Henrique1096 06/11/2020Pais e pássarosEsse é o meu segundo Ian McEwan e, talvez, deveria ter começado por este (não teria ficado tão chocado em Jardim de Cimento quanto eu fiquei, eu acho). É um livro que comecei sem saber muito como a história funcionava, em parte porque os livros em inglês preferem jogar avaliações na contra-capa do que a sinopse da história e em parte porque eu realmente comprei só por estar barato no sebo e ser de um autor conhecido. Mas agradeço profundamente por não ter lido nada, nadinha, sobre.
Não tem muito o que dizer do livro sem que eu entregue algum detalhe importante do enredo, mas a história de um casal recém-casado na lua mel, cheio de meio e anseios quanto a "consumação" do casamento, é só um plano de fundo para uma história profundamente triste, mesmo que não pareça. É uma noite, que para mim foram várias, de pura agonia e vontade de gritar com os personagens para que eles comecem a CONVERSAR como qualquer casal deveria fazer. No final, o que importa para o enredo não é nem os personagens e muito menos a virada repentina perto do fim, mas o que o enredo vem construindo desde o início, as lembranças dos pais, os pássaros e os mínimos detalhes que são jogados na tua cara, que tu nem percebe e precisa ainda voltar páginas e páginas para mudar todo teu entendimento dos personagens.
SPOILER:
Eu precisei ler uma resenha gringa para entender que a protagonista, na verdade, foi abusada a vida inteira pelo pai, o que explica toda a repulsa dela e o medo de ter relações sexuais com o marido. Eu não sei se a própria personagem está consciente disso, mas é uma coisa que me pegou realmente de surpresa, principalmente quando tu para pensar todos os detalhes sobre essa relação entre pai e filha que o noivo relata ser estranha e quase inexistente. Livraço!