é algo muito importante para a sociedade, porém não é um serviço de valor e nem de prestígio social, o que faz a mulher ser inferiorizada. Contudo, , considera que só é possível que a mulher esteja numa posição de igualdade com o homem se houver uma mudança na estrutura da sociedade.
"A família burguesa será naturalmente eliminada com o eliminar deste seu complemento, e ambos desaparecerão com o desaparecimento do capital." Quando Marx e Engels começam a mostrar suas ideias e opiniões sobre as famílias no manifesto, foi que percebi que sou de fato uma feminista marxista, sem dúvida nenhuma. Ou seja, outra ideia minha só se concretizou um ano depois, mas a parte mais engraçada é que primeiro me considerei feminista marxista, depois comunista. É interessante pensar que eu nunca expus essas ideias, mesmo que hoje em dia elas já estejam muito bem estruturadas na minha cabeça.