Muitas coisas que perguntei e algumas que disse

Muitas coisas que perguntei e algumas que disse Rosa Montero




Resenhas - Muitas Coisas que Perguntei e Algumas que Disse


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Pri | @biblio.faga 21/04/2022

?(?) Estes disparates de carnificina acontecem com muita freqüência; os humanos se degolam, e subjugam, e torturam uns aos outros impelidos por projetos megalômanos que, em seguida, se tornam impossíveis, ou por idéias fanáticas que acabam sendo irrelevantes. Tenho para mim que grande parte do sofrimento do mundo é originada pela estupidez das pessoas. Pela falta de flexibilidade intelectual, pela intolerância e pelo dogmatismo. E só ver o exemplo dos integrantes do ETA para calibrar os estragos que produz uma mentalidade petrificada.
E quão poderosa é a tentação da estupidez. Como é atraente a preguiça mental, o deixar que os outros pensem. O fato de aderir a um grupo ideológico, ou ao critério convencional e dominante, e não voltar a aplicar meio minuto de reflexão sobre as coisas.? (p. 219)

?Mas nós, humanos, não somos deuses, e sim pessoas diminutas e frágeis que podem se quebrat, se equivocar, se trair. O caso de Morel é especialmente fascinante porque põe em questão um dos grandes álibis morais dos humanos: o direito que, supostamente, outorga o sofrimento. Frequentemente, as pessoas que sofrem consideram que essa dor justifica os seus atos, isto é, qualquer tipo de ato; que o dano as coloca para lá da responsabilidade ética. Mas eu acho que não há nada que autorize a perversão moral. O sofrimento explica o comportamento das pessoas, mas não o justifica.
O ser humano não controla o que lhe ocorre na vida: somos marionetes do acaso, papéis amassados que o vento faz rodar. Mas o que, sim, controlamos é a maneira como respondemos àquilo que nos acontece. Às vezes, as circunstâncias que a vida lhe obriga a viver são tão extremas que o leque da nossa escolha é muito pequeno, mínimo. Mas, por menor que seja, sempre há uma possibilidade de escolha; e, nessa diminuta liberdade, nessa opção, julgamos a nossa dignidade e a nossa humanidade. Essa escolha é o que nos faz ser pessoas.? (p. 229)
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