Andreia Santana 16/06/2012
No meu tempo de estudante era assim...
Retratos da Escola, que reúne contos e crônicas de autores diversos, além de um trecho do clássico romance O Ateneu, de Raul Pompeia, promete – e cumpre – um passeio pela vida estudantil e o seu entorno. O livro é um prato saboroso para os nostálgicos, mas não fica devendo aos leitores mais jovens, igualmente conquistados por sua atmosfera de diário coletivo que transcende a barreira do tempo. Pena que seja tão curtinho!
A coletânea, organizada por Adriano Macedo, que também contribui com uma história contemporânea, de sua autoria (A prova de matemática), começa com o igualmente clássico Conto de Escola, de Machado de Assis, do século XIX; mas faz um passeio por períodos diversos. A história de Branca Maria de Paula, Pisando Leve, é ambientada em um internato só de moças, com um perfume de anos 50/60. A figura das normalistas de riscadinho azul remete às memórias de nossas mães e avós.
Igual, só que diferente - Ao ler as histórias de Retratos da Escola, a sensação de familiaridade – “estudante é tudo igual, só muda de década” -, torna a leitura confortável. Mas, embora a cultura estudantil seja uma espécie de marco comum a todas as épocas, há uma grande diversidade não só de tempo e lugar, mas do estilo de escrita dos escolhidos para figurar na coletânea.
Essa diversidade dentro de uma cultura idealizada e aparentemente uniforme como é a dos tempos escolares, faz com que em cada página se revele uma grata surpresa para o leitor. O livro é um rico mosaico, ou “álbum de retratos” que reforça a memória coletiva e, em muitos casos, saudosa. Um suspiro nos escapa: “no meu tempo de escola era assim...”
Entre os contos, tem para todo gosto. Alguns são cativantes, outros engraçados, irônicos ou, ainda, líricos. O organizador teve o cuidado de escolher autores de escolas literárias e épocas diferentes, mas que sutilmente tem em comum uma espécie de aura de sensibilidade que reúne as peças do mosaico em um todo harmônico.
É de fato como folhear um livro de recordações - ou um daqueles anuários escolares - em que umas memórias são doces, outras agridoces, algumas até meio aborrecidas (mico se paga em qualquer tempo), mas todas dignas de ser lembradas.