A Descoberta do Mundo

A Descoberta do Mundo Clarice Lispector




Resenhas - A Descoberta Do Mundo


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Elizandra 15/12/2016

Clarisse diferente de tudo que li
Este livro é um compilado de crônicas que Clarisse escreveu quando trabalhava no jornal do Brasil em 1968. No inicio achei que a leitura seria bastante difícil pelo fato dos textos iniciais serem muito curtos e se encontrarem na mesma página e tratando-se de Clarisse, é quase impossível mudar de assunto (crônica) sem antes parar para fazer uma reflexão. Então decidi ler propositalmente somente algumas crônicas por dia. Se bem que foram encontrados no livro alguns contos de outros livros, como por exemplo Felicidade Clandestina.
Este livro mostra a Clarisse como ela mesma, vivendo situações inusitadas e até cômicas e também situações emocionantes, com personagens reais de pessoas com quem ela conviveu e até pessoas que ela ficou feliz por não ter convivido.
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Su 28/01/2016

A descoberta do mundo é uma coletânea de crônicas publicadas pela Clarice no Jornal do Brasil durante os anos de 1967 a 1973. Vou falar um pouco sobre aquelas que eu mais gostei.
Em “Prece por um padre” Clarice nos conta sobre a oração que ela fez por um padre que lhe pediu que fizesse isso.
“Uma noite gaguejei uma prece por um padre que tem medo de morrer e tem vergonha de ter medo. Eu disse um pouco para Deus, com algum pudor: alivia a alma do Padre X..., faze com que ele sinta que Tua Mão está dada à dele, faze com que ele sinta que a morte não existe porque na verdade já estamos na eternidade, faze com que ele sinta que amar é não morrer, que a entrega de si mesmo não significa a morte, faze com que ele sinta uma alegria modesta e diária, faze com que ele não Te indague demais, porque a resposta seria tão misteriosa quanto a pergunta, faze com que ele se lembre de que também não há explicação porque um filho quer o beijo de sua mãe e no entanto ele quer e no entanto o beijo é perfeito, faze com que ele receba o mundo sem medo, pois para esse mundo incompreensível nós fomos criados e nós mesmos também incompreensíveis, então é que há um conexão entre esse mistério do mundo e o nosso, mas essa conexão não é clara para nós enquanto quisermos entendê-la, abençoa-o para que ele viva com alegria o pão que ele come, o sono que ele dorme, faze com que ele tenha caridade por si mesmo, pois senão não poderá sentir que Deus o amou, faze com que ele perca o pudor de desejar que na hora de sua morte ele tenha uma mão humana para apertar a sua, amém. (Padre X... tinha me pedido para eu rezar por ele.)”
“O caso da caneta de ouro” nos mostra o que aconteceu quando ela ganhou uma caneta de ouro.
“De repente, descobri. Pouco estava importando a caneta de ouro. O que importava é que um filho pedia e o outro não pedia. Retomei a conversa: “Vem cá, por que é que você não me pede coisas?” A resposta foi pronta e contundente: “Eu já pedi muitas e você não me deu nada.” A acusação era tão dura que fiquei estarrecida. Inclusive não era verdade. Mas, exatamente por não ser verdade, é que se tornava mais grave. Ele tinha uma queixa tão profunda que a transformara nessa inverdade.”
Na crônica “Pertencer” Clarice começa nos dizendo que um médico lhe contou que desde o berço a criança sente o ambiente.
“Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso. Quem sabe se comecei a escrever tão cedo na vida porque, escrevendo, pelo menos eu pertencia um pouco a mim mesma. O que é um fac-símile triste.”
Sou mais do que suspeita para falar qualquer coisa sobre a Clarice. Gostei muito desse livro, principalmente por nos revelar um pouco do dia-a-dia dessa autora que acima de tudo é humana.

site: http://detudoumpouquino.blogspot.com
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Camila Faria 08/03/2015

O livro reúne 468 crônicas que a Clarice escreveu para o Jornal do Brasil, entre 1967 e 1973, e é muito curioso ver o estranhamento (e a genialidade) da autora nesse “novo” formato, que ela tanto questionou e lutou para dominar. Acho que esse livro pode ser lido de uma vez só ou aos pouquinhos, como pequenas pérolas de sabedoria. Definitivamente não se fazem mais seres humanos como Clarice.

site: http://naomemandeflores.com/os-tres-ultimos-livros-1/
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Érica 08/02/2014

A descoberta do mundo
Neste último mês reli um livro que há tempos estava guardado na minha estante: A Descoberta do Mundo, de Clarice Lispector. Reli ainda com mais carinho que o normal já que minha edição foi presente de meu eterno professor e também amigo Paulo Antunes.

Este livro reúne as crônicas de Clarice para o Jornal do Brasil no período de 1967 a 1973 organizadas por Marlene Gomes Mendes. Seu título é homônimo a uma das crônicas, onde Clarice comenta como descobriu o sexo aos treze anos, em conversa com uma amiga a quem confessa que andara fingindo e que, na verdade, não sabia de que forma um homem e uma mulher se unem. Vê-se traumatizada pela forma como tudo lhe é explicado, mas encerra esta crônica deixando claro que a lição aprendida é que a “vida é bonita”.

Para que se compreenda a amplitude destes escritos, assim como sua interpenetração em diversos gêneros textuais, é interessante que se compreendam o que são crônicas. Estas são textos, que, normalmente, partindo de um fato ou acontecimento real ou fictício servem de veículo para que o escritor, chamado de cronista, posicione-se e explicite sua forma particular de ver e apreender o mundo (ANTUNES, 2005). Observa-se, portanto, que o cronista se revela, já que é sua visão pessoal que norteia a tessitura do texto.

Sendo assim, Clarice, aos poucos, expõe-se mais e mais em seus escritos semanais. Para quem admira a escritora e sabe de sua notória aversão à exposição de sua intimidade, vê em A Descoberta do Mundo um achado, já que é possível saber mais desta autora e de sua intensidade interior. Desta forma, a leitura desenvolve-se com um prazer quase voyeurístico, já que se tem, em determinados pontos da leitura, a impressão de que se lê um diário.

Não que a autora escrevesse em tom meramente confessional – porém, conforme ela mesma notou e comentou em algumas das crônicas, era impossível que ela resistisse à tentação de se abrir e contar de si, de seus sentimentos, inseguranças, medos e alegrias.

Convém acrescentar, porém, que, mesmo que os escritos de Clarice para o Jornal do Brasil sejam genericamente classificados de crônicas, eles não se resumem a isto apenas, uma vez que, além dos comentários sobre fatos, ela ainda permeia seus escritos com pequenas doses de ficção como em Calor Humano. Ali, em vez de uma crônica tradicional, vê-se uma historieta sobre uma mulher que está triste à espera de “um algo” que nem mesmo ela sabe precisar.

Considerando-se as revelações de si permeadas por pequenas doses de ficção, ainda é possível que se entenda um pouco mais como o eu da autora salpica suas narrativas: é o que acontece com A descoberta do mundo e A perseguida feliz. Na primeira, como mencionado, a autora fala de uma experiência que viveu ainda adolescente. Na segunda, a pessoa ficcional comenta exatamente as mesmas sensações pelas quais Clarice afirmou ter passado – ela faz uso, inclusive de palavras e construções semelhantes em ambos os textos. Como disse Clarice: “Narrar é narrar-se”.

Ainda, em outras semanas, Clarice “fala” com seus amigos, dirigindo-se diretamente a eles, muitas vezes por nome ou pelas suas iniciais. “Fala” com seus leitores e até mesmo publica uma carta de Fernanda Montenegro que se queixa da violência e da repressão contra a classe artística.

Há, em acréscimo, outro detalhe que, para mim, é dos mais deliciosos: através de crônicas é possível que se “reconstrua”, como em um quebra-cabeça, um retrato da época da escrita dos textos, pois, o cronista comenta muitos fatos fornecendo-nos suas impressões - a de uma testemunha ocular.

Assim, por Clarice, somos informados da dificuldade de estudantes ingressarem na faculdade pela falta de vagas, das passeatas de protesto contra este fato, do advento do cérebro eletrônico, da questão indígena, da necessidade de reforma agrária. Impressionante como determinados problemas permanecem os mesmos.

Tocante ainda a forma como ela refere-se à saudade que sente de Lúcio Cardoso: seu amigo, mentor e, segundo suspeita-se, seu amor platônico. Há uma crônica que tem o nome deste autor onde ela fala de seus sentimentos por ele até mesmo dizendo que “se não houvesse a impossibilidade, quem sabe teríamos nos casado”. Esta impossibilidade remete-se, provavelmente, à homossexualidade de Lúcio.

Destarte, A descoberta do mundo, devido às suas diversas características e abrangência, é um livro muito interessante para os que amam Clarice e para os que não a amam (odiar não é de fato uma possibilidade, neste caso). Serve, pelos mencionados motivos, até mesmo de porta de entrada para o universo clariceano para aqueles que ainda não tiveram o prazer de se deleitar com sua obra.

(publicado no jornal cultural "Conhece-te a ti mesmo")

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C.R 10/09/2013

C
Um livro de crônicas, cada uma revela a grande personalidade da
autora de que uns tempos pra cá se tornou modinha na internet, infelizmente sabemos que as pessoas hoje em dia leêm frases sem saber o contexto, assim fica complicado perceber a grandiosidade de cada frase e cada texto escrito por ela e que o livro consegue transmitir muito bem.

Recomendo.
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Luciana 19/12/2012

Sempre Clarice...
Ler Clarice é sempre uma experiência interessante e, esse livro em específico,eu recomendaria para quem não conhece bem o trabalho da autora, pois é um livro de crônicas curtas e com uma linguagem bastante simplificada, mas sem jamais perder a essência dessa autora enigmática e de escrita forta e marcante.
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Jhonatan 20/09/2012

Simples e Profundo
Apesar da relação de amor e ódio que tive lendo as crônicas, o livro cria uma atmosfera de reflexão. - Nua, crua e simples - Clarice, novamente, se mostra.
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Michelle 16/09/2011

Definitivamente escrever é despir-se para o outro. É um desnudar a alma, num processo que é compreendido quando se lê Clarice Lispector. Sua escrita flui e atinge lugares efêmeros nos recônditos da alma. É assim comigo... Sinto como que não apenas ela escrevesse para mim, mas me inscrevesse nas (entre)linhas de seus escritos. Meus sentimentos: medos, amores, decepções, angústias, desejos, prazes... tudo é disposto de maneira que nem eu mesma sei expressar. Me reconheço em seus textos e por isso me identifico com seu jeito introspectivo.
Uma pena não ter nascido na TUA época, Clarice, e poder dizer, de algum modo, que sou melhor depois de conhecer teu jeito de escrever: uma aprendizagem de amor.
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Evy 20/01/2011

Perfeita!
Este é o "Livro do Desassossego" da Clarice Lispector. Uma coletânea de textos maravilhosos que te faz descobrir mundos internos, refletir ações e ideías, modificar-se. Além de ver-se refletido em inúmeros sentimentos cotidianos tão bem relatados pela sensibilidade de Clarice. Com certeza, um dos meus favoritos dela, e o tipo de livro que não se pára de ler nunca. Me vejo sempre voltando às suas páginas e me embriagando de palavras e sentimentos.

"Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. Não me lembro por que exatamente eu o disse, e com sinceridade. Hoje repito: é uma maldição, mas uma maldição que salva".

Fico muito feliz que ela tenha compartilhado conosco muito dessa maldição que realmente, salva! Leitura recomendada.
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Rose 18/10/2010

Resenha da crônica: Dos palavrões no taeatro de Clarice Lispector.
Resenha a respeito da crônica: Dos palavrões no taeatro de Clarice Lispector.

Nela Clarice Lispector defende o uso dos palavrões em dramatizações, não porque ela goste ou use, mas porque o palavrão faz parte da vida cotidiana de muitas pessoas. E defende (argumentando) ainda que as peças de teatro possuem censura quanto a idade e que a pessoa quando compra um ingresso já deve estar ciente do que assistirá, então assim não deverá ficar constrangida.

Agora, nesta próximas linhas expressarei minha opinião:

Gosto muito de uma professora que tive no 1º e 2º semestre da faculdade, a Dora, e gostava mais ainda de suas aulas, que eram sempre cheias de conhecimento e domínio do assunto tratado.

Então falarei do que penso, de acordo com o que aprendi nestas aulas.

O texto dramático é uma das ramificações da arte, assim como qualquer outro tipo de texto literário.

Então neste contexto, podemos perceber que sua finalidade deve ser o alimento da alma, trazer prazer para a vida humana.

E a arte por si só, necessariamente, transforma a vida cotidiana em algo agradável para o espírito.

Creio que ao fazer uso de palavrões nos teatros, não seja o melhor caminho, para chegar-se a esse objetivo, pois isso seria reproduzir fatos mesquinhos, fúteis e desagradáveis.



Neste ponto discordo de Clarice.


Crônica: Chacrinha?

Clarice cronista foi a que mais me chamou a atenção, principalmente por causa de sua crônica Chacrinha?.
Um dia desses assisti na TV Cultura, que completou quarenta anos, uma entrevista com o Chacrinha e admirei-me por algumas palavras ditas por ele, tais como:
• Que o seu trabalho era sua vida, na questão de prioridades, seguia-se esta ordem:
1° O programa dele
2º A esposa
3º A família
• Um telespectador perguntou: Chacrinha quais são os princípios que norteiam o seu programa: Em resposta falou vária coisas, mas resumidamente respondeu: Os mesmos princípios de quem o assiste.
• Outro aspecto que também me chamou a atenção foi quando ele falou a respeito das pessoas que o azucrinavam quando o viam na rua, exemplos: apertavam seu nariz e bochechas, assim como ele fazia no programa, e seu argumento para que tais atitudes não acontecessem era a de que as pessoas deveriam separar o Chacrinha do Abelardo Barbosa, mas eu pergunto, não foi ele mesmo quem disse que seu trabalho era sua vida?E se este trabalho era sua vida, o Abelardo Barbosa não era mesma pessoa que o Chacrinha?


Chacrinha? Pânico na TV?
Assim como Clarice Lispector um dia escreveu sobre o programa do Chacrinha e seus princípios inexistentes, escrevo esta crônica para demonstrar minha profunda tristeza por este programa que chama-se Pânico na TV, que por sinal é altamente sensacionalista, com objetivos puramente lucrativos. Infelizmente a maioria de nosso povo não sabe escolher o que é melhor para si, em termos de construção de seu próprio caráter e o mais deprimente é que mesmo depois de 42 anos a programação brasileira nada mudou, tais programas continuam a ter tamanha popularidade por causa da pobreza de espírito de nosso povo.
Assim como Lispector disse eu repito: Eu quereria um povo mais exigente.
Thiago Pamponet 26/03/2012minha estante
Comungo fielmente com você e Clarice, quando li a crônica, fiz um paralelo em minha reflexão do texto, com o Big Brother, onde a população se diverte com as brigas e humilhações alheias ao senso do ridículo na TV brasileira.




Juliana 28/12/2009

Esse livro é divino! São todos os contos que ela escreveu pra um jornal, mas o melhor de tudo é que é tipo um diário! Temos a data, o título e o texto. Seguem uma continuação, ou não, ela simplesmente escreve! Achei tão pessoal, tão delicado! Abandonei por estar sem tempo de me dedicar a essa leitura tão magnífica, não por ser ruim ou chato, ou coisa do tipo. O livro é maravilhoso! Mas você tem que estar pleno pra captar Clarice!
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