Coruja 15/08/2019Não consigo me lembrar exatamente o motivo pelo qual esse livro me chamou a atenção - talvez tenha sido só pelo título, ou por indicação em alguma lista. Seja como for, ele estava há tempos na lista de desejados, até que aproveitei uma daquelas promoções de desconto progressivo para enfiá-lo no meio das compras. Comecei a ler praticamente no momento em que o tirei da caixa e terminei no dia seguinte, mal conseguindo largá-lo para ir dormir.
Conclusão: se tivesse descoberto esse livro antes de escrever o ensaio sobre minha biblioteca crítica, ele definitivamente teria entrado na lista.
David Lodge escreveu esses artigos originalmente para uma coluna semanal no The Independent, publicada entre 1991 e 1992. São artigos curtos, de três a cinco páginas, iniciando sempre com um trecho de uma obra escolhida por Lodge para exemplificar o tema do dia; temas que variam de elementos comuns à toda ficção - começo e fim, pontos de vista - a escolas literárias, passando por técnicas características de alguns autores consagrados - Virginia Woolf e o fluxo da consciência, por exemplo.
Sendo um professor de literatura, Lodge é bastante didático, explicando termos técnicos e referenciando outras obras e autores com que se aprofundar (Tzvetan Todorov já estava na minha lista, mas agora fiquei ainda mais curiosa…). Ele peca um pouco pela autopromoção, que chega a soar forçada em alguns capítulos, mas não acho que isso tire o mérito do livro. Cada um tem de vender seu peixe, afinal…
Na verdade, meu maior ‘senão’ ao livro foi mais uma questão da edição que do conteúdo: encontrei-o apenas em versão de bolso e, normalmente, não tenho problemas com livros pocket, mas a letra desse aqui era muito pequena. Isso tornou a leitura um pouco desconfortável - talvez eu tivesse largado o livro com uma dor de cabeça se não tivesse ficado tão absorvida pelos ensaios.
Ao fim, A Arte da Ficção é um bom livro para começar a entender crítica literária e também como apresentação de certos recursos para quem se interessa por escrever. Lodge é técnico sem se tornar indecifrável e pode funcionar como uma base para construção de outros debates e pesquisas. Não se compara ao James Wood - que me deixou apaixonada com Como Funciona a Ficção - mas serve ao propósito de introdução ao universo da crítica.
site:
https://owlsroof.blogspot.com/2019/08/uma-introducao-critica-arte-da-ficcao.html