Rayuela

Rayuela Julio Cortázar




Resenhas - Rayuela


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Rafaela 25/07/2022

"Probablemente de todos nuestros sentimientos el único que no es verdaderamente nuestro es la esperanza. La esperanza le pertence a la vida, es la vida misma defendiéndose." P. 183
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Marina 09/08/2021

Caquinhos narrativos
Ler "O jogo da amarelinha" de Cortázar foi uma experiência desafiadora que eu recomendaria apenas para quem realmente quer passar por ela.

O livro está dividido em 155 capítulos e o autor propõe duas formas de leitura: ler apenas do capítulo 1 ao 56, de forma tradicional ou ler todos os 155 capítulos, na ordem recomendada pelo autor (onde o livro começa pelo capítulo 73).

A grande sacada é que, no final de cada capítulo, há uma indicação de qual deve ser lido a continuação, de forma que o leitor vai avançando e retrocedendo na narrativa, como se estivesse pulando amarelinha. Desta forma, o que vem após o capítulo 56 serve como complemento do livro principal, uma forma de adentrar mais naquele universo e conhecer detalhes e reflexões sobre as personagens e aquilo que discutem.

A ideia é muito massa, mas o problema da obra é que ela é excessivamente experimental (para o meu gosto, claro). Alguns capítulos possuem dezenas de páginas, outros têm apenas um parágrafo; vários capítulos estão cheios de citações em francês e/ou inglês; alguns capítulos possuem palavras completamente inventadas; um capítulo contava duas histórias ao mesmo tempo (uma história se desenvolvia nas linhas pares e outra história nas linhas ímpares)... Com tudo isso, não é uma narrativa fácil de acompanhar. Por vezes é enfadonha e até mesmo propositalmente nonsense.

A obra acompanha o argentino Horacio Oliveira em dois momentos: enquanto está morando em Paris e quando volta a Argentina.

Em Paris, Horacio se envolve com a uruguaia Lucía (la Maga). Lá, longe de trabalhar, sua maior preocupação é se reunir com o Club de la Serpiente, un grupo de intelectuais chatos que adoram ouvir jazz e discutir um escritor chamado Morelli.

A relação de Horacio e la Maga é complexa e de longe a parte mais interessante do livro. A dinâmica entre eles é bem particular (até mesmo inventam um idioma, o glíglico) e os seus encontros e desencontros exemplificam bem como algumas relações amorosas podem ser complicadas.

Ao contrário de Horacio, que assim como seu clube, é insuportável, la Maga é uma mulher forte e bem inteligente. Embora seja vista como ignorante pelo clube, algumas reflexões trazidas por ela são bem significativas. É fácil se indentificar com a personagem, pela sua história de vida, seu amor por Horacio e pela sua relação com o filho Rocamadour (a carta que escreve para a criança, no capítulo 32, é uma das partes mais lindas da obra).

Além de tudo isso, Lucía era como uma intrusa nas reuniões do clube. Ela só ficava ali, acompanhando, tentando absorver os conteúdos e querendo entender o que estava sendo discutido. Ler "O jogo da amarelinha" é exatamente isso: tentar dar um sentido aos caquinhos narrativos.

Quando Horacio volta pra Argentina, continua sendo insuportável, mas agora inferniza a vida do amigo Traveler e sua esposa, Talita. A relação estranha (e meio doentia) entre eles é curiosa, mas revela bem a instabilidade de Oliveira. Um dos pontos mais angustiantes do livro é justamente toda essa melancolia após o acontecido com Rocamadour e o desaparecimento de Lucía. Isso faz Horacio enxergar la Maga em todos os lugares, até mesmo na esposa do amigo.

No geral, não sei se repetiria essa leitura. Com certeza é inovadora e inesquecível, mas densa de mais e tão cheia de referências a personagens, músicas e obras cults que fica difícil não achar o livro pedante, confuso e desinteressante.

A narrativa está feita em fragmentos e é justamente isso que levo da obra: fragmentos, pequenas reflexões, anedotas, imagens mentais e trechos que aqui ou ali me fizeram sorrir ou pensar.

"Oliveira se apoderó de la mano de la Maga y le contó atentamente los dedos. Después colocó la piedra
sobre la palma, fue doblando los dedos uno a uno, y encima de todo puso un
beso. La Maga vio que había cerrado los ojos y parecía como ausente.
«Comediante», pensó enternecida".

" ?Yo no me sé expresar ?dijo la Maga secando la cucharita con un trapo
nada limpio?. A lo mejor otras podrían explicarlo mejor pero yo siempre he
sido igual, es mucho más fácil hablar de las cosas tristes que de las alegres.
[...]
?Lo que pasa ?dijo la Maga, revolviendo la leche sobre el calentador?
es que la felicidad es solamente de uno y en cambio la desgracia parecería de
todos".

"Y pensábamos en esa cosa increíble que
habíamos leído, que un pez solo en su pecera se entristece y entonces basta
ponerle un espejo y el pez vuelve a estar contento...".

"?A mí me pareció que yo podía protegerte. No digas nada. En seguida me
di cuenta de que no me necesitabas. Hacíamos el amor como dos músicos que
se juntan para tocar sonatas.
?Precioso, lo que decís.
?Era así, el piano iba por su lado y el violín por el suyo y de eso salía la
sonata, pero ya ves, en el fondo no nos encontrábamos. Me di cuenta en
seguida, Horacio, pero las sonatas eran tan hermosas.
?Sí, querida.
?Y el glíglico.
?Vaya".

"?Ah, vos querés decir por qué todo esto. Andá a saber, yo creo que ni vos
ni yo tenemos demasiado la culpa. No somos adultos, Lucía. Es un mérito pero
se paga caro. Los chicos se tiran siempre de los pelos después de haber jugado.
Debe ser algo así. Habría que pensarlo".
Lane 11/08/2021minha estante
Quando Horácio volta pra Argentina, continua sendo insuportável" ???

Sobre os capítulos fora de ordem: caso um dia eu escreva um livro, será assim! Mas sem a loucura de duas história diferentes nas linhas pares e ímpares.


Marina 18/08/2021minha estante
Isso de escrever fora de ordem é sua cara. Não sei dizer o porquê, mas combina com vc hahaha


Lane 20/08/2021minha estante
Me senti lisonjeada agr




Pandora 07/08/2021

O céu não é o limite
Li O Jogo da Amarelinha na adolescência, numa edição do Círculo do Livro que não tenho mais. Agora, sendo o livro do mês de um grupo do qual participo, resolvi relê-lo, desta vez em espanhol. As únicas duas coisas das quais eu me lembrava eram: que eu havia lido na ordem sequencial e que eu tinha gostado muito do livro.

A narrativa é dividida em três partes:
Do lado de lá;
Do lado de cá;
De outros lados (capítulos prescindíveis).

A primeira grande proposta desta leitura é envolver o leitor na trama. Por isso, são sugeridas duas possibilidades de leitura: 1. ler os capítulos em ordem (podendo terminar no 56 ou seguir até o 155) ou 2. seguir um diagrama de leitura que começa no capitulo 73 e no qual se vai saltando de um capítulo para outro que é indicado ao final do anterior.

Do lado de lá:
O personagem principal do livro é Horacio Oliveira, um argentino vivendo na França dos anos 50. Oliveira é um intelectual que não tem um trabalho fixo, pois seu maior interesse são as discussões do Clube da Serpente, um pequeno grupo formado por artistas plásticos, músicos e escritores que passam largos períodos ouvindo música e discutindo filosofia, literatura, ciências e outros temas. A companheira de Oliveira, Lucía, mais conhecida como Maga, é uma uruguaia que tenta a carreira de cantora e, que considerada intelectualmente inferior aos membros do clube, participa de uma forma mais passiva dos encontros, uma vez que mesmo não a considerando apta a participar das discussões, a maioria lhe tem simpatia. Um dos principais assuntos do clube é um escritor chamado Morelli, que propõe uma revolução linguística na literatura e cujos textos aparecem em alguns capítulos da trama.

Maga tem um filho que ela deixou aos cuidados de uma babá no campo, mas que é trazido para viver em Paris com ela e Horacio quando adoece. A vinda do bebê causará uma grande mudança.

Do lado de cá:
Na Argentina, Horacio vai morar com a ex-namorada Gekrepten, enquanto mantém uma relação obsessiva com Manolo Traveler, um amigo de infância, e sua mulher Talita. Horacio vê a si mesmo em Traveler e vê Maga em Talita. Ao mesmo tempo que Traveler não se sente bem na companhia de Oliveira, não consegue afastá-lo e até arruma um emprego para ele no circo onde trabalha com a mulher. Quando o dono do circo o vende e compra um hospital psiquiátrico, Traveler, Talita e Oliveira vão trabalhar no hospital. E é lá que o desequilíbrio emocional de Oliveira fica mais evidente.

De outros lados:
Esta parte é composta de capítulos prescindíveis, segundo o autor, com matérias adicionais como os textos de Morelli, fragmentos de livros, citações, mas que trazem alguns esclarecimentos que são interessantes para quem quer se aprofundar na leitura.

Denominada pelo próprio Cortázar como contranovela, esta obra genial e inovadora é um desafio interessantíssimo, um tanto cansativa nas inúmeras citações em francês e inglês e introdução de dezenas de personalidades mencionadas (a não ser para os iniciados), mas que ao longo da narrativa vai se tornando mais e mais envolvente e enigmática. Valem muitíssimo: a leitura e a releitura. Vale chegar ao Céu da Amarelinha.
Marina 09/08/2021minha estante
Não é nada fácil falar de um livro como esse... Achei sua resenha maravilhosa!


Pandora 09/08/2021minha estante
Puxa, Marina, muito obrigada! :)




Henrique_ 20/12/2020

Experiência de leitura difícil, mas... ...
... válida a depender do ânimo do leitor em se aventurar em uma temática árida. Confesso que por vezes desanimei, mas resisti pela curiosidade e pela perplexidade. O leitor se depara com duas opções de leitura ao iniciar o livro. Pode escolher lê-lo da maneira convencional ou da maneira sugerida pelo autor com base em uma tabela de capítulos dispostos aleatoriamente, como num jogo de amarelinha, o que me impediu de ter uma noção do meu progresso na leitura (leio em e-book). E assim se tem acesso a diálogos profundos, hiperintelectuais, que procuram exatamente, como relata o autor em algumas de suas cartas ao final do livro, questionar o excesso de racionalidade em detrimento de outras possibilidades humanas. Livro feito para ser denso e difícil, para ser sentido, exatamente como espera Cortázar.
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