Carol 13/09/2015MatrioskaEm “Se um viajante numa noite de inverno”, Calvino brinca com a ideia de um leitor que adquire um livro cuja história está inacabada e ansiando por descobrir como ela termina, envolve-se em outras obras incompletas, uma mais interessante que a outra. Ficções dentro da ficção.
Da pele de um leitor para a de escritor. É esta a premissa de Noite do Oráculo, de Paul Auster, livro publicado no Brasil, em 2004, pela Companhia das Letras.
Sidney Orr é um escritor que se recupera de um longo período de convalescença e, ao comprar um caderno azul português, recobra sua inspiração. Começa a escrever o romance sobre Nick Bowen, um editor de livros que recebe o manuscrito de Noite de Oráculo, escrito por Sylvia Maxwell. O manuscrito conta a história de Lemuel Flagg, um soldado que possui o dom de prever o futuro. Como a boneca russa Matrioska, ficções dentro da ficção.
Sidney é parecido com o autor. Ambos são escritores, moram no Brooklyn e são casados. John Trause, amigo do protagonista, também é escritor e, assim como Auster, morou um tempo na França. Se olharmos bem, Trause é um anagrama para Auster.
Nesta mistura de ficção e realidade, o personagem principal lidará com fatos e acontecimentos os quais vinha evitando, talvez, inconscientemente.
Um livro escrito por um amante da literatura para o deleite de pessoas que amam ler. Uma grata surpresa pra mim, pois ainda não havia lido nada do autor.