Sociologia Para o Ensino Médio

Sociologia Para o Ensino Médio Nelson Dacio Tamazi




Resenhas - Sociologia Para o Ensino Médio


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fabio.ribas.7 18/01/2020

Sociologia para o Ensino Médio
Certo aluno de uma Escola Pública da minha cidade procurou-me com este livro e cheio de dúvidas sobre um trabalho que seu professor de sociologia incumbira a seus pupilos. Abri as páginas do livro em questão (logo as primeiras) e li o texto para esclarecer aquelas ideias ao jovem aluno. Qual não foi minha surpresa ao ver estampada naquelas duas ou três folhas iniciais uma série de contradições do autor sobre aquilo que ele mesmo apresentara como tese. Era óbvio que o autor do livro nem se dera conta de sua explícita contradição, mas me perguntei mesmo era se o professor do ensino médio teria se dado conta das contradições do autor do livro. Duvido!

Do meu lado, não me furtei em tornar patente as contradições do autor àquele aluno. E essas são as mesmas sempre refeitas pela mentalidade esquerdista autocontraditória, que, certamente, não possui um saber, mas uma bandeira, uma propaganda em sua "cuca" e, sabemos muito bem, manipulará os fatos para que sua tese prevaleça. Porém, muitas vezes, o tiro sai pela culatra e a realidade dos fatos é muito maior do que o jogo do discurso e, fatalmente, a casa cai. Foi o que ocorreu quando o autor tentou explicar em seu livro sobre “individualismo” e “coletivismo”.

A tese do autor era que, a partir da Reforma Protestante, o individualismo surgira na sociedade, dando maior valor à opinião da pessoa. O individualismo, segundo o autor, teria se consolidado com o capitalismo, que estabelecera que a felicidade do indivíduo estaria na sua aquisição de bens - esta é a tacanha e materialista visão do autor sobre individualismo. Em momento algum, o autor confessa que a liberdade de pensamento e expressão são as verdadeiras e profundas conquistas do individualismo contra o coletivismo. E jamais confessará, porque a Escola hoje se empenha na formação de cabos eleitorais da propaganda esquerdista. Além disso, já foi constatado que o autor usa o termo "individualismo" pejorativamente, como se o mesmo fosse a grande mácula do homem moderno materialista e consumista.

Escolhi, então, quatro pequenas frases do autor que nos dão uma ideia da sua "argumentação" contra aquilo que ele mesmo prega em sua tese: “a ascensão do individualismo na era capitalista”. O mais ficaria para quem se der ao trabalho de ler a "obra" (ou, quem sabe, seus filhos estariam estudando nesse livro - que os céus os livrem!). Segue abaixo:

1) “O indivíduo nunca teve tanta importância nas sociedades como nos dias de hoje” - será? Quando o autor afirmou isso, pensei que ele daria exemplos em que esse individualismo aparecesse, mas não foi nada disso que ele fez. Ele apresenta exemplos que mostram como a sociedade ainda está muito longe de valorizar o indivíduo. Para piorar, ele diz que uma prova de que o individualismo é uma verdade hoje é o fato da sociedade capitalista ter estabelecido que a felicidade do indivíduo está na pessoa ser proprietária de bens, quando, indubitavelmente, a grande conquista que o individualismo defende é o direito da pessoa expressar o seu pensamento sem sucumbir à pressão do grupo!

2) “Mas como indivíduos e sociedade se tornam uma só engrenagem?” - viu? O autor mesmo diz que não existe o individualismo pleno ( se olharmos à volta, perceberemos que o que aí está é muito mínimo). Apesar de todas as aparentes conquistas da Reforma Protestante e do capitalismo em dar voz ao indivíduo contra a sociedade, esta ainda consegue “sumir” com a pessoa dentro da máquina. E ele diz que tudo está montado dentro dessa máquina exatamente para sumir com o indivíduo através do processo da "socialização". É ou não é um primor de contradição o livro que estão apresentando aos nossos jovens?

3) “...votamos em alguém que já foi escolhido pelos membros do partido”. Mais um exemplo de que a conversa toda no início do texto sobre o indivíduo não é bem assim. Nem para votar eu posso manifestar o que penso. O grupo é quem me oferece seus candidatos previamente escolhidos. Aí no dia da eleição, eu finjo exercer a minha vontade individual! Cadê o tal individualismo que ele apregoou que veríamos em nossa sociedade capitalista? Aqui mesmo, na cidade em que moro, todos os partidos se juntaram em duas coligações e ofereceram à população apenas dois candidatos à prefeitura. E se EU, indivíduo, não quiser votar em nenhum dos dois? Por que APENAS dois? Por que os partidos DECIDEM por mim?! E o que dizer desse sistema que pega o MEU voto dado a Fulano e o transfere a Ciclano?!!! Esse individualismo é uma farsa!

4) “Tomar uma decisão é algo individual e social ao mesmo tempo, sendo impossível separar esses planos”. O problema é que o autor mostra através dos exemplos que o tal “individualismo”, na verdade, é um instrumento usado pela sociedade, pelo grupo, pelo coletivo, para o próprio benefício deles. Nobert Elias (a quem o autor do livro cita em mais uma patente contradição) diz que não podemos mudar “as máscaras” que usamos como indivíduos. Entendo, então, que não posso usar minha liberdade para mudar de opinião. O que é muito triste, porque penso que a maior conquista do individualismo seria a minha liberdade de pensar independente da pressão deste ou daquele grupo social (seja um partido político, seja uma igreja, seja um sindicato, etc). Mas, pelo que o autor expõe, o que ocorre de fato é que o coletivo ainda controla as vontades individuais para seu próprio benefício.

Enfim, o texto não é sobre as conquistas do individualismo ou sobre como que o individualismo presente nos dias de hoje é nefasto, porque seria materialista e consumista. Nada disso! O texto leva-me a perceber que ainda somos muito semelhantes àqueles clãs e tribos, cujos indivíduos são perseguidos ou marginalizados, quando não se conformam aos grupos regentes! E se você, caro leitor, olhar atentamente a sua volta, verá como suas escolhas, aparentes escolhas, estão sendo determinadas ou direcionadas pelos grupos que controlam as Escolas, os Partidos políticos, as Igrejas, os meios de comunicação de massa, etc. Portanto, arrisco dizer que, embora com certa liberdade de mercado, vivemos num “Capitalismo de Estado”, nunca fomos tão manipulados pelo Consórcio* - este construtor de uma sociedade socialista - como ainda somos nos dias de hoje.

*Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!

site: https://www.facebook.com/fabio.ribas.7
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