A memória de nossas memórias

A memória de nossas memórias Nicole Krauss




Resenhas - A Memória de Nossas Memórias


7 encontrados | exibindo 1 a 7


Leila 10/08/2023

Nicole Krauss, renomada autora de obras literárias que exploram a complexidade das relações humanas e a natureza intrincada da memória, oferece mais uma vez uma narrativa impactante em seu livro A Memória de Nossas Memórias. Nesta obra, Krauss mergulha fundo nas profundezas da mente humana, tecendo uma história intrincada e envolvente que desafia nossas noções tradicionais de lembrança e identidade.

A trama gira em torno de personagens complexos e bem desenvolvidos, cujas histórias entrelaçadas capturam a atenção do leitor desde o primeiro capítulo. Num primeiro momento você tem a impressão de estar lendo historias distintas, mas à medida que vai avançando na leitura, percebe o entrelaçamento das vidas das personagens, quase todas conectadas através de uma escrivaninha. Outro ponto de conexão são os escritores, temos algumas personagens que o são dentro da história e se não estão interligados pela tal escrivaninha, estarão pela profissão que escolheram.

Um dos aspectos mais notáveis da obra é a maneira como Krauss brinca com a noção de tempo. Ela cria uma atmosfera de sonho, onde passado e presente se misturam de maneira sutil, desafiando a linearidade convencional. E essa narrativa fragmentada que citei acima também é outro diferencial desse livro contemporâneo.

Além disso, "A Memória de Nossas Memórias" apresenta uma profunda reflexão sobre o poder da narrativa e como ela molda nossa percepção do passado. Krauss explora a ideia de que nossas lembranças são moldadas pelas histórias que contamos a nós mesmos e aos outros, destacando a importância de questionar a veracidade dessas narrativas pessoais. Essa exploração da construção da identidade através das histórias é um elemento fascinante do livro, que convida o leitor a refletir sobre suas próprias lembranças e como elas contribuem para sua compreensão de si mesmo.

Enfim, amei A Memória de Nossas Memórias assim como já havia amado o livro anterior dela que li, A historia do amor. Nicole Krauss demonstra mais uma vez sua habilidade notável de criar personagens vívidos e envolventes, enquanto explora temas profundos de identidade, tempo e narrativa. Sua prosa elegante e reflexiva cativa o leitor desde o início, fazendo desta uma leitura altamente recomendada para aqueles que apreciam obras literárias que desafiam e inspiram. Então se você estiver procurando um bom livro para ler, esse pode ser uma boa pedida. #ficaadica
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Julinho 26/12/2022

Nicole Krauss urge uma trama em seu fabuloso romance "A memória das nossas memórias", de forma muito original. Todas as histórias - ou capítulos - aparentemente são aleatórias, sem ligação entre si; no entanto, aos poucos estes enredos vão sendo costurados de forma sútil num mesmo ponto: uma escrivaninha. Temas como o fazer do escritor, a relação do leitor com a literatura e os livros, conflitos familiares e a diáspora judaica aparecem neste emaranhado da autora. Ao final, o leitor de sente brindado pela escrita visceral e poética de Krauss, capaz de tocar as cordas mais adormecidas do coração humano.
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Renato 03/05/2018

Romance?
Na verdade uma coletânea de contos unidos por uma escrivaninha. Apesar de belo, bem escrito, a sensação de não ser um romance, de estar sendo iludido acaba por trazer uma sensação de decepção. Como contos isolados, muito bom.
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DIRCE 22/08/2014

Sem redenção, mas uma leitura que vale a pena se dar uma chance
Cheguei ao romance "A Memória de nossas memórias graças às resenhas dos leitores frequentemente por mim citados: Arsenio e Nanci, resenhas que são de um primor e uma abrangência surpreendentes e que me deixaram convicta de que nada ou pouco me resta a acrescentar a elas, portanto, prevalecerão, neste meu comentário, as sensações que me assaltaram durante a leitura e que, ao contrário do que eu supunha, povoaram e continuam povoando os meus pensamentos.
Quando iniciei a leitura do romance, eu tinha acabado de percorrer a solar Argélia pelas mãos de Camus e estava me sentido iluminada pelo seu pensamento, de forma que, mesmo lendo e relendo os dois primeiros capítulos, não conseguia entrar no clima, na obscuridade, do " A memória de nossas memórias. Resolvi dar um tempo, fiz uma pausa, parti para a leitura de outro livro ( A Desumanização do VHM). Concluída a leitura do romance do VHM, resolvi dar uma nova chance a Nicole Krauss.
Comecei da estaca zero, melhor dizendo, da primeira página e mais atenta não me passou despercebido que logo abaixo do título português encontrava-se o título original - "Great house" (hein??).
Bem, a essa altura, já exorcizada de Camus, me entreguei à leitura , porém a minha entrega não foi de muita valia nos primeiros capítulos - as narrativas se apresentavam confusas, destoantes uma da outra, que me levaram a acreditar que não se tratava de um romance mas, sim, de uma coletânea de contos. Não tardou para que eu me apercebesse que estava equivocada, pois embora as narrativas sejam feitas em épocas, geografia e por narradores distintos, uma antiga escrivaninha faz com que trajetórias existenciais se cruzem resultando em um romance instigante e eloquente.
O livro é constituído de duas partes e por capítulos nomeados e que se repetem (os nomes) na segunda parte, que me deram a sensação que poderiam ser lidos inversamente, mas, por favor, não façam isso, pois Weiz, na última narrativa, amarra muitos fios soltos, assim como, esclarece às páginas 326, o título original do livro - Great house- e a versão a ele dada- Memórias de nossas memórias, ambos na minha opinião, após fala de Weis, pertinentes. Por meio dos capítulos conhecemos histórias e dramas vivenciados por várias personagens, dramas estes, que afetam de modo negativo àqueles que o cercam: da solitária Nádia, a escritora nova-iorquina que detém a posse da escrivaninha por 25 anos, do ressentido e arrependido Aaron- o senhor israelita pai de Uri (com quem tinha afinidade) e do introvertido e sonhador Dov, o jovem que, para suportar a dor de ter sobrevivido à Guerra do Yom Kippur, se impôs o exílio voluntário o que só fez aumentar o abismo existente entre pai e filho, da hermética escritora que escondia um doloroso segredo Lotte, e da jovem Izzi que, ao se apaixonar por Yoav, irmão de Leah, irmãos que mantinham uma ligação simbiótica, passa viver às suas sombras.
Solidão, dores, segredos, morte são temas recorrentes nos romances, mas que se apresentam de forma inusitadas pelas tintas de Nicole Krauss - por meio de metáforas como um tubarão branco ligado por fios,a pesada escrivaninha com suas inúmeras gavetas sendo que uma se manteve fechada por 66 anos, a mulher que beijava o chão chorando, ela nos passa mensagens subliminar que nem sempre me foi possível captá-las. Há ainda a aparição de Daniel Varsky que confere um ar misterioso ao romance. Um romance que me deixou feliz por eu ter insistido na leitura, por eu ter dado uma nova chance não a Nicole Krauss, mas a mim mesma, mesmo se tratando de um romance que, excetuando o vislumbrar do futuro de Izzi e Yoav, não concede redenção .
O livro me deixou a sensação de que alguns fios não foram devidamente amarrados, ou talvez fosse melhor dizer que surgiram algumas cartas fora do baralho, que me fizeram avaliá-lo com 4 estrelas, contudo, esperançosa de que em uma futura releitura eu possa avaliá-lo com 5 estrelas.
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Arsenio Meira 04/04/2014

O Romance dos romances contemporâneos

Um romance poderoso e arrebatador sobre uma escrivaninha roubada, que guarda segredos e se torna uma obsessão para os que a possuíram. Personagens diversos, verborrágicos (no melhor sentido do termo) permeiam os espaços descontínuos da ação , do espaço e do tempo. Não sabemos bem para onde vamos. Krauss, jovem romancista cujo talento despertou a atenção do genial Philip Roth, construiu um labirinto fictício impressionante. O livro pode soar indigesto para alguns e não há qualquer demérito nisso. Afinal, " o leitor é o sujeito mais livre do mundo", como decretou definitivamente o nosso Nelson Rodrigues.

O romance não se organiza cronologicamente; personagens entram e saem a todo vapor, e consequentemente, a trama, episódios temporais e as cenas mudam a casa capítulo. Obviamente, todo o livro reclama atenção. Esse pede mais. Porém ,retribui mais. No final, tudo se justapõe, os acontecimentos se aproximam e o prêmio de Nicole Krauss, dentre outras virtudes, encontra-se na ausência completa de malabarismos para o desfecho. Não há uma linha sequer para situações inverossímeis. Uma romancista americana solitária passa vinte e cinco anos escrevendo numa escrivaninha que herdou de um jovem poeta desaparecido no porões demoníacos da polícia secreta de Pinochet. Certo dia, uma jovem que se diz filha deste poeta aparece inusitadamente, com o propósito de recuperar a peça. A vida desta escritora transtorna-se por completo. No outro lado do oceano, em Londres, um homem descobre um terrível segredo sobre a mulher com quem vive há quase cinquenta anos. E as páginas começam a fluir e cada capítulo é um labirinto, uma saga de dor, perda e poesia.

Em dado momento, estamos em Jerusalém, onde um comerciante de antiguidades reconstitui lentamente o escritório do pai, pilhado pelos nazistas em Budapeste, em 1944. Estes mundos tem como âncora a escrivaninha de enormes dimensões, que exerce um grande poder, como se fora o próprio destino, sobre quem a possui ou quem dela se desfaz. Na mente daqueles a quem pertenceu, representa tudo o que desapareceu no caos do mundo - filhos, pais, povos inteiros, civilizações.

"A Memória das Nossas Memórias" é uma história que empareda o leitor entre duas perguntas: O que é que transmitimos aos nossos filhos e como é que eles absorvem os nossos sonhos e perdas? Como podemos responder ao desaparecimento, à destruição e à mudança? As perguntas encontram respostas, com espontaneidade, ainda que a dor e solidão andem fielmente de braços dados, colhidas pela ventania que o livro parecer jorrar nos olhos do leitor. A sensação é de espanto, pois as palavras espancam todo e qualquer significado estéril. É um romance que aborda tudo. Formação, vida, destino, amor, abandono, remorso e solidão. E, se o estilo adotado por Nicole Krauss é um tanto quanto difícil no começo, essa dificuldade se suaviza com o passar das páginas. Foi o que eu senti.

Se o romance não convoca as bordas e nem superfícies, demite a pretensão de inovar, posto que inova per si, mediante a inauguração de uma lição dada no escuro das imemoriais relações humanas, sempre tão vulneráveis, a ponto de serem desenhadas pelo destino de uma peça (a escrivaninha) onde comumente os escritores manejam sua pena. E por meio dela desafiam o mundo e refletem as pessoas, demarcam a geografia, e nos dão a conhecer intimamente os caminhos e o descaminhos que se arquivam na memória de quem se sabe precário e demasiadamente... humano.
Daniel 04/04/2014minha estante
Parece muito bom, hein?


Renata CCS 04/04/2014minha estante
Mais um para a minha estante!


Arsenio Meira 04/04/2014minha estante
Renata, Daniel e Nanci: vocês sabem tanto quanto eu que a subjetividade é infinita, sem medidas, em matéria de Literatura. Mas esse romance pode, perfeitamente, arrebatar vocês, tal qual como se deu comigo. Abraços.


Paty 11/04/2014minha estante
Sua resenha foi um chamado. Vou ler!


Flávio 11/04/2014minha estante
Eu gostaria de ter escrito essa resenha; essa ficou no ponto. À altura deste romance lírico e doído. Abraços


DIRCE 17/04/2014minha estante
Vou parar de ler suas resenhas. Que covardia! E ainda por cima tem o comentário do Flávio...Ara, ara..


VICKY 08/07/2014minha estante
Parece ser um ótimo livro.


Jayme 15/07/2014minha estante
Gostei. Vou procurar por esta obra.


Joy 21/07/2014minha estante
Fascinante resenha!


Arsenio Meira 21/07/2014minha estante
Oi Joy, obrigado por suas palavras generosas. Espero que gostes deste belo romance. Abraços


Flávia 27/01/2015minha estante
ótima resenha!, o livro não foi td isso para mim, achei a trama bem escrita, só isso. Não me passou nenhuma emoção, qse nenhuma reflexão. Msm assim indico, em matéria de qualidade literária, é um bom livro.


Arsenio Meira 04/02/2015minha estante
Oi Flávia,
Obrigado pelo comentário. Há que se valorizar - sempre - uma discordância elegante e sincera como a sua.
Abraços do
Arsenio




Carla 22/06/2012

Brilhante!
Este livro é sensacional! Um dos melhores que já li. Tem razão do Philip Roth ao elogiar a escritora. É de uma profundidade que lembra muito Sandor Marai, mas ela mantém a corda tencionada o tempo todo. Incrível.
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