letícia 28/02/2022
esse livro me surpreendeu. não é o meu primeiro contato com o autor, o que contribuiu para a quebra de expectativas. enquanto em "o capote", conto ambientado no grande centro urbano de são petersburgo, gogol critica vários aspectos da sociedade cosmopolita russa, como o excesso de individualidade, de avareza e de burocratização, em "tarás bulba" nos é apresentado o modo de vida cossaco, oriunda dos cossacos, povos militarizados que valorizavam, sobretudo, a arte da guerra, a bebida e os ideais de coletivo e camaradagem. gogol consegue ser muito diversificado nesse quesito; se eu não soubesse de antemão nunca diria que ambas as obras foram escritas pela mesma pessoa! são estilos e abordagens completamente diferentes. de modo geral, é uma história simples, sem tramas muito complexas, mas que te prende e te faz querer descobrir como tudo aquilo vai se desenrolar. é como acompanhar uma novela "medieval" tal qual o cinema costuma retratar esse período histórico, apesar de não saber dizer com precisão em que época o enredo se passa. contudo, é importante frisar alguns pontos que me incomodaram. o primeiro deles é a forma como a mãe é esquecida no final da história, não chegando nem a ser mencionada. acho que valia a pena mostrar como ela se sentiu com tudo o que aconteceu. o segundo é o antissemitismo presente na obra. a intenção do autor ao retratar o povo judeu do modo que fez ficou meio dúbia para mim. não tenho certeza se foi posto ali como uma crítica / representação da mentalidade da época ou se aquela era realmente a forma como o autor enxergava o povo judeu. mas considerando o contexto, estou mais inclinada a acreditar na segunda opção. por fim, o personagem que mais gostei foi o irmão mais novo, andrei. ele é tãão emocionado, simplesmente viciado em amar! senti muito pelo fim que ele teve. acho que o livro também traz algumas boas reflexões, como a oposição entre velhice e juventude.