Amanda Mazzei - Expresso de Ná 29/10/2014
Vamos olhar para a literatura do nosso país!
Há autores nacionais que mereciam sim toda a fama que vemos gringos das grandes sagas épicas receberem (E olha que estes gringos são mestres, hein?). Então, eu começo a resenha dizendo: valorizem os autores do nosso país, eles são incríveis! Eric Musashi me surpreendeu neste último volume da dualogia sobre uma terra que para muitos, estava perdida.
E não faltaram os clássicos elementos de uma boa fantasia: uma mitologia e cultura próprias (muito bem desenvolvidas), jornadas épicas, jogos de poder, criaturas "mágicas", transformação de personagens, e NENHUMA hesitação em se desfazer dos mesmos (risos). Tudo isso com muuuuuita informação, sem precisar "encher linguiça" em nenhum momento (ainda bem!).
Uma das coisas mais legais neste último volume, é que quando você pensa que já acabou a história, não há o que inventar, é surpreendido com novos conflitos e situações que parecem impossíveis de resolver. E para isso temos sempre Téoder e Arion, pai e filho que têm uma inclinação a salvar o mundo muito grande.
Falando nos personagens, cheguei a ficar bem triste. Poxa Eric, você matou tanta gente legal! :(
Apesar dessa tristeza, o que podemos fazer se as mortes foram necessárias pro desenvolvimento da trama? Para que Arion descobrisse quem realmente é, e a sua verdadeira missão (bem messiânica), foi preciso que muitas pessoas partissem dessa pra uma melhor. Inclusive até, algumas que acreditamos que ficariam com Arion até o fim...
E isso é um reflexo de vida até. Quantos pequenos sacrifícios diários não são precisos para que se atinja um bem maior? O povo de Grabatal passará por algo que muitas nações do nosso mundo passaram. Arion será o herói, o revolucionário, aquele que permitirá que um sistema ruim caia e o povo seja livre. Para isso ele terá que se lapidar e desprender de todos os males do seu coração. Então temos um comparativo: Quem poderá reconhecer o antigo menino rebelde, impulsivo, e com ódio do que a vida lhe reservou depois de se tornar este novo homem: sábio, paciente, desprendido, e que tem a vida apenas como propósito de ajudar?
Téoder é como um Ned Stark (vamos dizer assim para você, fã do R. R. Martin, ter uma ideia) e este é um dos motivos para ser meu personagem preferido. Ele nunca comete injustiças, e apesar de o Béli-Mor estar no poder junto com tantas pessoas corrompidas, ele não deixou que o mesmo acontecesse a ele. É o espelho para seus homens, e também o porto seguro deles, em quem podem confiar. Porém, apesar de Anvaiú, ele também é um homem, sujeito a cometer erros, como todos nós. Arion não podia ter um pai melhor.
Este é um livro de jornadas, de batalhas, de exércitos. Vemos aquela coisa toda crescer, que começou com uma revolta de jovens em Jatitã, lá no primeiro livro. Tem até dragões! Isso mesmo, DRAGÕES! Todas as cidades se reúnem com seus bélis, imanes, e telapuros para executar com sucesso a missão de desbravar terras até então desconhecidas e trazer glória para o reino de Atala. Porém, não vai ser bem como eles pensam. Sua querida rainha não é tão querida assim.
Falando na rainha, ela foi uma personagem desenvolvida muito bem. A Quetabel é aquela mulher ambiciosa, que sempre quis ascender. Ao mesmo tempo que mostra uma face altiva, poderosa, bela, e certa da verdade... É por dentro fraca e medrosa. De objeto de ódio no primeiro livro, passa pra frágil marionete no segundo. Não sei, de alguma forma ela me cativou, mesmo fazendo todas as escolhas erradas.
Concluindo, eu quero recomendar Os Herdeiros Dos Titãs para você que gosta de fantasias épicas. E para você que também não gosta, pois pode passar a gostar facilmente de um gênero tão legal :)
Este segundo e último livro superou todas as expectativas que eu tinha depois de ler o primeiro. Foi como ter visto o iceberg todo, e não só a ponta...
Parabéns ao autor, e ao nosso Brasil que tem tantos talentos guardadinhos dentro do seu território continental!
site: http://www.expressodenarnia.com/2014/10/os-herdeiros-dos-titas-ii-mao-do.html