denis.caldas 07/09/2020A moral da liberdadeA medida que vou lendo mais livros, percebo que cada um deles parte de um pressuposto, que permeará toda a leitura. E eu acredito que, quando sabemos a base da hipótese do livro que vamos ler, facilita e clareia as ideias, daí você poderá entender qual a lógica apresentada.
Por exemplo, quando você ler um livro de Karl Marx você deve ter a noção de que ele parte do pressuposto que a propriedade é um roubo (como Proudhon) e que "a historia de todas as sociedades existentes até hoje é a história das lutas de classes." (pg. 33 de Manifesto do Partido Comunista, editora Martin Claret, 2014). Daí ficará mais fácil para você entender a lógica aí proposta, e saberá se aceita aquilo como uma verdade por causa da lógica ou por causa da ideia principal, do motor que movimenta o livro.
"A Lei", de Frédéric Bastiat, é o panfleto antagonista ao "Manifesto Comunista", porque ele parte da pressuposição de que são direitos inalienáveis da humanidade a propriedade, a liberdade e a vida. Sabendo disso, basicamente, você entenderá a lógica de A Lei, quer a aceite ou não como uma verdade apresentada.
Mas por que toda essa churumela minha para falar desse livro denominado "O que se vê e o que não se vê.", também de Bastiat? Porque para melhor entendê-lo, se faz premente ler antes A Lei, não só por isso, mas para o seu prazer ser maior. Nada melhor do que ir lendo e compreendendo a lógica apresentada, além de ver a aplicação no dia-a-dia daquilo que Bastiat apresenta, tão atual mesmo depois de 150 anos.
E parafraseando o Posfácio por Henri Lepage, Bastiat se faz urgente porque ele derruba uma coisa importante que é evocada sempre em uma discussão entre progressismo e liberalismo: a moral. Hayek é bom, porque prova que a utilidade da liberdade é melhor do que a centralização do poder, mas Bastiat é melhor, porque ele mostra a moralidade da liberdade, como um direito que querem tirar de cada um de nós cada vez mais, por causa de um "bem maior" que "beneficiará a todos", mas o que somente se vê é um projeto de poder e perpetuação deste poder. Imprimir dinheiro e distribuir via aplicativo da Caixa Econômica Federal é o que se vê; a inflação do preço dos alimentos básicos gerada por isso é o que não se vê.
Como diz Jordan B. Peterson, "Se cada um de nós viver corretamente, prosperaremos coletivamente."