Raquel
13/06/2022O Homem do Castelo AltoEm 1962, vemos uma realidade distópica: Alemanha e Japão venceram a Segunda Guerra Mundial e agora vivem uma guerra fria pela dominação mundial. A história se ambienta EUA dominados pelos vencedores da guerra: o oeste é dominado pelos japoneses (Estados Aliados do Pacifico), o leste é dominado pelos alemães e nos Território das Montanhas Rochosas existe uma certa neutralidade, mas Japão e Alemanha agem livremente neste território.
Vários personagens vão nos mostrando suas visões deste mundo, como lidam com essa realidade: os poucos sobreviventes judeus se escondem mudando de identidade, os negros foram dizimados e escravizados, os japoneses ficam obcecados por objetos da cultura americana do passado e os alemães estão explorando o espaço.... No começo é bem confuso, mas aos poucos você vai construindo a imagem deste mundo distópico.
Todos os personagens consultam o I Ching em busca de alguma orientação. Cada um dos 5 personagens principiais está em busca de algum objetivo que dê sentido a suas vidas. Juliana Frink é o único personagem questionador, insatisfeito consigo mesmo, mas ao mesmo tempo sem saber o que fazer diante de um mundo que lhe é estranho. Todos os outros personagens de uma forma ou outra se encaixam dentro daquela existência. Não há uma evolução extraordinária nos personagens: apesar de serem levados ao limite, principalmente Juliana, eles não desejam sair deste mundo.
Acho que a proposta do autor era mostrar como a realidade pode ser distorcida e todas as histórias podem acontecer de forma diferente. Tanto que ele colocou uma utopia dentro de sua distopia: na história vários personagens se interessam por ler o livro “O gafanhoto torna-se pesado”, cujo autor é conhecido como “O Homem do Castelo Alto”, e que conta uma história alternativa, na qual os Aliados venceram a 2°GM e EUA e Inglaterra dividem o mundo, que se torna um lugar melhor, onde as pessoas vivem bem e em prol de ajudar o próximo, uma sociedade mais igualitária. Livro que obviamente é proibido nos territórios dominados pela Alemanha...
Quando Juliana Frink, uma das personagens, encontra o autor do livro, ele revela que não existe algo melhor ou pior. O ser humano é altamente adaptável ao seu meio, mostrando que o ser humano é frágil e se condena a viver aquilo que lhe é imposto, adaptando-se a qualquer estilo que o faça sobreviver.
Não espere grandes emoções ou ação, é um livro para se refletir sobre política, governos autoritários, liberdade de expressão, opressão e a forma que nossas vidas são conduzidas.
Gostei bastante e leria novamente.