Rayssa =) 13/05/2020
Altos e baixos da escrita, altos e baixos da vida
Finalmente eu terminei de ler este livro da Marina Colasanti. Depois de muitas stories e leituras compartilhadas por whatsapp, ontem ele foi finalizado com sucesso (ah, e como é boa a sensação de ler um livro de capa a capa! Não?).
Bem, "Um espinho de marfim e outras histórias" não é a primeira obra da autora que eu li, antes teve o "Contos de amor rasgados" (sensacional esse título, né?), que me foi emprestado pela Danielle Bertulucci, anos atrás. Lembro-me de que ela o adquiriu em uma loja de R$ 1,25 (aquelas com preço único), em Rondonópolis. Essa lembrança me dá um calorzinho no peito, afinal, livros carregam histórias que transcendem as páginas; e reforça a minha convicção de que um livro não tem preço, ele tem valor.
Na época, gostei bastante do livro, tanto que, anos depois, em 2014, comprei o livro do qual vou falar nesta oportunidade (o da foto abaixo). O coitado ficou na estante ao lado de outros que eu considerei mais relevantes, interessantes ou que tinha que ler por obrigação. Tínhamos uma relação casual, intermitente, eu lia um conto ou outro, e devolvia para a estante. Contudo, nesta pandemia, propus-me a lê-lo na íntegra, de relacionamento casual, me dediquei a um relacionamento sério, com direito a falar dele para os amigos (Vinicius e Priscila) e de “gritar” meus sentimentos para o mundo através de stories.
Depois de muito amor pela leitura, altos e baixos, pus fim a essa relação. Mas calma, gente, não se preocupem, eu estou bem com essa ruptura, já tenho outros livros incríveis na minha lista. Contudo, antes de dar início a outro, resolvi compartilhar minhas impressões sobre "Um espinho de marfim e outras histórias".. Vou tentar ser breve (apesar de já estar no quarto parágrafo).
Em poucas palavras, trata-se de um livro de contos de literatura fantástica (e aqui não estou adjetivando a escrita da autora como se fosse “sensacional”, na verdade, refiro-me ao gênero literário) publicado pela primeira vez em 1999.
As narrativas ficcionais dos contos estão centradas em elementos não existentes ou estranhos à realidade. O encantado e o mágico, aparecem... e o absurdo e o inusitado também! As personagens? Reis, princesas, sereias, animais... os quais entram em contato com objetos ou situações “não usuais”, com desfechos curiosos.
De forma geral, a maioria dos contos trata de questões voltadas para o feminino (tanto para a dor quanto para o seu empoderamento), o amor e a morte. Alguns até podem ser chamados de microcontos, devido a sua curta extensão (às vezes um único parágrafo). Vários deles foram muito bem escritos, sendo notória e perene a riqueza vocabular de Colasanti, o que me faz inferir que, antes de escritora, ela é, também, uma boa leitora. Os títulos para cada conto são bem perspicazes, daqueles que não entregam, mas atiçam o leitor, o que considero um ponto muito positivo para um livro de contos.
Em contrapartida, creio que não raras vezes a escrita de Marina Colasanti não é muito fluida, sendo até mesmo truncada e estranha de se ler. Além disso, apesar de reconhecer a criatividade da autora, em muitos momentos eu senti que, apesar de a ideia inicial ser muito interessante, a execução dela em muitas ocasiões foi “decepcionante”; seja porque a narrativa seguiu para um viés desinteressante, seja porque o conto não teve uma boa finalização.
Diante dessas observações, considero que seja uma leitura válida, mas oscilante. Explico: haverá contos muito bons e outros nem tanto. Talvez seja uma boa representação da nossa vida, cheia de altos e baixos, repleta de bons inícios e más finalizações (quase um mar de ilusões literárias). É um risco que todo escritor corre, ao se propor escrever em quantidade e de forma fragmentada.
Acho que já está longo demais, vou finalizar, não finalizando... Obrigada a quem leu até aqui.